O garoto da Janela

A história a seguir, embora alguns céticos em questões envolvendo assuntos sobrenaturais possam tão rapidamente discordar, é de fato crível. Mesmo sendo ela ou não, existem números de pessoas suficientes para me fazer suar friamente ou mesmo congelar meu sangue, só de pensar que as mesmas já evidenciaram ou relataram de forma assustadoramente real o acontecido.

Mas como relatar fatos antigos ainda é o meu fardo, contarei essa historia desde seu início, pois toda estrada tem um começo embora seu trajeto ou percurso final seja incerto. Tomei conhecimento de tais relatos quando ainda criança, em minha sincera inocência, ainda acreditava na pureza da bondade que como dizem floresce no coração dos homens, sendo mais tarde dotado de pensamentos de mais maduros e menos sinceros, passei a crer na crescente maldade que habita o cerne de todo criatura dotada de sentimentos.

Era um verão no ano de 1995, em minha cidade, a corrupta e decadente Tapejara, quando tinha apenas 6 anos de idade os verões não eram tão quentes como os atuais, ou pelo menos um garoto solitário não ousava dar valor para coisas deste tipo. O fato é que este verão marcou esta época, pelo garoto que veio a morrer nos dias negros que se seguiram. Durante uma estranha semana, não houveram dias em Tapejara, somente noites sem estrelas e uma lua vermelha, como o sangue que goteja suavemente dos pulsos de um suicida. Num destes “Negros Dias” foram poucas pessoas que saíram de casa, pois o medo era o único fator que imperava na pequena cidade.

Os cidadãos estavam seguros em suas casas, não abriam as portas para ninguém, mesmo quem fosse. Poucos sabem o que acontecia nas ruas escuras naqueles dias hoje esquecidos pelo simples povo, muitos cientes de que seria o apocalipse, se deram o trabalho de rezar constantemente por seus pecados, que não eram poucos. Mas em uma humilde família, um garoto dotado da mesma pureza já mencionada, estava curioso sobre a atual e tão misteriosa situação que acometia a cidade, destemido e corajoso, relata seu desejo para seus pais que logo se mostram contra tais idéias, estas idéias eram de explorar as ruas para conseguir respostas sobre a situação.

Logo medidas foram tomadas para que o menino não deixasse o recinto, mas acompanhado de sua inteligência, conseguira abrir a janela de sua cozinha, abrindo o portal para as profundezas da escuridão e também do desconhecido. De súbito sua mãe viu a façanha do menino e tentando segura-lo pelos braços antes que pulasse, acabou por assustar o menino que acabou por cair da janela e morrendo de forma tola e insignificante, pelo menos foi isso que todos acreditaram, pois o corpo nunca foi encontrado no local, embaixo da janela onde devia estar o corpo somente havia o sangue do menino. Sendo que isso só foi evidenciado nos dias que se seguiram, depois dos “Negros Dias”, que até hoje permanecem na memória daqueles que não ousaram esquecê-los de propósito...

“Dizem alguns que todos somos vigiados pelo garoto que espreita nas janelas de nossas almas, um garoto dotado ainda da inocência, daquela que não se distingue o bem do mal, capaz dos atos mais cruéis, pois foi vitima do abraço da morte tão cedo, sem tempo para adquirir o senso de julgamento que somente vem com a idade, um garoto que leva suas vitimas para o interior do desconhecido, o que antes era apenas um sentimento de medo agora é uma triste verdade nua e mortal, gélida como um túmulo.”

Aquela semana ainda permanece um mistério...

Giomar Rodrigues
Enviado por Giomar Rodrigues em 26/06/2011
Código do texto: T3058453
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.