A Rainha dos Monstros – Episódio III – O Exército dos Mortos
- Elisa! Acorde!
Seus olhos piscaram. Elisa ainda fraca, suas vistas embaçadas. Ela olhou ao seu redor, estava em um lugar frio e úmido. O cheiro de mofo adentrava nas suas narinas, ela estava encharcada de suor, deitada sobre uma espécie de maca de pedra, uma mulher estranha a chamava pelo nome, Claus e Heitor estavam á sua direita, sentados em um banco vetusto, as suas cabeças escoradas uma na outra, ambos dormindo, Nescuro deitado no chão aparentemente curado, roendo um fêmur de 50 centímetros, um osso humano.
- Quem é você? Perguntou ela.
- Madame Maramís. Você logo se lembrará de mim menina. Disse ela amassando uma erva estranha em sua mão e passando-a na testa de Elisa.
- O que aconteceu comigo? Algo de repente saiu de minha mão...um tufão de ar, e aí eu simplesmente apaguei.
- Sim. Você ainda não está preparada para suportar seus poderes querida. Mas logo se adaptará. Seus poderes estão voltando. O que acontece é que por enquanto eles estão te dominando, quando o que deve acontecer é exatamente o contrário. Mas o importante é que sua força está aumentando querida.
- Afinal, o que eu sou?
- O Senhor das Feras lançou um forte feitiço sobre você e seus pais, vocês vivem renascendo em outra dimensão, um mundo imaginário, um sonho. Mas algo aconteceu e o feitiço se quebrou.
- Meus pais? Eles também são bruxos.
- Sim. Seus pais são bruxos de segunda linhagem.
- Então eu sou de terceira linhagem?
- Você é um caso raro Elisa, é uma bruxa de primeiro grau ou primeira linhagem.
- Não entendi!
- Os poderes de um bruxo de segunda linhagem não estão dentro dele, são feitiços pronunciados, algo que se aprende através de livros, estudos. Mas você nasceu assim. Se pensar algo simplesmente acontece do nada.
- Mas e o colar? Meu poder não está no colar?
- Este é o colar da Vênus. Ele é um receptáculo. É onde o Senhor das Feras aprisionou todo seu poder. Vênus é uma deusa romana. Seu símbolo é um pentagrama como este que há em seu colar. Ele é uma estrela composta por cinco retas e que possui cinco pontas. Pentagrama significa uma palavra com cinco letras, assim como o seu nome. Também é o símbolo do infinito. Muitos definem o pentagrama como símbolo de todo mau, mas não é isso, ele representa os quatro elementos, “água, terra, fogo e ar” é um talismã, possuí simbologia múltipla sempre fundamentada no número 5, a união do masculino 3 ao feminino 2, simbolizando assim a mistura de ambos, o que entende-se por andrógino. O pentagrama é composto de um pentágono regular e cinco triângulos isósceles côngruos, tal que a razão entre o lado do triângulo e sua base (lado do pentágono) é o número de ouro.
- Número de ouro?o que isso tem a ver com bruxaria.
- Sim, Elisa, número áureo, mas não confunda as coisas, você não faz bruxarias e sim magia. Ele é o número Phi, ou 1,618. Também é chamado por divina seção entre outros nomes. Pode ser encontrado na proporção das conchas, nos seres humanos, o tamanho das falanges, ossos dos dedos, por exemplo e nas colméias, entre inúmeros outros exemplos que envolvem a ordem do crescimento. Mas isto é irrelevante. O que quero te dizer é que este número é mágico, muitos artistas, estudiosos e pesquisadores procuram entende-lo mas você Elisa tem o poder de controla-lo. Este número representa toda a magia de toda a natureza. Isso quer dizer. Tudo que está a sua volta.
- Puxa! Isso é verdade?
- Acredite Elisa e verá que coisas impossíveis irão acontecer.
- Há muitos como eu?
- Não Elisa. Apenas você!
- E o Senhor das Feras?
- Ele é de segunda linhagem, mas não subestime seus poderes menina. Ele é astuto, sua magia é negra Elisa. Ele tem um pé neste mundo e outro no mundo inferior. Fez um pacto com o Senhor das Trevas e sua alma tornou-se imortal como a sua. Só você pode detê-lo. Ele transformou o mundo real no que está vendo agora. Um mundo das trevas. Feras por todo o lado, demônios devastando a vida por todos os quatro cantos. Só você pode fazer o mundo voltar a ser como antes. Você criou os monstros Elisa para proteger o mundo dos demônios invocados pelo Senhor das Feras mas ele te enganou e após te enfeitiçar, fez os mesmos com os monstros que passaram a obedece-lo. Nescuro foi o único que manteve-se fiel. Os roteweilers são uma das raças mais antigas de cães, na antiga Roma ele era criado como um cão de guarda e boiadeiro, em 1910 foi reconhecido como cão policial, altamente indicado como cão de companhia. Nescuro foi um presente de seu pai, ele te acompanha desde seus primeiros três anos de idade Elisa.
- Nescuro... eu sei que ele é muito especial para mim mas não me lembro dessas coisas.
- Mas se lembrará.
- Nossa vocês falam alto hein? Disse Heitor acordando.
- Heitor! Disse Elisa.
- Que bom que está bem rainha.
- Não me chame assim. Por favor elfo louco.
- Elfo louco? Você me chamou de elfo louco! Disse Heitor sorrindo.
- Desculpe. Eu...
- Era assim qie sempre me chamava. Você se lembrou!
- É... lembrei-me disso né... disse ela tentando lembrar de mais alguma coisa, mas não conseguia. Tudo acontecia espontaniamente.
- E você Claus, como está? Pergundou Elisa.
- Bem Elisa! Mas precisamos ir.
- Sim eu sei. Nescuro levante-se e largue esse osso logo.
- Ele brinca com esse osso há anos Elisa, desde que você partiu. Disse Madame Maramís.
- E você quem é afinal? Perguntou Elisa.
- Sou sua avó querida. Vá agora. E me de um abraço apenas quando se lembrar de mim.
Eles então saíram dali, Elisa olhando para trás, viu a imagem da velha senhora deitando-se na mesa de pedra e de repente a sua pele definhou-se até transformar-se em areia, restaram apenas ossos.
- O que aconteceu?
- Você saiu de lá Elisa. É assim que funciona. Sua avó não é imortal, mas seus poderes podem traze-la de volta enquanto estiver por perto. Disse Claus. Eles saíram e Elisa se viu no meio de um enorme cemitério.
- Nós estávamos no tumulo dela?
- Sim. Pode se dizer que era um tumulo querida. Vamos.
Eles continuavam andando quando as orelhas de Nescuro se ergueram e ele começou a rosnar.
- O que foi rapaz? Perguntou Heitor empunhando seu arco e flecha. Elisa olhava em sua volta, mas não via nada. A terra de repente começou a tremer. Mãos começaram a sair de dentro das sepulturas, ossos dos esqueletos, uma agarrou os pés de Elisa. Nescuro abocanhou a mão que a segurava e a puxou jogando-a para longe. Várias outras surgiam, eram centenas, caveiras de olhos vermelhos, gemiam e se levantavam indo em direção deles, elas carregavam escudos e espadas medievais.
- Corram! Disse Claus.
Eles começaram a correr. Heitor atirava suas flechas, mas eles os cercavam por todos os lados. Suas flechas iriam se acabar logo.
- Use o colar Elisa!
- Estou tentando....mas... foi quando um enorme dragão apareceu na imensidão da noite. Um homem esqueleto montado em seu pescoço.
- É o general! Disse Claus.
- General? Perguntou Elisa.
- Eneias! Respondeu Heitor.
O dragão pousou próximo a eles, ele devia ter de doze á quinze metros de comprimento, era uma criatura estranha, faces esparramadas pelo corpo, faces medonhas que se moviam o tempo todo, olhos e bocas, tinha três caldas ao invés de uma, apenas uma cabeça, mas três olhos, seus dentes eram pontiagudos. Eneias desceu do dragão.
- Olá Heitor. Vejo que trouxe a Rainha até mim.
- Não mesmo Eneias! Não vai pega-la.
- Sem os poderes dela vocês não são páreos para meu exército seus idiotas.
- Isso é o que veremos. Disse Claus empunhando sua espada.
- Branquelo idiota. E estas orelhas ridículas Heitor. Acha melhor ficar assim como um elfo. Eneias ria sarcasticamente.
- Melhor do que ser um bando de ossos meu caro. Nescuro ainda latindo para criatura a sua frente. O Dragão o fitava com os olhos. Elisa assustada. Eles estavam encurralados.
- Por que você mudou de lado Eneias?
- Por que? Bem por que cansei de ser o segundo melhor. Disse ele erguendo sua espada e partindo em direção de Heitor. Matem todos!!!
O dragão avançou para cima de Nescuro ainda em forma de um cão normal e sua calda o jogou dez metros a frente, Claus tentava proteger Elisa, mas o exército os atacava sem piedade. As espadas de Heitor e Eneias soltavam faíscas ao se encontrar no ar.
- Elisa, vamos morrer aqui se não usar seus poderes.
- Eu não estou conseguindo! Eu não posso! Ela então se lembrou de sua avó. Do que ela havia lhe falado. “Acredite Elisa e verá que coisas impossíveis irão acontecer” Foi quando Claus caiu no chão, uma espada acabara de atingi-lo, Heitor olhou para ele, Seu peito sangrando, os esqueletos partindo para cima de Elisa, o Dragão abrindo sua boca e preparando para incinerar Nescuro. O colar de repente brilhou.
- Nãoooooo!!! Gritou Eneias investindo sua espada contra Heitor.
Nescuro agora estava em sua forma de monstro, mas ainda na mira do dragão. Elisa virou-se para o dragão e apontou a palma de sua mão na direção dele. O fogo saiu da boca do demônio partindo contra Nescuro que deu um salto e correu sendo perseguido pelas chamas, mas algo impossível aconteceu, da mão de Elisa um tsunami de água saiu e confrontou-se com as labaredas do demônio. Era uma força incrível que as empurrou de volta a garganta da fera, que engoliu aquilo estranhamente, as faces que circundavam seu corpo transformaram-se de repente em bolhas e ele implodiu transformando-se em particulas gosmentas espalhadas pelos corpos que ali estavam. As cobras do colar de Elisa se remexendo, ela apontou sua outra mão para o chão e a terra começou a ruir-se tragando os esqueletos para baixo, eles relutantes abriam suas bocas e se agarravam as lapides, mas não restou nada, a ultima coisa que se viu foi a voz de Eneias dizendo...
- Nos encontraremos logo Heitor... O mestre me dará outra chance e não falharei novamente... ele dizia ao mesmo tempo que dava uma risada maquiavélica.... de repente ele desapareceu completamente.
Continua...