O Imortal (Cap. VII)

Não passava das dez da manhã, quando Anílto chegou ao hotel onde os amigos estavam hospedados.

O homem entrou com o carro no estacionamento do hotel e parou de frente para o quarto combinado. Desligou o player que tocava “Hell´s Bells” do AC/DC, desceu da Chevrolet Caravan e observou o lugar.

O hotel era uma série de quartos, dispostos lado a lado em um corredor, separados por uma coluna azul. O teto definitivamente precisava de um conserto, pois havia uma pequena goteira na quina do vão. Havia quatro carros parados no estacionamento: um Ford Eco Sport, cuja placa era de fora da cidade, uma Kombi também de fora da cidade, uma Toyota Hylux e o Corcel II de Bill Thunder, o quinto carro era o de Anílto.

Ele colocou seu boné na cabeça, pegou sua mochila no banco traseiro, depois foi até o porta-malas e pegou um grande saco de pano, em formato cilíndrico. O homem caminhou até a porta do quarto, com a mochila em uma mão e o saco de pano no ombro.

Deixou a mochila cair, pois precisava da mão livre para bater na porta. O som forte que produziu a pancada da mão dele na madeira da porta foi ouvido. Um homem jovem abriu a porta.

- Balthazar, é você? – perguntou Anílto com uma expressão curiosa no rosto.

Balthazar olhou atentamente para o homem, procurando os traços familiares do amigo, mas encontrou um homem de face sisuda, ganhada pelos árduos treinamentos e duras missões.

- Oh, capitão, meu capitão. – brincou Balthazar- Entre rápido.

Os três velhos amigos ficaram um momento se olhando, sem dizer nada, até que Bill quebrou o gelo.

- Você está diferente, Anilto. – disse.

Anilto cruzou os braços e colocou uma das mãos no queixo, em uma postura reflexiva e altamente superior.

- Sim, meus amigos.

- Então, é verdade que o tempo muda as pessoas? – comentou Balthazar – Espero que você não tenha mudado sua personalidade e seu caratér.

O homem sisudo sorriu. Ele tinha mudado, mas não tanto assim. Mesmo com todo o sofrimento que tenha passado, Capitão Anilton ainda era um homem bom.

- É verdade. – concordou Bill.

O Capitão deu de ombros.

- Na verdade, isso não importa muito. – revelou – Agora, me digam para que me chamaram aqui?

Bill Thunder deu um largo sorriso. Bateu palmas e disse:

- Calma, meu amigo. Primeiro, vamos nos reunir e fazer o que fazemos de melhor.

Balthazar pos a mão nas costas do Capitão.

- Vamos conversar, sãos e salvos, enrrolados até o pescoço nos alvos lençois do bar.

Vestiram seus casacos e sairam.

***

-Onde está Balthazar? – perguntou Bill.

Capitão olho ao redor, mas não encontrou o amigo. Ficou parado na porta de saída do bar.

- Lá vem ele. – observou Bill.

De um beco lateral, Balthazar saiu cambaleante. Parecia vir ferido.

-Vamos! – gritou Anilton, correndo em direção ao amigo.

Bill Thunder começou a rir. Capitão pegou Balthazar nos braços, mas notou que ele, na verdade, vinha com o rosto todo sujo de batom.

- Filho da mãe. – bradou o capitão, empurrando Balthazar.

Bill e Balthazar desataram a rir descontroladamente.

- Vocês estão bêbados. - gritou o capitão.

Depois ele saiu raivoso. Bill foi atrás dele.

- Não gostou da brincadeira? – perguntou.

O outro se fez de surdo, continuou andando como se nada, nem ninguém o pudesse impedir. Bill ficou estático na frente dele.

-Realmente, você mudou muito. – disse – Não é mais aquele meu velho amigo? Quem no tempo das nossas missões me salvou a vida? Que eu salvei a sua vida tantas vezes?

Bill passou a mão na boca.

- Não foi você que teve a idéia?

Capitão levantou a mão. Balançando a cabeça negativamente, falou:

- Nós prometemos nunca mais, falar mais disso.

-Sim. Nós prometemos.

Balthazar chegou perto deles.

- Senhoras. – disse – Podemos deixar disso?

Os dois homens se entreolharam, depois sorriram.

- Mais uma vez. – disse Bill – Balthazar tem razão.

Capitão desviou o olhar.

- Vamos seguir com o plano.

- Temos coisas mais importantes para fazer. – concordou Bill.

Ambos rumaram para o carro do Capitão.

- Amanhã, a missão será cumprida.

Entraram na Caravan e ao som de “Heaven and Hell” do Black Sabbath, eles rumaram para o hotel.

- Preparem as armas. – ordenou o capitão.

- Será que elas vão servir para matar esse cara? – perguntou Balthazar.

- Ele será capturado, pelo menos. – respondeu Bill - e a nunca mais matará ninguém.

- Sangrará até a morte. – completou o Anílto.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 12/05/2011
Código do texto: T2965920
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