A Trilha do Grito
Assim que acordei fui logo para o banheiro tomar um longo banho quente, morrendo de sono. ‘’Por que tenho aula hoje?’’, pensei, inconformado por ter que ir para a escola assistir seis aulas bastante cansativas. ‘’Pelo menos hoje de noite vou pro hotel fazenda com minha família e a família do Bruno’’. Saí do banho, me vesti, comi alguma coisa, escovei os dentes, cochilei mais cinco minutos e fui para a escola.
Chego na escola em cima da hora e saio correndo para a sala, já estava começando a primeira aula, bom, depois dela só faltariam mais cinco e eu estaria livre para o fim de semana. Bate o sinal para o intervalo, como alguma coisa e volto para a sala, eu mal estava conseguindo me concentrar, de tão animado para ir ao hotel fazenda. Depois de se passarem mais três aulas, fui logo para casa almoçar e descansar, pois o fim de semana seria bastante cansativo, e eu precisaria de todas as minhas energias. Então almocei dormir, e acordei algumas horas depois, completamente descansado, procurei minha mochila e coloquei algumas coisas dentro como roupas, escova de dente, fone de ouvido, desodorante, tênis, um GPS, carregador do celular, bateria extra no caso de no meio da viagem a bateria acabar e eu ficar sem ouvir música, lanterna, fósforo, vela e etc. Fiquei no computador até dar 6 e 30, o horário em que iríamos para o hotel fazenda. 6 e 30 em ponto, eu fui para o carro, levei minha mochila e algumas outras coisas que não poderiam faltar e fomos eu, meu pai, minha mãe e meu irmão para uma cidade a uns 100 km de Ipatinga, ou seja, seriam umas duas longas horas de viagem até lá. O Bruno e sua família já estavam no Hotel Eldorado, onde iríamos ficar. Passei a viagem toda ouvindo Jota Quest, Linkin Park, AC/DC e Nando Reis, até que passou rápido. Chegamos no hotel em Itu, tirando a recepcionista medonha e mal-humorada, todos os outros funcionários eram muito alegres e nos receberam extremamente bem, então logo pedimos 2 quartos, em um ficaria o Bruno e sua família, e em outro ficaríamos eu e minha família.
Após todos estarem acomodados, fomos dar uma olhada na área, havia bastante árvores frutíferas naquele lugar, confesso que comi dezenas de amoras e acerolas. Depois de olharmos o lugar, fomos programar uma trilha, a Trilha do Grito, que tinha esse nome por sempre ao caírem numa vala que faz parte da trilha as pessoas gritarem. A trilha começaria às 6h da tarde e acabaria cerca de 7 e 30 da noite, mas do outro dia, por que todos estavam cansados e dormiram o resto daquela noite e o outro dia todo. Sábado as 10 nos encaminhamos para a Floresta Negra, onde a trilha começaria, preparamos nossas lanternas, mantimentos como barrinhas de cereais, comprimidos para dor, energéticos e algumas frutas, tudo isso para apenas uma hora e meia de caminhada. Começamos a trilha, o guia foi nos mostrando árvores nativas, animais interessantes, frutas venenosas e alguns insetos chatos, estava tudo correndo bem, vimos o pôr do sol, enfrentamos até uma rápida chuva. Quando escureceu ligamos nossas lanternas e continuamos a caminhar, era cerca de 7 da noite, estava tudo bem, até que ouvimos um grito, pensamos que poderia ser o Matheus querendo assustar a gente, mas de repente, um silêncio total tomou conta da floresta, e vimos um rastro de sangue no chão, seguido de outro grito, ficamos todos juntos, aflitos, quando percebemos que Paulo e Matheus haviam desaparecido. Fomos para uma clareira um pouco iluminada chamando pelos dois, enquanto isso algo se mexia bruscamente nos arbustos ali perto, focamos todas as lanternas naquele ponto, e pudemos ver um homem alto e forte encapuzado sujo de sangue, que ao nos ver correu para a floresta. Permanecemos ali por alguns minutos, quando pudemos ouvir mais gritos, agora as baterias das lanternas haviam acabado, estávamos no escuro, mais gritos, vozes agudas e graves, não sabíamos quem estava sendo levado. Percebi que havia alguém do meu lado, segurei firme em seu braço e fui correndo para o lado em que eu pensava ser a saída, eu estava certo, eu conseguia ver a luz da lua iluminar um grande campo aberto com um hotel no meio, quando fui gritar por socorro, caí.
Quando percebi eu estava numa espécie de sala subterrânea onde muitos homens encapuzados estavam presentes, não haviam notado minha presença nem a da pessoa que estava comigo, que logo reconheci, Bruno! Logo vi que os meus parentes e os de Bruno estavam amordaçados e Matheus com um corte no braço, então perceberam que estávamos na sala, imploramos para que nos libertassem, que nós daríamos a eles qualquer coisa, quando os mesmos tiram os capuz e começam a rir. Eram os funcionários e o dono do hotel, eles libertaram todos nós e pediram desculpas alegando ser apenas uma brincadeira para dar mais emoção a trilha. Depois de estarmos todos juntos novamente, arrumamos nossas coisas, fomos para o estacionamento e fomos embora daquele estranho hotel sem pagar, e ainda entramos com um processo contra aquele estabelecimento, onde recebemos uma grande quantia em dinheiro. Agora nunca mais voltarei num hotel fazenda, principalmente numa cidade minúscula e deserta como Itu.