FUTURO SOMBRIO

FUTURO SOMBRIO

“Eu não tinha como saber se minha descoberta mudaria nosso futuro. O que eu sabia é que precisava divulgar esta descoberta. Neste atual ano de 2304 nossos alimentos ainda são derivados do sangue. Sangue humano. Como nossos ancestrais vampiros, porém, usamos apenas, uma propriedade do sangue humano. Descoberta apenas há 200 anos através de estudos feitos em um único vampiro morto, achado no Amazonas, no século 21. Era extraído apenas o sangue humano da propriedade Tensor de tensões que define o estado de tensões num determinado ponto do corpo. Está propriedade não existia sem uma tensão no corpo e por isso os cientistas antigos não a achariam se não fosse retirada na hora certa. O corpo humano precisava passar por uma certa tensão para adquirirmos esta propriedade. Às vezes um susto ou mesmo euforia ou medo. Quase como adrenalina, porém rico em proteínas. Essas mudanças químicas acionadas pela tensão geravam a maior parte dos alimentos para os vampiros. Os cientistas descobriram esta propriedade no sangue humano e perpetuamos a nossa espécie. Mas se os humanos agora vivem mais de 200 anos e se alimentam desta propriedade sanguínea seria difícil acreditar que ainda somos humanos. Se não somos humanos também não somos filhos de Deus... De quem será a Terra então”?

- Abram!!! Abram!!!

- Mas quem será a essa hora?

- Viemos para tomar o que é nosso!!!

- Tummmff Aghhhhh!!!

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- A gravação terminou coronel. É tudo que temos... Fora o corpo com uma estaca enfiada no peito.

- Aquele corpo, Soldado, era de um dos maiores visionários deste mundo moderno. Era amado pelo nosso povo e suas descobertas ajudaram muitos doentes.

- Sinto muito senhor. Eu não sabia que aquele homem era tão importante.

- Ele era também... Meu irmão.

- Senhor isto foi encontrado ao lado do seu corpo...

- Uma rosa? Essa não!

- Alguma pista senhor?

- Pista? Este é o nosso próprio túmulo... A rosa não tem espinhos. E isso só aconteceu uma vez... Antes de Lilith ser expulsa do paraíso... Ela voltou e seus filhos, os demônios, querem vingança...

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O homem se recostou na poltrona e ficou olhando para a janela às escuras, muito embora, não olhasse para lugar algum em específico. Ele ouvira a gravação uma centena de vezes, e ainda assim, acreditava que deixara passar alguma coisa, um indício, pista, o que fosse. O coronel mencionara a nome Lilith e mencionara a palavra demônios, ele fora bastante enfático, inclusive, mas e daí? Lilith pertencia a uma lenda antiga, ou crendice, como prefeririam alguns. Falar em Lilith era o mesmo que falar em Adão e Eva, e em todas as implicações que daí derivavam, e nesse instante, o solo da racionalidade desabava. Tomar aquilo como possibilidade real era, no mínimo, exótico, além de obrigá-lo a adentrar em um terreno pantanoso, onde o conhecimento cético e prático perdia a valia, e a partir daí, qualquer hipótese se tornava factível, por mais fantasiosa que fosse.

O homem balançou a cabeça, se levantou e saiu ao terraço, observando a cidade, distraído. Ele sempre considerara o coronel um homem bastante pragmático e racional, mas agora, colocava em dúvida aquela conjectura. Apesar da humanidade ter adentrado ao século XXIV, e ter cada vez mais conquistado avanços na Ciência e tecnologia, logo após a descoberta da propriedade Tensor, e conseqüente mudança nas pessoas, a lenda da origem dos vampiros por Lilith passou a ganhar força, em breve se transformando em uma religião, mas nunca desconfiou que o coronel fosse simpatizantes dessas crenças. Possivelmente, a morte do irmão o havia abalado muito mais do que transparecia.

O homem olhou para a rua abaixo, se indagando o que pensariam aqueles que ali passam, se soubessem do ocorrido?

- Uma estaca no coração, merda! – praguejou de súbito, por entre os dentes cerrados, contrariado. - Era tudo o que a mídia desejaria, além de minha cabeça em uma bandeja! – completou, em voz alta.

Ele se voltou devagar, sentando-se à poltrona outra vez, agora pegando o relatório oficial da investigação, relendo-o. A área técnica garantia que não havia nenhum ruído de fundo significativo, salvo um pequeno silvo à distância, que ainda não havia sido identificado. No mais, era uma gravação padrão, destituída de imagens, que fora iniciado no instante das batidas à porta da vítima. A rosa sem espinhos ainda era um mistério, e continuava sob análise, salvo, é claro, pelo coronel, que a atribuía a Lilith e aos demônios, e fora aí, que a lenda entrara.

O homem jogou os papéis por sobre a mesa e se recostou, apertando os olhos. Estava cansado, e misturar lendas e crendices com fatos, não era uma receita muito propícia, principalmente para se desvendar um crime. Ele se levantou, concluiu sua taça de sangue e se dirigiu ao quarto. Em breve amanheceria e precisava repousar. Sabe-se lá porque, uma frase lhe veio à mente:

Se não somos mais humanos, de quem será a Terra, então?

Por um segundo, se deteve, tentando se lembra onde ouvira aquilo, ou mesmo, seu significado. Passado uns instantes, desistiu, foi ao quarto e se deitou. No entanto, não adormeceu de imediato. Longe, bem no fundo do inconsciente, uma voz lhe repetia:

...de quem será a Terra, então?

O VAMP

O corpo da noite estava escura, como seu próprio coração.

Ele andou lentamente pelo corredor, seu corpo foi rapidamente felina pela casa. Ele ouviu ruídos, passos rápidos, nervosos, incontrolável ...

Ele sabia que sua vítima estava próximo.

Ele sorriu, lambendo os lábios.

-Você não precisa se esconder, eu vou encontrar ...- falou em voz alta, certificando-se que ele ouviu - Vou te dar uma morte rápida e doce, não tenha medo ...

Houve silêncio.

Ele ouviu atentamente.

Os passos vindos de cima.

O vampiro mudou-se com um olhar de segurança e de ódio.

Um homem tinha sido uma vez. Dentro não havia mais nada desta menina frágil.

Agora .... só queria sangue

Ele vagou pelo corredor como foi para a eternidade e, lentamente, subiu as escadas.

Ele fez isso, ele daria conta e ouvir os passos.

Ele veio para cima. E finalmente o viu. Eu estava com medo. Eu teria jurado que ele estava chorando.

Ele tentou esconder, fugir ... Mas ambos sabiam que era tarde demais.

Ele ficou parado. E ela veio e cercaram como o caçador que pega sua presa. Ele se abaixou e olhou em seus olhos assombrados.

Os jovens e não com medo. Apenas fechei os olhos e esperei.

O vampiro beijou seu pescoço e se virou para ele.

'Agora você é meu por toda a eternidade sussurrou trazendo seus lábios macios novamente.

Lentamente afundou suas presas no pescoço de sua vítima e seu sangue provei com prazer. Fluiu de forma harmoniosa e mágica.

Ele morreu com os olhos fechados e um sorriso.

Tendo acalmado sua sede de sangue é para cima, longe do corpo sem vida.

Ela observava atentamente, uma pitada de tristeza.

Ele começou a ir embora.

Eu vou voltar para mim, eu sei ....

Ele sussurrou antes de desaparecer na noite eterna.

Não olhe. Não ser enfeitiçado com os olhos mortais. É proibido que você nunca vai possuir. Mas ela será capaz de possuí-lo sem dificuldade. Sendo apenas uma noite, como tantas outras que vivem na solidão do seu coração ....

Walcyra Costa
Enviado por Walcyra Costa em 10/07/2011
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