Brincadeira

Hoje acordei feliz! E, quando estou feliz fico expansivo, tendo a querer repartir minha alegria, então eu falo, e faço mais pessoas felizes. O caso, meu amigo, é que descobri uma linda brincadeira. E a coisa toda não é assim tão difícel, longe disso. Deixe-me explicar e aproveite a viajem.

Primeiro e mais importante, uma partner. Claro, afinal brincar sózinho normalmente não funciona.

Veja, pode-se escolher qualquer uma, eu, particularmente prefiro uma de meia idade, solteira, tipo professora sabe? E, se achar uma não tão bela, melhor. Aí é que a coisa realmente começa. Eu tenho minhas táticas, e a melhor delas inicia pelo telefone dela. Ligações inesperadas, as tres da manhã, fazem maravilhas com o animo das pessoas. Voce liga duas, tres vezes por madrugada, e claro, não fala nada. Ela vai comentar no trabalho, ninguém vai ligar e ela vai começar a ficar nervosa. Aí começa realmente a diversão. Eu passo a persegui-la. Sempre que possível e em todos os lugares, o efeito geral é ótimo. Sempre de perto mas discretamente. Eu gosto de me deixar entrever, as vezes, para desaparecer em seguida. Gosto de ser o eco dos seus passos, a sombra de sua sombra. De provocar aquela linda sensação de arrepio na nuca, dos que sabem estar sendo observados, sem no entanto, ver claramente quem observa. Devo ser honesto. È extremamente divertido. A tensão no rosto, as corridinhas ridículas para escapar, o cheiro do medo em meio ao perfume, pequenos deleites que fazem a vida valer a pena ser vivida. Revigorante. Ela vai começar a saltar com qualquer barulho, vai continuar sendo ignorada pelos colegas, e vai procurar a polícia. Resultado? Zero, nada...cinquentonas solteiras não são perseguidas, são, isto sim,mal amadas( triste este mundo em que vivemos,não?), e a polícia nada faz. Então ela é totalmete sua. O próximo passo é uma abordagem mais íntima. Com esta última, que por sorte morava em um apartamento,fiz coisinhas bem legais. A melhor foi na garagem. Ela voltou tarde. Eu bati a porta do meu carro só um segundo depois dela,para ter certeza que ela ouviria, e pisava forte, para marcar bem meus passos no silencio da noite. Ela andava cada vez mais rápido,olhando para todos os lados, e de repente, num rompante de inspiração, gargalhei o mais alto que pude. O efeito geral foi maravilhoso. Gritos, correria, uma queda...lindo!

Então passei a chama-la pelo interfone. Toque, silencio, toque, silencio. Ela deixou de trabalhar, não saia mais, não vivia mais. Era minha, por inteiro minha. Era tempo de me apresentar.

E eu me apresentei. E,elegantemente, a matei. E, como disse antes, fiquei feliz. Bem feliz.

FIM

lh mintem
Enviado por lh mintem em 10/05/2011
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