O Imortal (Cap. VI)
Mente vazia, apenas as linhas paralelas no calçamento. O som do mar e a brisa fresca da manhã. Ele olhou ligeiramente para o relógio, marcava cinco e meia da manhã. O sol já começava a aparecer, mas a sua luz já se fazia presente a algum tempo.
Ele já tinha corrido dez quilometros e sua roupa estava encharcada. Era hora de parar. Caminhou até um banco de cimento proximo e fez suas cinquenta flexões de braço, depois mais duas series de duzentos abnominais. Estava satisfeito.
Levantou-se e rumou para o mar. Tomou um banho refrescante e revigorante. Depois de aglum tempo rumou para o seu carro, um Chevrolet Caravan Diplomata. Tomou a toalha no imenso porta-malas e se enxugou.
O celular tocou.
- Alô. – disse.
Uma voz conhecida, mas esquecida há algum tempo falou do outro lado da linha.
- Eu irei. – respondeu – Mas, só chegarei amanhã, hoje eu tenho uma missão.
O homem entrou em seu carro e rumou para a Batalhão do Exército da cidade.
Quando parou no portão, um soldado que estava de plantão no portão, pediu para ele se identificar. Ele tirou a carteira militar e mostrou para o soldado.
- Obrigado, Capitão Anílto. – disse o soldado.
O homem entrou no pátio do quartel e estacionou na vaga com o seu nome.
Deceu do carro e rapidamente rumou para o prédio da sua companhia, dispensando a apresentação no corpo da guarda.
O Cap. Anílto era o comandante da primeira companhia de fuzileiros, conhecida como Companhia Cascável, mas essa companhia era a Sub-unidade de Operações Especiais (SUOPES).
O Capitão entrou em seu P.C e rapidamente, colocou a farda preta. Sua gandola era estampada com alguns brevês, mas o que ele mais se orgulhava era o de ter servido na África.
Aquela ligação pela manhã o fez lembrar do passado, afinal, ele e o Ten. Willian serviram juntos na África. Ficou lembrando de algumas missões que tiveram na época, fizeram algumas coisas que muitos homens bons se arrependeriam, mas eles fizeram o que era preciso.
O Capitão foi tirado dos seus pensamentos por um sargento que bateu na porta.
- Com licença, Capitão, está na hora. – disse.
- Eu sei! - respondeu – Está tudo certo?
O sargento olhou em uma prancheta que trazia e respondeu:
- Tudo dentro do previsto.
Capitão Anilton colocou seu suspensório. Pegou o sua toca da SUOPES e saiu seguido pelo sargento. Seguiram até o pátio e depois seguiram para o prédio do comando. Pediram permissão para entrar na sala do Coronel Lorenço.
- Com licença, Coronel – disse o Capitão – Capitão Anilton, comandante da primeira companhia de fuzileiros. Premissão para entrar no recinto.
- Pode entrar! – ordenou o Cel. Lorenço.
Ná sala, já estavam os quatro tenentes do pelotão e mais três sargentos. Todos da SUOPES. Todos rumaram para uma sala ao lado, que parecia uma sala de aula.
- Muito bem. – disse o Coronel – Vamos começar.
Todos sentaram-se nas carteiras que haviam lá.
As luzes apaguaram-se e uma projeção apareceu na parede.
- Senhores, recebemos uma missão. – explicou o Coronel - Será uma operação de assalto e captura. Estaremos divididos em dois grupos, um comandado pelo Capitão Anilto e outro pelo Ten. Mauro. Aqui estão alguns detalhes das divisões dos grupos. – foi passado para os militares envelopes com detalhes da missão.
O Coronel continuou.
- O teatro de operações será essa casa. – na projeção apareceu a planta de uma casa - acreditamos que na hora da operação, os suspeitos estarão dormindo, mas provavelmente terão sentinelas lá.
Ele tossiu com a mão na boca, depois continuou.
- Os senhores devem entrar silenciosos. Cumprir a missão e sair com o pacote.
Um soldado entrou com uma mala prateada. O Coronel a pegou uma chave em seu bolso e destravou a maleta, um leve brilho verde saltou sobre a sua face.
- Senhores, isso é o que vocês vão capturar do inimigo. – disse – Isso é plutônio.
Os demais militares na sala ficaram levemente assustados.
- Mas, não se preocupem. – continou o Coronel – Enquanto a substância estiver no receptaculo, que é uma maleta como essa, está protegida.
O coronel mostrou a todos a maleta.
- Alguma dúvida?
Todos os homens balaçaram a cabeça negativamente.
- Se não temos dúvidas temos o que?
Todos os homens levantaram e gritaram:
- Dívidas.
O Coronel completou
- Eu declaro aberta, a missão Andromeda.
***
Capitão Anilton e seus homens deixaram a viatura há dois quarteirões da casa. Avançaram em formação até chegar em frente a casa.
- Zero meia, para aquela laje com a Sniper. – ordenou o capitão apontando para uma casa que tinha uma laje alta.
O homem saiu correndo silenciosamente. Pulou o muro com a arma nas costas, jogou uma corda com um gancho até o ponto desejado e escalou o resto do caminho, até deitar-se confortavelmente com a arma em posilção.
- Zero um, câmbio. – o capitão ouviu no rádio – Zero meia em posição.
O Capitão levantou a mão fechada, depois dois dedos apareceram e apontavam vigorosamente para a entrada da casa.
Dois sargentos avançaram.
Os dois homens ajoelharam-se perante a porta e começaram a tentar arrômba-la.
- Zero um, movimento de suspeitos dentro da casa. – o radio berrou.
O capitão colocou o dedo na trava do seu fuzil.
- Preparem-se para tudo. – ordenou aos seus homens.
Todos checaram mais uma vez a munição e destravaram as armas.
Os dois sargentos que mexiam na porta deram o sinal, tinham conseguido abrir. Os demais militares seguiram agachados até a entrada.
- Zero meia, vamos invadir. – disse o capitão no radio – Você nos protege. Prepare a termal.
Zero meia de cima da laje apertou um botão em sua mira telescópica e passou a ver pelo infra-vermelho o calor do corpo dos amigos e um ponto azulado no peito de cada um, pois previamente toda a equipe tinha um saco com algumas pedras de gelo dentro.
Os homens levantaram-se e foram entrando um a um para dentro da casa. Eram silênciosos como sombras, mas mortais.
A sala estava deserta, mas havia uma entrada para a cozinha, um corredor pequeno, três quartos e o banheiro.
Zero cinco se adiantou aos outros e foi observar a cozinha. Sorrateiramente, ele entrou no cômodo. Havia um homem jantando na mesa, ele estava de costas. Era tudo que o tenente queria, rapidamente, ele o prendeu em um mata leão e tampando a boca do infeliz, cortou-lhe a garganta. Depois deixou o corpo inerte no chão e voltou para o grupo.
Os homens avançaram para o corredor, mas quando saíram da sala, as portas dos quartos se abriram, simultaneamente e de cada porta saiu um homem com um revolver trinta e oito na mão.
Ambos dispararam ao mesmo tempo. Zero três foi alvejado e caiu ferido.
O capitão jogou uma granada de luz e cegou temporariamente os oponentes. Rapidamente, os homens armados foram presos pelos demais militares.
Zero três estava perdeu muito sangue. Quando o capitão chegou onde ele estava, o Tenente Ronaldo já estava morto. O capitão ajoelhou-se ao lado do corpo do amigo. Seus lábios tremeram levemente e ele perdeu o controle.
Levantou-se e jogou o fuzil para trás, deixando o suspenso apenas pela bandoleira. Tirou sua pistola e deu um tiro a queima roupa em um dos prisioneiros desarmados.
- Sem prisioneiros! – gritou.
Um sargento disparou contra os outros prisioneiros.
- Procurem o pacote! – ordenou um tenente – Pente fino, rápido.
Todos os militares começaram a revistar a casa.
Dois minutos depois, alguém gritou:
- Eu encontrei.
O capitão estava tremendo de raiva e dor. Já tinha perdido homens, mas não naquela situação.
- Capitão, aqui está. – disse um tenente.
Ele trazia uma pequena maleta prateada na mão; Colocou em cima da mesa e a abriu. O esperado brilho verde iluminou levemente o rosto do tenente.
O capitão ordenou:
- Chamem o comando. Digam que a missão foi cumprida.
Parou um instante para olhar o corpo do companheiro morto.
- Diga que sofremos uma baixa e que não houve sobreviventes do lado inimigo.
Nesse momento um dos homens do capitão gritou:
- Inimigo à direita!
Um homem caiu sangrando, morto com um tiro na cabeça. Mas, não era um dos homens de Anilton. Era um dos bandidos.
- De nada! – ouviram no radio.
- Zero meia, seu filho da mãe.
Pouco depois a viatura chegou para levar os militares de volta ao Batalhão.
Ao chegar ao quartel, o coronel estava esperando na guarda.
- Missão cumprida, coronel. – disse o capitão.
-Muito bem. – elogiou o coronel.
O Capitão desequipou e rumou para seu alojamento. Lá ele tomou um banho refrescante e rejuvenescedor.
Depois ele saiu chutando os armários do lugar.
- Você não deveria ter morrido.