A sereia (terror/gótico)
Quando a vi pela primeira vez brincando nas águas limpas do rio nunca imaginei o que pudesse acontecer.
Eram 3 horas da tarde, o sol estava bem quente. Peguei a estrada para casa.
E ao passar por sobre a ponte a vi, ela estava lá, sentada na margem com o pés dentro d'água,
Ela não viu, fiquei ali parado olhando.
Ela se despiu e se jogo para dentro da água com a agilidade de um peixe.
Foi tudo muito rápido. seus cabelos negros e soltos pareciam um véu.
Ela se afundava e demorava a voltar, aperecendo em outro ponto do rio. Parecia algo sobrenatural. Algo estranho.
De repente ela afunda e reaparece na outra margem já sentada e toda vestida.
Ela me viu e sabia que eu estava ali o tempo todo. Fiquei meio sem jeito e saí, fui embora.
Duas semanas se passaram, nunca mais a vi, mesmo passando pela ponte com maior frequencia do que o normal.
Já estava desistindo e achando que era apenas uma ilusão de minha mente fraca quando ao atravessar a ponte a vejo; sim, novamente ela estava lá. E me olhou sorrindo, um sorriso estranho, parecia cheio de infelicidade.
Fiquei parado ali tanbém com um sorriso amarelo no meio da face.
Quando me distraí, e olhei novamente ela já estava na água.
Continuava sorrindo. Senti uma coisa estranha, um desejo de ir embora misturado com uma vontade de mergulhar na água também.
Fiquei apenas olhando e trocando sorrisos, a coragem não foi suficiente para me permitir um mergulho ou mesmo uma aproximação com a moça misteriosa do rio.
Nunca comentei com ninguém sobre a moça do rio, mas certo noite numa roda de conversas na beira da fogueira, ouvi alguns comentando sobre homens que havia desaparecido no rio, depois de contarem sobre uma tal moça muito bonita.
Senti um calafrio me percorrer o corpo todo. Seria ela a tal moça? Seria ela a responsável pelas mortes?
Abri a boca para relatar o que tinha visto, mas achei melhor ficar calado e guardar esse segredo para mim mesmo.
O tempo passou, não a vi mais. Não até o dia de ontem. Me arrisquei a entrar logo na água, ao invés de ficar sobre a ponte. E foi o que eu fiz.
Fiquei na água por um bom tempo, e quando já estava desistindo, eis que ela aparece, não pela margem do rio, mas literalmente de dentro do rio.
Me assustei ao ve-la, mas continuei ali. Ela me viu e de súbito desapareceu dentro d'água.
Retornando logo após. Me sorriu mas não disse nada. Ficou ali a me olhar.
Nadei até perto dela. Ela se afundou novamente.
Foi quando para meu desespero senti algo me agarrando e puxando para o fundo.
Mas não eram mãos, eram algo estranho, garras, não sei explicar.
Senti unhas se cravando em minha carne na altura da cintura. Senti uma dor dilacerante.
Gritei mas minha voz não saiu. Me afundei e engoli muita água.
Notei que eu era agarrado e depois solto como se a criatura brincasse comigo.
Quando consegui retonar à superfície, respirei o máximo que pude, pois sabia que seria puxado novamente; o que não demorou a acontecer.
A dor, as garras cravadas, a água sendo engolida....
Tente abrir os olhos para ver se conseguir definir o que estava acontecendo.
Antes tivesse mantido os olhos fechados.
Era algo extremamente bizarro, uma criatura com cabeça de mulher, mas não aquela moça bonita, mas uma velha já desfigurada com pele apodrecendo, cabelos caindo, e garras enormes no lugar de mãos. e com a parte inferior como de um peixe horrendo.
Tive um ataque de desespero e apesar das garras me puxarem e me machucarem, nadei com toda a força até a superfície.
A criatura nessa vez saiu fora da água junto comigo.
Mas quando em contato com o ar se transformava na linda moça que eu sempre via.
Ela ficou ofegante, como um peixe fora d'água.
Notei em seus olhos algo mais do que um monstro assassino, notei que havia lá um ser bom que apenas gostava de brincar com as pessoas.
Ela tentou sorrir, então não resisti e a devolvi à água.
Radiante e com um sorriso ela se afundou novamente e retornou para dar adeus.
Às vezes passo por lá e ainda a vejo. Mas agora ela sabe que não pode matar mais pessoas, mesmo que queira apenas brincar.
Bem, pelo menos eu acho que ela sabe....