Pacto

Eram quase 23 horas quando ele me ligou. Sua voz expressava muito medo quase um desespero.

Perguntou se podia passar em minha casa, achei estranho mas como um pastor não abandona suas ovelhas eu disse que eu poderia dar um pulo na casa dele.

Ele concordou e pedi para que ficasse calmo que em 15 minutos estaria lá.

Fiz uma oração fervorosa, pois senti que algo de terrível estava para acontecer.

A noite estava bem escura e um ar pesado tomava conta de tudo.

Peguei a bíblia e desci, peqguei o carro e sai.

O porteiro me olhou com ar de espanto, talvez por me ver saindo assim tão tarde da noite.

Chegando em sua casa, notei que todas as lâmpadas da casa estavam acesas e mais acesos ainda estavam seus olhos.

Ele veio ao eu encontro, me deu um abraço, como uma criança abraça sua mãe quando está assustado.

Entramos, e para meu espanto toda a sala estava bagunçada como se ali houvesse tido sido travado uma luta.

Ele olhou para mim e depois para os móveis fora do lugar.

-Foi ele. Foi ele.

Me disse desesperado.

-Ele quem? Indaguei.

Ele não respondeu, permanceu ali de cabeça baixa por uns minutos.

Levantou a cabeça e me olhou nos olhos. Seu olhar estava perdido no espaço.

Pedi para fazermos juntos uma oração. Ele aceitou. Nos ajoelhamos e ao fechar os olhos, senti a presença de mais alguém naquele cômodo.

Reuni todas as forças para vencer o medo e clamar ao Senhor.

Ouvimos muitos barulhos de móveis se arrastando e de algo rosnando com raiva e ódio.

Conforme fomos orando senti que o ambiente ia ficando mais leve, mais calmo e ao abrirmos os olhos tudo parecia estar tranquilo.

Os móveis haviam voltao ao lugar e nos sentamos no sofá.

Pedi a ele que me relatasse o que havia acontecido ali.

Ele me pediu perdão por não me contado quando eu o convidei para um servo na minha igreja.

Disse que se sentiu tão bem que não teve coragem de me contar e que acreditava que tudo aquilo havia sido uma bobagem sem consequencias.

Ele me disse que uma época em sua vida estava no fundo do poço e numa noite estava bêbado e clamou ao demonio e ofereceu sua alma em troca de uma vida boa.

Após isso, um homem muito bem vestido com terno preto e sapatos brilhantes apareceu a ele.

E disse simplesmente: "aceito sua oferta", e sumiu.

O tempo passou e nada mudou em sua vida, o que o fez não crer naquilo que presenciou, pensou ser mais um delírio de suas bebedeiras.

Então se batizou em minha igreja e tudo parecia estar bem. Até aquele dia pela manhã.

Segue abaixo o relato com sua próprias palavras:

"Quando eu ia ao trabalho, no ponto de ônibus, lá estava o homem, o mesmo terno preto e os mesmos sapatos brilhantes.

Ele me olhou e me disse: "você quebrou o acordo, essa noite venho te buscar"

Gelei. Nessa hora, depois de muito tempo me lembrei do ocorrido, mas também me lembrei que nada mudara em minha vida, se houve um acordo quem quebrou foi você, eu disse.

Eu não quebrei acordo algum foi você que não soube esperar pelas maravilhas que eu ia fazer em sua vida. Tenho meus caprichos e gosto de ver um certo graru de sofrimento, mas você falhou, não soube esperar. Você me traiu e se batizou em uma igrejinha, achando que vai se dar bem na vida. Otário. Trouxa. Trato é trato. Essa noite venho de buscar, Virou-se e desapareceu.

Tive medo, Trabalhei assustado com o ocorrido e quando voltei para casa e entrei, minha surpresa foi grande ao ve-lo aqui na minha sala e esperando.

Tentei orar mas fui atacado por ele. Em segundos ele deixou de ser o home de preto e se transformou em uma criatura horrenda, avermelhada, enorme e com chifres, seus olhos pareciam de fogo e sua força era descomunal. Destruiu tudo. Fiquei imóvel orando e vendo a tudo, até que o silencio tomou conta da casa e cosnegui te ligar.

O resto você sabe. Não preciso falar mais nada."

Fiquei sem saber o que dizer.Eu não podia dizer a ele que eu era um charlatão e que estava me borrando ali de medo.

Por cima de seus ombos pude ver num canto da sala o homem de preto, com um sorriso sarcástico no rosto a me olhar.

Senti minha espinha gelando de medo, disse a ele que tudo acabaria bem e que ele estava no caminho certo e que nada iria acontecer de mal.

Quando eu disse essas palavras o homem de preto abriu um sorriso que quase se transformou em gargalhada.

Quando minha ovelha estava mais calma, dei um abraço e o convidei a ir para minha casa, caso ele se sentisse mais seguro lá.

Ele agradeceu muito mas disse que ficaria tudo bem e que confiava em seu pastor.

Fui embora para casa. Confesso que assustado e com muito medo.

Ao entrar na garagem do prédio vejo o homem de preto encostado à uma pilastra.

Ele veio caminhando até mim, olhou me nos olhos e disse:

-Está feito. Ele já está comigo. E riu, de uma maneira sinistra e diabólica.

Tentei ligar e nada, tocava até cair a ligação.

Passei a noite em claro, orando por minha ovelha.

Bem cedo meu telefone fixo toca, eu ja sabia de que se tratava.

Uma vizinha me avisando do falecimento de minha ovelha.

A policia não soube definir o que o que matou.

A sala interia bagunçada. Seu corpo todo dilacerado. os olhos arrancados.

Nada foi roubado.

Para a policia, caso arquivado.

Para mim, um pacto cobrado.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 11/05/2011
Código do texto: T2963034
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