O Imortal (Cap. V)

Bill Thunder arregalou os olhos.

- Quem é? – gritou.

Balthazar estava pasmo com a boca aberta apontando para as imagens reveladas pelo anjo.

- Não é possível... – balbuciou Balthazar – É... É o... O amigo do meu avô.

Olhando fixamente para o amigo, Bill parecia não acreditar, afinal, era muita sorte o amigo conhecer o assassino.

- Calma! – disse. – vamos apanhá-lo.

- Mas, eu não sei o nome dele, também não sei onde mora.

Bill ficou vermelho de raiva. Deu um soco na mesa.

- Droga, Balthazar, então como conhece o cara? – berrou.

Balthazar, de repente começou a rir. Um riso que foi rapidamente, se transformando em uma gargalhada.

- Você ainda ri?

Bill coçava a cabeça desesperado. Não sabia mais o que fazer com o amigo. Não sabia se batia nele ou se o abraçava. Enfim, chegou a um veredito.

- Eu preciso de uma cerveja.

Um forte estampido foi ouvido na sala, era Anagrom que tinha apagado o fogo celeste dos olhos. Ela recolheu as asas e gritou para os homens:

- Fechem os olhos, agora!

Ambos cobriram o rosto e um enorme clarão surgiu do nada, depois toda a luz foi condensada em um único ponto e tudo voltou ao normal. Anagrom era uma mulher normal, ela retirou do dedo o anel e o broche do cabelo, depois os guardou na caixa dourada em cima da mesa.

- Então, Balthazar? – disse o anjo – De onde você o conhece?

Balthazar já mais calmo. Passou a mão no rosto e disse:

- Na casa do meu tio, há um retrato de um velho amigo do pai dele.

Bill abriu as mãos como se não entendesse.

- Só pode ser ele. – continuou Balthazar – Até que faz sentido. O filho da mãe, realmente, é imortal?

- Sim! – disse Bill – Seu avô o conheceu, agora seu tio?

Balthazar colocou a mão no queixo.

- Meu tio deve pensar que ele é o herdeiro dele, mas na verdade...

E ambos falaram ao mesmo tempo.

- É ele!

Todos na sala se olharam. A mulher sentou-se na cadeira.

- Preciso descansar. – disse Anagrom – Olhar o passado é muito desgastante.

Bill encarou o amigo. Depois olhou a mulher sentada.

- Bom, vamos deixar você descansar. – disse – Vamos Balthazar, vamos para o meu hotel. Amanha iremos falar com seu tio.

Anagrom acompanhou a dupla até a porta do casebre.

- Tenham cuidado. – falou.

A mulher tirou dos bolsos dois pingentes prateados na forma de uma estrela circulada por uma lua minguante. Ela segurou-os entre as mãos, uma espécie de luz azulada brotou dali. Depois entregou um para Bill e um para Balthazar.

- Usem sempre esses amuletos, isso impedirá que qualquer magia dele tenha efeito sobre vocês. – disse – Eu repito, tenham muito cuidado.

Os homens guardaram os amuletos no bolso e rumaram para o carro.

- Balthazar. – disse Bill.

- O que foi William?

- O que você viu aqui, fica aqui, ok? – perguntou em tom de pedido.

Balthazar sorriu e baixou a cabeça.

- Tudo bem. – finalmente, falou – Sei que estamos no meio de uma coisa muito maior, mas não quero atrapalhar. Eu só quero pegar o filho da mãe que matou minha prima.

- Tudo bem, vamos, entre no carro.

Bill Thunder girou a chave na ignição. O ronco do motor do Corcel II se fez ouvir e era muito bonito de se ouvir, mas Balthazar preferiu aumentar o som e ouvir “Last Caress” do The Misfits que estava tocando na radio punk da cidade. Bill com um claro sentimento de desapontamento estampado no rosto manobrou o carro e rumou pela avenida em direção ao centro da cidade.

Na radio, começou a tocar “God Save The Queen” do Sex Pistols. Enquanto Balthazar curtia o som e acompanhava o som da bateria com pancadas ritmadas no seu joelho, Bill Thunder parecia estar em uma cadeira de tortura. Retorcia os olhos e dava pequenas baforadas. Bill não gostava nem um pouco de punk. Quando ele não resistiu mais, simplesmente, apertou o botão “OFF” no player, logo, ele ouviu protestos.

- Ei...

Bill já estava um pouco ofendido por estar ouvindo punk contra sua vontade e não queria saber de protestos.

- Nada de argumentos. – disse - o carro é meu, vamos ouvir silêncio agora.

Balthazar ficou em silencio, afinal, o argumento do amigo não lá foi muito convincente, mas o que ele podia fazer?

Passaram-se alguns minutos até que alguém quebrasse o silêncio.

- Se nós vamos enfrentar esse inimigo. – disse Bill – Nós Vamos precisar de ajuda.

Balthazar sorriu.

- Você pensou na mesma pessoa que eu? – perguntou Bill.

Balthazar confirmou com a cabeça.

- Muito bem. – confirmou Bill animado - o numero dele está na minha agenda, vamos relembrar velhos tempos.

Depois, Bill Thunder religou o player e colocou um CD que tinha no porta-treco da porta. Uma musica antiga começou a tocar, era “Simple Man” do Lynyrd Skynyrd.

- Isso sim é musica. – ralhou com Balthazar – Vê se aprende!

O Ford Corcel II rasgou o asfalto da avenida em direção ao hotel.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 04/05/2011
Código do texto: T2947902
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