A arte pela arte? (O horror da vida real)

Por Ramon Bacelar

Com um olhar de ansiedade e expectativa, Jorge finalmente pergunta ao seu editor:

-E aí Guto, o que achou?

-Bem...Sinceramente acho que...

-É importante frisar que é apenas o manuscrito, uma primeira versão do romance ...Está longe do ideal.

-Sim, mas eu acho que você às vezes extrapola com esse papo de honestidade emocional, a arte pela arte e não sei lá mais o que.

-Quer dizer que você não acredita na fidelidade do escritor para com ele mesmo?

-Claro que sim...E você sabe que eu gosto do seu trabalho.

-Sim?

-Mas é que..Olha, acho que agora você passou dos limites!

-Como se a arte tivesse limites, ora bolas.

-Jorge, eu sei que você sempre procurou se manter fiel aos seus sentimentos em relação à vida e as pessoas, também sei que seus textos refletem sua visão de mundo. – Guto brigava com as palavras. - ... Mas... Bem...

-Desembucha!

-Gastar 15 anos em planejamento, pesquisas, observações e profundas meditações sobre a futilidade, o nada e o vazio absoluto da existência e me entregar um romance com 1.300 páginas EM BRANCO é demais pra minha cabeça!!!

FIM

Ramon Bacelar
Enviado por Ramon Bacelar em 19/03/2011
Código do texto: T2857422
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