Família perfeita
Pendurado como um saco de batatas...
Era assim que Miguel Antônio se encontrava. Enquanto se acordava viu tudo de cabeça pra baixo e não sentia suas pernas que tanto te ajudavam. Prestou mais atenção ao redor e se defrontou com uma cena de horror. Um de seus filhos estava caído ao chão, e em suas costas estava riscado:” Conte a todos!”. Isso apavorou Miguel que só precisou se sacudir um pouco pra cair feito jaca podre no chão. Rapidamente foi acolher seu filho que estava desfalecido no chão...não! Já estava falecido! Isso era enlouquecedor para Miguel. Afinal de contas que mal ele fizera para merecer tanto castigo?
Ainda que morto, Miguel resolveu leva r seu filho nos braços...o sangue cobria Miguel do peito ao calcanhares... não sabia bem pra onde ir e que atitude tomar, só sabia que naquele momento não poderia chorar. Continuou caminhando, o corpo do seu filho já apodrecia em seu ombro e chamava moscas e animais de rapina. Ele não iria dar o gosto de perder pelo menos o corpo de seu amado filho. Quando tropeçou e deixou o corpo do seu filho cair por um vão escuro que rapidamente se acumulou de aves de rapina, que logo saíram de lá com vísceras do cadáver. Aquilo era demais para Miguel que quando tentara se levantar escorregou mais ainda para uma possa de lama enorme. Miguel se sentia cansado, mas não era nada comparado ao que ele logo iria perceber...
Algo boiava na lama suja. Na verdade eram muitas coisas boiando: pedaços e inteiros. Ainda era manhã e tudo era claro, mas a água da lama era escura... não! Na verdade era vermelha...Deus! era sangue... Miguel estava banhado numa poça de sangue... de resto dos seus.... Ainda gelado Miguel levanta a coisa preta e cabeluda que boiava na água... Era o seu amigo “Cumpadi José”. Seu rosto estava já apodrecendo, algo do lago havia comido ele. Então Miguel sai rapidamente da possa infernal, aos trôpegos. Ver que sangue suga estão presas ao seu corpo... as arranca com muito sacrifício... E percebe também que algo mais está na água devorando seus companheiros... Horrorizado se distancia do lago e vai procurar uma saída... De um jeito ou de outro tem que encontrar o caminho de casa.... Não há mais ninguém a ser salvo! Logo na frente encontra corpos empalados com estacas rudimentares.... é toda a família de Miguel e de seus amigos que restara mantendo apenas os rostos aterrorizados e aguniosos...
Miguel agora tem raiva!
Não merecia tanto castigo, os outros não mereciam tanto castigo!
Eram todos crentes , uma família exemplar, sem nenhum degenerado ou prostituta em sua família... eram perfeitos! Pensou ele...
“De fato vocês eram uma família tipicamente perfeita!”. Falou uma voz infantil e com tom sádico ao mesmo tempo.... Ele olhara para trás e viu um serzinho do tamanho de seu filho... com uma cabeleira rubra e pés torcidos... usava somente um farrapo para cobrir suas vergonhas... A criatura apontou o dedo para sua cintura... Ele olhara e tinha um pé de coelho, um olho de gato selvagem e a pele de um preá... “Coisas desnecessárias”....pensou de novo!
Depois como um clarão lembrou-se de um dia antes da barbárie.
Ele levara sua laia para a floresta para brincar de caçar... Ensinou aos filhos a atirar com arma de chumbinho, e aconselhou atirar nas árvores assustando os bichos...
Sua mulher pedira uma pele para enfeitar o seu chapéu só naquele instante... Então arrancara da cria uma mamãe preá e ainda viva arrancou sua pele com sorrisos sádicos... Estava indo tudo bem naquele ritual disfarçadamente macabro.... Quando algo o puxou pelo pé, batera sua cabeça no chão e desmaiou...
“Então foi você? Insolente...” Falou o homem transtornado que avançava com fúria sobre a criatura que só assistia... Pisou em algo fofo na terra, uma estaca avança do chão a ele e o atravessa elevando o seu corpo a mais alto que o dos outros... e lá permanece gemendo de agonia...
A criatura se aproxima com o um enorme javali negro, e diz:” É uma cena tão bonita Miguel, sabe que quando vi sua família eu sabia que ia dar um ótimo álbum pra minha coleção... Uma família perfeita... com o seu patriarca perfeito na posição de direito, no topo!”...