A Construção Maldita

Fez a massa homogênea. Misturou todos os ingredientes: areia, cimento e filito. Carregou todos os tijolos. Derramou seus suores dias, após dias. Dedicou-se com esmero em todos os tijolos assentados. Do alicerce ao respalde, fez tudo com carinho e amor.

Em cada cômodo uma esperança, em cada esperança um sonho. Agora estava ali, diante do paredão principal da sala de estar. Analisando o buraco na parede. Lagrimas teimando em cair. A mulher amada e precursora da realização daquela construção estava a sua frente imóvel.

Sem um sorriso nos lábios, aqueles mesmo lábios que o seduziu! E ao seu lado estava também o amante dela, sem expressão no rosto. Uma pedra bruta, de coração mais vil ainda.

Seus olhos percorreram toda a sua bela morada buscando uma última visão. Seu coração batendo acelerado, porém tão doido! Tudo estava no fim. Seus pensamentos buscavam entender os porquês? No entanto, nada explicava aquela ação da sua esposa. Traí-lo de tal maneira.

Além do mais logo agora que ficou milionário com um premio na loteria. Ele podia dar de tudo á mais ela não quis. Quis berrar para o mundo sua dor, dor moral que doía mais na alma do que no corpo.

O último tijolo foi colocado, tapando a ultima visão que ele teve da construção que fez. Veio à escuridão, a sua morte foi silenciosa, mais ainda ouvi a esposa traidora e o amante dela vibrando com o seu bilhete nas mãos. E foi enterrado para sempre na sua própria construção.

valdison compositor
Enviado por valdison compositor em 10/04/2011
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