O MISTÉRIO DO VELHO CASTELO - PARTE 3

-Que barulho é esse? – Armand olhou para seu relógio sobre a mesa e não conseguiu ver que horas eram. Acendeu uma vela, o relógio estava parado em 01h05min. Trabalhando na casa dos Monteiros desde 1900, ele estava acostumado aos sons naturais de seu patrão ora indo até a cozinha, ora de seus dois filhos conversando no quarto do andar de cima, por isso estranhou quando ouviu aquele barulho. Um som alto, como se alguém tivesse caído da escada que dava acesso ao hall de entrada. Olhou em seu relógio de bolso: 03h33min. Resolveu que era melhor descer e verificar se estava tudo bem na casa. Nos últimos dias ouviam-se relatos de roubos a casas vizinhas, e estes sempre ocorriam de madrugada, por isso achou melhor levar seu revólver Colt 1877 a mão. Nunca fora necessário usá-lo, mas desde que seu patrão fora assaltado, ele havia ganhado aquele “presente”.

-Sr. Armand, nunca se sabe quando será preciso usar, mas mantenha esse presentinho guardado a sete chaves.

“Melhor não acordar o patrão” – Armand saiu com a arma em punho e a vela acessa, andando a passos silenciosos pelo corredor. O piso de madeira de cedro rangia abaixo dos seus pés, o vento fraco passando pela janela no final do corredor e o quadro uma fotografia antiga tirada dos pais do Sr. Monteiros ligeiramente fora do lugar. “Esqueci a janela aberta, mais que droga”. A casa era alta, impossível de uma pessoa subir até ali, mas sempre que anoitecia as janelas do piso superior deviam ser fechadas, para evitar o vento gelado e a chuva. Armand se deteve. “Eu fechei essa janela hoje no fim do dia, não devia estar aberta”. De qualquer forma deu de ombros. Quando chegou à janela, se descuidou por um instante e o vento forte apagou a vela. Mesmo na escuridão, com o clarão do luar ele pode ver que provavelmente um gato deveria ter entrado por ali. Trancou-a novamente e estava no meio do corredor quando um barulho chamou a sua atenção lá embaixo.

-É o senhor quem está ai? Sr. Monteiro? – nada de resposta.

-É a senhora? Os patrõezinhos? – apenas o ruído de alguma coisa na cozinha respondeu. – “Deve ser o gato revirando a lixeira”. Acendeu a vela e começou a descer as escadas. O som, agora mais claro o fez ter certeza de que não era um simples gatinho que estava na cozinha. Era algo com certeza muito maior.

-Quem está ai? – Albert avançava vagarosamente até a porta da cozinha, a escuridão daquela casa o irritava, esbarrou na cadeira da sala de jantar, uma dor incomoda em seu pé. Esbravejou consigo mesmo, e estava prestes a abrir a porta da cozinha quando o barulho cessou. – “Mas que porcaria – pensou ele – com certeza é um ladrão”. A louça de porcelana dos Monteiros e sua prataria eram um prato cheio para bandidos, tanto pela sua beleza quanto pelo seu valor.

-Quem está ai? – repetiu a mesma pergunta, e, como não teve resposta, abriu vagarosamente a porta, até se deparar com... com nada? A cozinha estava vazia, tudo exatamente no lugar em que deveria estar. Seus patrões costumavam a deixar copos na pia, mas naquele dia estava tudo em ordem. Armand verificou a porta que dava acesso para o jardim. Estava trancada. “Será que estou ficando louco?”

Com essa pergunta, riu de si mesmo. Ia tomar um copo com água quando ouviu a porta do banheiro do andar de cima bater violentamente, e sons abafados de passos rápidos no corredor. Saiu em disparada em direção à escada, e quando estava na metade do caminho o barulho cessou. Hesitante, ele se deparou com um corredor vazio, e som do vento passando por ele. A janela novamente estava aberta, uma abertura pequena o suficiente para passar um gato. Olhou em direção a rua, e viu que uma pessoa de média estatura, um metro e meio mais ou menos e com uma capa preta e vermelha fitava diretamente o castelo. Quando viu Armand olhando, a estranha pessoa começou a andar em direção a pracinha, desaparecendo na escuridão. Armand, incrédulo custava a acreditar naquilo que havia visto, não era normal uma pessoa estar na rua àquela hora, mas o que mais o incomodava era o fato de e ele ter trancado novamente janela, e se deparar com ela aberta. Pior do que isso foram os passos que escutara, e ver que alguém observava a casa.

-Quem sabe ele viu alguma coisa? Pode ser o novo guarda noturno também...

Confuso, Armand se dirigiu para o quarto e tentou dormir as poucas horas que ainda lhe restavam antes de amanhecer. Demorou a pegar no sono, e, quando abriu os olhos estava deitado em um leito com um colchão ruim que lhe fazia doerem às costas, dentro de um quarto branco com uma forte luz cegando seus olhos e uma bela dor de cabeça.

-Sr. Armand, fiquei sabendo que finalmente o Sr. resolveu soltar a voz? - O Dr. Josh o olhava com um sorriso no canto do rosto – Parabéns!

Continua...

Bonilha
Enviado por Bonilha em 06/07/2011
Reeditado em 03/05/2012
Código do texto: T3079365
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