Taxidermia
Taxidermia ou a arte de embalsamar animais é um processo milenar, e seu inicio remonta aos egípcios há mais de 2.500 AC.
Uma arte que passa de pai para filho. Ou de avô para neto, dependendo do caso.
John sempre teve orgulho de seu avô. Passava horas na oficina com ele.
Se encantava a cada etapa do processo. Desde o momento em que o animal era encontrado morto até o acabamento final.
Ele aprendeu com o avô que nunca se matava um animal para depois empalhá-lo.
A morte tinha de ser natural.
Seu avô era mestre nessa arte. Já havia trabalhado para museus, para universidades, e com todo tipo de animais, desde pequenas aves até animais de grande porte.
Era o herói de john.
O Sr. Harris, o avô de John era realizado em seu trabalho, porém algo não o deixava feliz.
Era o descaso que seu filho Júnior dava à sua arte.
Nunca se interessou e ainda zombava de seu trabalho. Era um problema.
Júnior sempre causou problemas, logo aos 13 apresentou problemas com alcool e depois com drogas.
Na escola era o garoto problema, em casa não era diferente.
Por três vezes estragou trabalhos do Sr. Harris.
Mas no seu neto John, o Sr. Harris via a perpetuação de sua arte, e ele se empenhava em ensinar cada detalhe do processo a john, que se aplicava e devotava roda sua vida no aprendizado.
Seu avô sempre o lembrava que a técnica servia para todos os animais, grandes e pequenos, do ar ou da água.
Aprendeu a tirar a pele, a tirar as partes internas, a preparar soluções para conservar a pele.
Aprendeu a usar a serra para os casos onde os ossos precisavam ser serrados.
Era um aluno exemplar.
Mas sofria a mesma dificuldade de seu avô. Seu pai o atormentava sempre que podia.
Sua mãe falecera quando ele tinha 6 anos, e ele viveu desde então com os avós.
Júnior, o pai, viveu sozinho, tendo como companhia as bebidas, drogas e as prostitutas que sempre o acompanhavam.
E vez ou ou outra aparecia para visitá-lo. Raramente sóbrio.
Toda vez que aparecia causava problemas, implicava com os animais que estavam sendo empalhados, e se dessem uma chance ele destruiria alguns.
Sempre foi assim.
Sr. Harris nunca soube o porque dele ter tanto ódio pela taxidermia.
Mas nada pode fazer para fazeê-lo gostar da arte.
Enfim, a vida na oficina de taxidermia continuava como sempre.
John agora já deixara a teoria e partira para a prática ajudando seu avô. E se saindo muito bem.
Seu avô ficava admirado com o desempenho do neto, e isso era bom afinal ele já estava com a idade avançando e sabia agora que teria um substituto.
John agora já estava com 19 anos. Um profissional taxidermista.
Um dia recebem a notícia de que Júnior falecera. John não soube definir o sentimento que teve naquela hora. Um sentimento de frieza tomou seu coração. Era como se mais um animal acabasse de perder a vida.
Ele sabia que seu pai detestava a taxidermia. Mas ainda assim pensou em fazer algo por ele.
Junto com seu avô foram até o necrotério, pegaram o corpo do pai e o levaram para o preparem para o funeral.
Durante o serviço funerário algumas pessoas perguntaram o porque do caixão estar lacrado, e simplesmente responderam que era um desejo de seu pai.
Ninguém imaginaria que ali só estavam suas visceras e outras partes desnecessárias para um bom trabalho de taxidermia.
O corpo de Júnior estava láno fundo da oficina junto a outros animais passando pelo processo de secagem para depois ser totalmente preenchido com palha e outros materiais.
Depois de alguns meses de trabalho Júnior permanecia sentado de forma bem ereta, e com braços cruzados sobre o colo a observar seu pai e filho exercerem a arte que ele tanto detestava.
Seu rosto imóvel e com olhar fixo parecia saber que seu fim seria aquele.
Talvez a obra máxima de avô e neto.
Eles apenas sentiam por não poderem exibí-lo ao público.