Noite de Sábado

Meia noite. Início da madrugada de domingo em São Paulo. Metrô sentido zona leste. Pessoas descoladas cheirando a perfume avon riam freneticamente enquanto relembravam as últimas baladas, porres, pegadas e afins costumeiros da noite na cidade. Duas garotas que acabaram de deixar o trabalho rumavam para suas casas despretenciosamente quando ouve-se um estampido. Dificil acreditar que abaixo de metros de terra poderia alguem carregar uma pistola e disparar em direção aos passageiros sem motivos aparentes. Diante tantas algazarras e gritos abafados, algumas pessoas corriam em direção ao lado oposto ao barulho da arma como se ela não estivesse parado seus disparos. Um homem tirara toda sua roupa e corria de um lado para o outro balançando seu membro como uma corda solta.

Uma das garotas desmaiara, e outras passaram sobre seu corpo pisoteando-a sem preocuparem-se em levantá-la. Sua amiga desesperada gritava para alguem socorrê-la, mas o máximo que conseguira fora um esbarrão suficiente para desequilibrar o seu corpo e jogá-la contra a parede. O caos reinava. As portas se abriram e todos se apunhalavam para sair, o que dava acesso direto para o tunel. Agora as vozes ecoavam como uma orquestra experimental em acordes dissonantes e escalas modais. Enquanto todos corriam para mesma direção, perceberam uma luz aumentando seu brilho rapidamente, e o último som que se pode ouvir não era humano.