O misterioso desaparecimento de Sara - (II)
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- Eu detesto mudança – desabafou Márcia – São coisas que não acabam mais e o pior é ter de arrumar tudo.
- Márcia há uma diferença – disse Jessica colocando uma bola dentro de uma caixa de papelão – Isso aqui é uma quitinete para três e lá é uma big casa, você não vai conseguir encher o armário com suas roupas.
- Já terminaram? – perguntou Sara que acabara de chegar.
- Já estamos terminando – respondeu Márcia sem desviar os olhos da blusa que estava dobrando.
- Vocês tiveram a manhã toda para fazer as malas – zangou Sara. Que respirando fundo continuou:
- Eu acordei ás 06:00h arrumei minhas coisas em 1 hora e sai para resolver o problema do transporte. E vocês a que horas acordaram heim?
As meninas sabiam que quando Sara começava a falar não parava mais ela era muito perfeccionista e não gostava de se atrasar em nada, não é para menos que era a primeira da turma de arquitetura do primeiro período.
- Gente na moral eu não quero nunca ficar nessa casa enorme sozinha, sei lá o que pode estar escondido em um dos cômodos – disse Márcia.
- Não exagera esse lugar não é tão grande assim. Temos cinco quartos, uma cozinha, um escritório, a sala de jantar, o sótão e o porão. Dez cômodos. Vamos desfazer as malas garotas – finalizou Jessica.
Decidiram ficar nos quartos do andar de cima, pois dois deles ficavam no andar de baixo. Às 22:00h Sara que assistia TV na sala foi até a porta principal e a trancou, depois verificou a porta da cozinha e por fim fechou todas as janelas. Era noite de sábado Jessica mal acabara de desfazer as malas e já se arrumou para sair, enquanto Márcia decidiu deitar mais cedo, pois queria acordar antes das 06:00h para dar uma corrida. Sara estava para abrir a porta de seu quarto quando sentiu cheiro de algo queimando, olhou ao redor e viu fumaça saindo do quarto de Márcia, correu até o local tentando girar a maçaneta, porém estava trancada.
- MARCIA, MARCIA! – gritou ao mesmo tempo em que esmurrava a porta com o pé.
- AHHHHHHHHHH! SARA, SOCORRRO, AHHHHHHHH.
- MARCIA AGUENTA – Sara tomou distância pôs toda força do impulso nos seus ombros. A porta cedeu.
- MARCIA... - Sara espantou-se com o que viu. O quarto estava em perfeita ordem. Márcia que estava distraída se assustou com a entrada da outra.
- Sara o que houve?
- Como assim o que houve? Estava pegando fogo. Você estava me pedindo ajuda – disse perplexa. Márcia a olhou levantou-se da cama indo em direção a amiga e colocou a mão em sua testa medindo a temperatura.
- Não tem febre. Amiga isso deve ser cansaço. Vai para o seu quarto, vou pegar um copo de leite bem quentinho para você – disse com ternura como se estivesse falando com uma criança.
Há alguns dias atrás
Dois seres observavam da janela do sótão três adolescentes, mais um rapaz.
- Acha que elas vão ficar? – perguntou o da direita sem emoção.
- Vão sim – respondeu o outro com um sutil sorriso nos lábios – Mas dessa vez a historia será outra.
- Posso me divertir um pouquinho? –
- Você sempre se diverte, mas dessa vez sem mortes – advertiu.
- Como assim sem mortes? O que está tramando? – indagou surpreso.
- A garota morena é o nosso alvo.
- E as outras?
- São sortudas. Seguiram suas vidas.
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Nos dias que se seguiram Sara teve vários picos de ilusão. Certo dia ao chegar da faculdade encontrou o interior da casa banhado em sangue e pedaços de carne espalhados por todo canto. Ficou histérica e ao perceber que aqueles pedaços de carne estavam se juntando e vindo em sua direção correu para a cozinha onde estava tudo normal. Tentou sair pela porta da cozinha, porém estava travada, ouviu ruídos quando se virou Jéssica e Márcia a olhavam assustadas. Quatro dias depois, estava sentada de frente ao computador fazendo um trabalho, quando sentiu algo roçando as suas costas se virou com o coração acelerado e nada viu ao se voltar para a tela um enorme olho vermelho a encarava se afastou da mesa quase caindo. A energia caiu deixando o lugar em trevas sentiu mãos tocando o seu corpo, começou a se debater e ao abrir os olhos viu que suas amigas estavam sobre ela tentando faze-la voltar a si.
- O que aconteceu? – perguntou chorando.
- Ouvimos gritos e quando chegamos você estava se debatendo e... Se machucando – disse Jéssica olhando para os profundos arranhões no braço de Sara.
- O que está havendo comigo? – perguntou e sem esperar resposta caiu em prantos.
Márcia e Jéssica passaram a noite vigiando Sara que de vez em quando se levantava sonâmbula e tentava se auto-fragelar. No dia seguinte não foram a faculdade. Devido passar a noite em claro houve um momento em que as meninas dormiram e acordaram aos saltos ouvindo gritos. Perceberam que vinham do sótão ao subir as escadas encontraram somente a camisola que Sara vestia no chão em meio a uma gosma esverdeada e com vestígios de sangue. Márcia e Jéssica a procuraram pela casa inteira e nada. Ligaram para a policia e para a família de Sara. Na gosma esverdeada a perícia encontrou DNA da garota, mais as pistas pararam por ai, pois nada mais foi encontrado. O Doutor Tavaris que fez analise da substancia ativou a segurança nacional que em questão de horas interditou o local, porém só ficaram durante uma semana. Márcia e Jéssica se mudaram para uma casa menor e sem antecedentes de mortes e seguiram em frente mesmo sem saber o que acontecera com a amiga.
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