Fuga Maldita - Parte I

Esse texto é uma parceria minha com o meu amigo Netto Andrade, esperamos que todos gostem e que se divirtam lendo nossa humilde historia de terror.

Abraços para todos...#EVIL

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O quarto fervia, Dayanne sabia bem como deixar Netto feliz. Os termômetros marcavam dezessete graus e o relógio três horas da manhã. Lá fora, as ruas emitiam poucos barulhos, o trânsito parecia ter parado, não dava para ouvir as buzinas ou o som dos motores.

Batidas na porta fizeram Dayanne parar temendo que o velho João Júnior entrasse no quarto e visse o que ela fazia.

— Netto Abre essa porta! Você precisa ver algo. É urgente. — gritou o velho.

Dayanne lhe deu um olhar furioso. Por que o velho tinha que atrapalhá-los logo no melhor momento?

— Calma, eu volto logo. Me deixa vestir a calça, pelo menos.

— Aposto que é coisa da Dona Fátima. Quando você voltar eu vou ter esfriado. Boa noite. — Dayanne saiu de cima dele, deitou-se e rolou para um canto da cama dando as costas pro amado.

Netto rezou para seu pai ter um bom motivo para tirá-lo da cama. Se bem que nenhum motivo seria suficientemente bom.

— Há uma multidão na rua, filho, veja! — disse o velho.

Ele abriu a cortina para Netto olhar o que ele descrevia. O rapaz arregalou os olhos e se arrepiou. As ruas estavam tomadas, o trânsito parado, explosões ao longe, pessoas se atirando dos prédios. Luzes se apagando, a escuridão surgindo.

— O que será isso pai? — Murmurou incrédulo.

— Quando não houver mais lugar no inferno, os portões serão abertos. É uma profecia, li em algum livro ocultista. Deve ser o que está acontecendo, nunca vi nada assim antes. — explicou.

Dona Fátima, mãe de Netto, dormia tranquilamente em seu quarto com o pé para cima, culpa da trombose inflamada. O velho a olhou e voltou à sala.

— Isso é impossível. — Netto concluiu.

Mas, ao olhar novamente a rua parada, ao som de gritos, talvez das últimas pessoas vivas gritando por Deus, por socorro, por alguém.

— Dayanne...

Ele não era idiota o bastante para querer perdê-la. Foi ao quarto e a acordou.

— Amor, você precisa se vestir, nós precisamos sair daqui. Acorda Dayanne! — Ele a sacudiu para tirá-la do sono de pedra.

— O quê? Como? Quando? Oi? — disse confusa.

— Vista sua roupa, agora!

O Sr João ligou a TV, os canais que ainda estavam no ar mostravam o que estava acontecendo ao vivo em toda a cidade.

— Foi horrível, estávamos dormindo quando uma dessas coisas invadiu nossa casa e matou ele, eu não queria ser viúva tão cedo. Ela o matou... — uma mulher ensangüentada dando depoimento ao vivo. Por trás dela via-se a casa em chamas e algumas pessoas ou zumbis correndo para lá e para cá. Esse canal também saiu do ar.

— Pai, são mortos vivos, zumbis ou sei lá o quê. Não importa. Só precisamos fugir. Agora! Precisamos encontrar um lugar seguro, logo vão invadir nossa casa. — disse Netto angustiado.

— O que está acontecendo? — disse Dayanne saindo do quarto, ainda sonolenta.

— Veja com seus próprios olhos. — disse J.J.

O grito de Dayanne foi estrondoso, fazendo com que os monstros olhassem na direção da casa. Netto tampou sua boca com as mãos e fechou a cortina da janela.

— Vamos pai, podemos fugir pelo porão que vai até a garagem do outro lado. — gritou - Se apresse me ajude a empurrar os móveis para a porta.

Logo, a entrada e as janelas estavam bloqueadas pelos móveis, mas a face do Senhor J.J demonstrava uma angústia maior.

— Eu não posso ir. Sua mãe não pode andar e ela pode até morrer se chegar a ver uma coisa dessas, só pode ser o inferno na terra! — anunciou.

— Mas pai...

Houve batidas na porta, não batidas civilizadas de alguém querendo entrar, mas eram batidas violentas. Eram eles que estavam vindo, sedentos por carne humana, houve também um barulho no telhado.

— Deixa de besteira pai, vamos logo!

— Vá meu filho. — ele segurou o rosto de Netto com as duas mãos e depois o abraçou — Vá sem mim, fuja com sua namorada e eu tomarei conta da sua mãe. — prometeu.

Netto encarou seu velho pai, sabia que algo ruim poderia acontecer, eles eram velhos demais para fugir disso.

— Tá... Eu vou, mas pai. Mantenha-se vivo, eu voltarei!

Netto puxou Dayanne pela mão, ela chorava e seguiu para a cozinha, entrou na dispensa e abriu a porta do porão. Tomou a frente, pois eles podiam já ter invadido o lugar. Dayanne fechou a porta atrás deles.

Seguiram sozinhos em total escuridão, Dayanne tropeçava, mas se mantinha forte.

— Tome isso, caso seja necessário. — Netto deu-lhe uma pá e pegou um machado.

O casal seguiu caminhando cautelosamente ao redor da casa. Aparentemente, todos os monstros estavam na parte da frente.

- Vamos ter que roubar um carro. – choramingou Dayanne – Temos que sair da cidade.

Netto fechou o rosto. Teria que lutar. Estava no meio de uma guerra sangrenta, uma guerra maldita.

- Mas, afinal, como se mata o que já está morto? – perguntou Netto.

- Meu Deus! – a menina gritou – olha ali.

Por detrás do matagal dois monstros horríveis saíram caminhando. Um estava em total putrefação com pedaços de ossos aparecendo e músculos desgastados, além de não ter mais nariz, nem pele no rosto.

- Ei, aquele não é o Tonhão?

- Ai, Netto. É o seu vizinho.

- Prepare as armas. – ordenou Netto – eu pego o Freddy Krueger ali, você tenta desmaiar o Tonho. Vê se bate com força,

Os monstros emitiram um rosnado, mas Netto estava em cima do cadáver com o machado arrancando-lhe metade do rosto com um golpe certeiro. Dayanne ainda assustada deu uma bordoada no rosto do outro morto-vivo, mas eram pancadas fracas e o monstro apenas era impedido de avançar.

- Saí!- gritou rapaz.

Netto acertou a perna do Tonhão morto-vivo com um golpe que esfacelou o joelho dele, fazendo-o tombar.

- Vamos por aqui. –disse Netto pegando na mão de Dayanne e começando a correr.

Eles chegaram a uma pequena rua lateral da casa dele. Lá havia mais monstros.

- Por aqui não dá Netto. – disse Dayanne.

- Conseguimos passar por aqueles dois podemos passar por esses também.

- Você está louco?

O rapaz olhou para a menina. Ela o encarou com as sobrancelhas levantadas sarcasticamente.

- Nós precisamos de um carro. – disse séria – Não morrer lutando, já se esqueceu dos seus pais?

Netto baixou a cabeça, pois ela tinha razão. Ele prometera ao velho J.J que iria voltar e iria voltar.

- Netto, olha aquele mostro é um policial.

Ele levantou a cabeça e viu um dos monstros com a farda da policia.

- Acho que não será muito útil, né?

- Ai que menino lesado. – respondeu Dayanne – Olha a arma no cinto dele.

Ela mais uma vez tinha razão. Balas seriam melhores do que uma pá e um machado.

- Como vamos pega-lo? – perguntou Dayanne – Não vamos até lá de jeito nenhum.

- Deixe comigo.

Netto abaixou-se e pegou duas pedras. Jogou uma que passou rente a cabeça do policial morto-vivo.

- Está perdendo a prática, tigre?

- Tiro de advertência?

A segunda pedra acertou em cheio a bochecha do monstro, quase o derrubando. O morto-vivo olhou para o lado que eles estavam e vendo seu alvo, avançou para matar.

- Prepare-se! – ordenou Netto.

Dayanne correu para o mato e se escondeu detrás de uma árvore. Quando o zumbi passou por ela, acertou-lhe uma pancada na cabeça e depois uma na parte posterior do joelho fazendo-o dobrar a perna. Netto aproveitando o momento deu duas machadadas na cabeça do mostro, que caiu desfalecido.

- Pega o cinto rápido.

Ele pegou o cinto que tinha um coldre com uma pistola, um porta-carregador com dois carregadores municiados, um par de algemas, uma lanterna e uma pequena faca.

- Precisamos de um carro! – berrou Dayanne.

- Ei amor. – chamou Netto – Já sei onde vamos arrumar um carro.

Eles correram por dentro do mato, longe das vistas dos monstros, até a avenida. Abaixaram-se detrás de um banco de madeira e Netto contou seu plano.

- Ta vendo aquela agência do banco?

- Sim, você vai tirar dinheiro pra poder compra um carro? – brincou Dayanne.

- Não. Mas, olhe o que tem do outro lado da rua.

- Caralho, Netto. – admirou-se Dayanne – Que merda.

- Ei, que boca suja é essa?

Do outro lado da rua havia um enorme carro forte vermelho da companhia de seguros.

- Sabe o Júlio?

- Sim. O segurança né?

- É ele me falou do segredo desses carros, felizmente ele também me falou como uma pistola dessas funciona, vamos.

Netto tirou a pistola do coldre, alimentou-a com um carregador de dez munições e carregou, tirou a trava de segurança e disse:

- Vá atrás de mim com o machado.

Saíram em disparada rumo ao carro forte. Os monstros que os viram passar, eles correram atrás deles, mas Netto atirava neles fazendo-os tombar. Um conseguiu chegar perto o suficiente para que Dayanne arrancasse sua cabeça com o machado.

A porta do carro-forte estava aberta e Netto jogou Dayanne dentro, depois de recarregar a pistola trancou a porta e caiu deitado no assoalho do automóvel.

- Está muito escuro aqui, Netto.

- Vou ligar a lanterna, calma.

O facho de luz iluminou levemente o recinto. Marcas de sangue se revelaram, farrapos de roupa dos seguranças estavam espalhados por toda parte, mas o que realmente assustou foi o braço de um dos homens que trabalharam ali, estava caído em cima do banco.

- Meu Deus Netto.

Começaram a ouvir batidas do lado de fora. O rapaz levantou-se e espiou pelos vidros blindados do automóvel. Eram mais mortos-vivos.

- Fique tranqüila, eles jamais vão conseguir entrar aqui.

Netto sentou-se na cadeira do motorista e procurou as chaves. Não estavam na ignição.

- Amor procura a porcaria da chave.

Dayanne encontrou-a presa no braço que estava sobre o banco.

O rapaz ligou o carro e saiu passando por cima dos monstros que nada podiam fazer contra aquele pequeno tanque.

Eles rumaram para fora da cidade. Tudo estava tomado pelos monstros. Por um momento Netto ficou pensando se os pais ainda estavam vivos, felizmente os pais de Dayanne estavam viajando e não estavam no meio daquele pesadelo.

- Já estamos fora dos limites da cidade. – informou Netto.

- Ei, Netinho, o que é aquela luz?

- Meu Deus...

CONTINUA...

João Murillo e Netto Andrade
Enviado por João Murillo em 05/07/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T3076996
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