A aparição

Há várias noites que eu não estava dormindo direito mais.

Sem saber o porque eu acordava no meu da noite e não conseguia mais pegar no sono. Ficava deitado olhando para o teto.

Apenas uma lâmpada do banheiro permanecia acesa. Deixando entrar um fio de claridade pelo vão da porta.

Às vezes me levantava, ia ao banheiro, depois ia para a sala e ficava lá sentado no sofá, olhando para a televisão desligada.

O estranho é que minha cabeça parecia oca, como se nada estivesse dentro dela, somente um vazio. Um nada.

É estranho como no silêncio da noite, todo barulho parece assustador. E como parece que vemos coisas onde não existe nada.

Duas semanas se passaram dessa forma.

Durante o dia eu ficava um caco de cansado.

Mas o pior ainda estava por vir.

Naquela quarta feira foi muito pior. Fui me deitar lá pelas 23 horas.

Não consegui pegar no sono. Comcei a ouvir barulhos estranhos no forro. Parecia pessoas andando, ou melhor, se arrastando.

Dava a impressão de ouvir gemidos, sons abafados de alguém sentindo dores.

2 horas. Nada de sono. 2:30 h.

Estava bem quente, mais do que o normal para a época.

Abri a janela de meu quarto e fiquei olhando para fora. nenhum movimento. Nem as árvores se moviam. Nenhum vento.

De repente as luzes da iluminação pública se apagam, apenas as que estavam próximas de minha casa. Escuridão total, Mas dentro de minha casa as luzes continuaram acesas.

Continuo imóvel a olha para fora.

Do nada as árvores começam a se agitar, um vento gelado entra pela janela. Gelado. E junto um cheiro de morte. De hospital. Me arrepiei e tive medo.

Mas não conseguia sair do lugar.

De dentro da escuridão vejo sair e vir em minha direção um garoto de bicicleta. Mas nada se encaixava, naquela hora, naquele breu, algo estava errado.

Ele sorria um sorriso de menino feliz. E veio na direção de minha janela, atravessou muro e portão, paredes... sempre sorrindo.

Passou bem a meu lado e nesse momento parou de sorrir e me olhou de frente.

Pude notar para meu espanto que seu rosto estava dilacerado, em carne viva, um olho havia sido arrancado.

Sua camisa estava banhada em sangue. Seus braços ensanguentados.

Da mesma maneira que veio ele sumiu.

O cheiro de morte foi junto com ele e as luzes dos postes se acenderam.

O vento cessou.

Acho que fiquei ali parado por pelo menos duas horas.

Só quando o sol começou a aparecer é que consegui me mexer.

Sentia o corpo dormente e uma brisa gelada passou pelo meu corpo.

Tomei um banho e saí para o trabalho.

No caminho para a empresa, cruzei com um garoto de bicicleta que me olhou sorridente.

Um sorriso de menino feliz. Cruzou e seguiu seu caminho.

Ao chegar na empresa, uma noticia me deixou um pouco chocado.

Um garoto havia sido atropelado.

Gelei e senti minhas pernas perderem as forças.

Fiquei atormentado pela notícia e tive de me dirigir ao necrotério e verificar o que eu temia que fosse verdade.

Sim, o garoto do meu "pesadelo" era o mesmo com quem eu cruzara pela manhã.

Estava morto. Atropelado.

Procurei a familia do garoto e prestei toda a ajuda necessária.

Até hoje não consegui entender o porque daquela aparição.

Mas depois do ocorrido, nunca mais tive insônias.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 16/03/2011
Código do texto: T2851806
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