Meu avô

Aquele foi um dos dias mais felizes de minha infãncia.

Meu avô chegou em casa bem cedinho, eu ainda estava em meu quarto quando ele apareceu na porta.

Minha surpresa e alegria eram enormes.

Há tempos meu avô não vinha nos visitar, estava um pouco adoentado, pelo menos era o que me diziam.

Mas ele estava ali agora e muito saudável.

E o melhor de tudo é que ele disse que poderia ficar o dia todo.

Achei isso o máximo. Brincamos de futebol de botão, de banco imobiliário, de damas e até xadrez.

Meu avô que me ensinou a brincar com esses jogos.

Depois saímos e fomos a um parque próximo de minha casa.

Ficamos lá um bom tempo, tomamos sorvete e comemos pipoca.

Mas de repente meu avô disse que era hora de irmos pra casa e que ele também iria embora.

Eu perguntei quando ele voltaria. Ele abaixou a cabeça e começou a caminhar olhando para o chão.

Não respondeu.

Voltei a perguntar. Ele me olhou e com os olhos cheios d'água disse que não voltaria e que eu é que iria visitá-lo, mas que ele também não saberia me dizer quando seria.

Segurei bem firme na sua mão, como se quisesse para sempre comigo.

Chegando em casa, meu avô me deu um abraço bem forte e foi embora.

Já era bem tarde já, quase escurecendo.

Após o jantar fiquei sabendo que meu avô falecera naquela manhã.

Ele veio me visitar, ele passou o dia todo comigo, mas sabendo que já havia partido.

Agora entendi o que ele quiz dizer quando falou que eu iria visitá-lo.

Faz muito tempo que isso aconteceu, mas aguardo ansioso o dia em que poderei me encontrar com ele e retribuir o abraço.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 11/07/2011
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T3088640
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