O ANJO DA MORTE
O ANJO DA MORTE
Jairo era um homem de 31 anos, quando ele tinha 28 anos, a sua família preocupada com a situação psicológica dele o leva ao médico. O diagnóstico do doutor era que Jairo sofria de esquizofrenia. Ele teve uma infância e adolescência normais, aos 23 anos se formou em licenciatura e logo aprovado em concurso público começou a lecionar na rede pública de educação. Tinha vários planos e queria um dia se tronar Doutor em Linguística. Porém, os anos foram passando e Jairo ficando cada vez mais com um comportamento que constrangia a sua família. Aos 29 anos de idade, Jairo considerado inapto para o trabalho, a sua família consegue para o doente uma aposentadoria. Logo em seguida aluga para ele um barracão, como eles disseram para que o esquizofrênico se sentisse à vontade. Mas, a verdadeira intenção da família era manter o professor com problemas psicológicos longe. Evitando assim, as loucuras de Jairo. Logo, a solidão passa a ser um fator de piora da situação de Jairo.
Todos os dias a sua irmã Anália leva para ele o almoço e a janta, pois eles não deixaram fogão e nada que pudesse causar acidentes no barraco onde Jairo estava morando. Anália, era a figura humana que Jairo mais mantinha contato, ela olhava a situação do irmão e ficava muito triste em vê-lo daquela forma. Ela pensava, “como ele que era tão inteligente e tinha um futuro promissor foi cair nesta situação?”
Jairo que vivera recluso em seu barracão nos últimos meses, resolve um dia sair de casa. Ele sai à noite, vaga por alguns lugares da cidade, em certo ponto ele se depara em frente a uma igreja, entra no santuário, senta em dos bancos e fica observando a cruz pendurada na parede a sua frente. Jairo pensa, “ela é linda, é estranho como eu nunca havia observado a sua beleza.” Ele sai da igreja e continua a caminhar, agora, já tinha em mente o que buscar, pois aparece em sua frente o seu amigo que Jairo havia denominado de Anjo Fiel, ele falara ao doente:
--Você deve procurar um lugar que te traga conforto.
Jairo, então pergunta:
--Que lugar é esse Anjo Fiel?
--Qual foi a coisa mais bonita que você viu hoje?
Pergunta a Jairo, o personagem de sua imaginação. E Jairo o responde:
--Foi a cruz no altar da igreja.
E o Anjo Fiel então lhe diz:
--Procure um lugar onde tenha várias cruzes e faça uma visita aos moradores deste lugar todos os dias à noite, eles vão ficar felizes e a sua solidão irá ser atenuada.
Continua a falar o Anjo Fiel:
--Mas você deve visitá-los todos os dias, ou então você será levado a fazer parte da família dos mortos.
Jairo fica muito assustado com as palavras do anjo. Ele anda de um lado para o outro no meio da rua, sem saber o que fazer. Ele recobra os “sentidos” e continua a peregrinar pela noite e acaba se deparando em frente a um cemitério. Jairo então, ouve as vozes lá dentro que o chamava:
--Jairo, nosso salvador, venha aliviar a nossa dor.
O peregrino noturno adentra no reduto das almas frias, caminha por entre túmulos e mausoléus e logo a frente ver um grupo de pessoas estranhas. Todas elas estavam muito magras, em algumas era possível ver o desenho dos ossos sob a “pele”. Elas estavam vestidas com vestes salpicadas e sujas e todas ficaram com uma leve alegria ao ver o Jairo. Uma das almas se dirige ao visitante e diz:
--Que bom que você nos ouviu Jairo. A sua presença irá atenuar a nossa dor.
Jairo pergunta ao morto:
--Por que vocês me chamaram o que querem de mim?
Um vulto, que parecia uma mulher loira, muito magra, com veste suja de sangue, sai de traz de outras almas com um estranho sorriso de dentes negros e podres e fala a Jairo:
--Nós estamos sofrendo, pois os nossos parentes e amigos nos colocaram aqui e nos abandonaram e estamos condenados a ver a felicidade alheia até que possamos pedir perdão sobre erros que deixamos pendentes em vida e você foi indicado pelo Anjo Fiel como uma das pessoas que pode nos ajudar.
--E como posso ajudar vocês?
Pergunta o perturbado doente. Neste momento o dia já estava amanhecendo e alguém que vira Jairo perambulando pela noite avisara Anália, que saiu a procurá-lo e o encontra conversando sozinho em frente a uma sepultura que pertencia a uma presidiária. Anália fica muito assustada com aquela cena e sente medo do seu irmão, mas o leva para casa. Anália pergunta a Jairo:
--O que você estava fazendo naquele cemitério?
Jairo responde:
--Eu não sei bem, estava andando pela rua e as pessoas tristes que moram lá me chamaram. Sabe Anália, eles precisam de mim.
Anália, muito assustada tenta convencer o irmão de sua loucura.
--Eles não precisam de ninguém Jairo, eles estão mortos.
Mas Jairo não acredita e responde a irmã.
--Eles estão mortos, mas eles precisam da minha ajuda, pois estão sofrendo.
Os dois irmãos chegam na casa de Jairo, Anália arruma a sua casa que estava uma bagunça, dar banho no irmão que já não conseguia se higienizar sozinho. Ela sai e compra um lanche para eles, pois não teve tempo de preparar o almoço naquele dia. Anália fica junto com Jairo até a noite, ela espera o irmão adormecer e então vai embora. Mas Jairo logo acorda e sai em direção ao cemitério, sentindo um alegria demente em se sentir útil ajudando as almas perdidas.
Chegando na casa dos mortos e não vendo nenhuma das almas, ele começa a gritar:
--Onde estão vocês?
Aparece em sua frente o Anjo Fiel e Jairo pergunta para ele com lágrimas doentias em seus olhos:
--Onde estão os meus amigos?
O então o anjo o responde:
--Jairo, meu amigo, as almas que você viu ontem precisam muito de sua ajuda, pois elas estão sofrendo e você precisa trazer uma coisa que irá salvá-las do sofrimento.
--O que devo fazer meu querido anjo?
O Anjo Fiel, fala para Jairo:
Você deve vir aqui amanhã à noite e trazer a sua irmã Anália, para que ela veja que os mortos precisam de sua ajuda. Jairo concorda, e sai do cemitério e vai para casa, maquinando em sua mente doente, uma forma de levar Anália ao cemitério. Quando Anália chega com o almoço de Jairo, este lhe diz:
--O anjo me falou que você deve ir comigo ao cemitério hoje à noite.
Anália o responde:
--Jairo, não existe nenhum anjo e nós só vamos ao cemitério quando morre um amigo. Lá é lugar só dos mortos.
Mas Jairo insiste e começa a chorar medonhamente. Anália pensa em falar com sua família sobre a piora do irmão, mas sente pena dele ao vê-lo em um tratamento doloroso. Ela então decide levar o irmão no cemitério naquela noite, e provar para ele que não existe nada do que ele estava falando.
Anália espera a noite chegar, ela era uma pessoa honesta e bondosa, a única que visitava o esquizofrênico. O dia havia transcorrido frio, quando os dois irmãos saem de casa começa uma chuva muito forte, os dois adentram o deserto cemitério e nunca mais ninguém teve noticias nem de Jairo, nem de Anália. A única coisa encontrada foi uma grande e estranha poça de sangue dentro de um mausoléu.