Eugênia
Eugênia vivera com o marido por sessenta e sete anos.
No hospital, conversava com ele como nos tempos de namoro.
Numa visita em que ele se encontrava ao lado do leito, a segurar as suas mãos, ouviu-se ela dizer:
- Não se esqueça do nosso pacto, Damião!
O pacto se resumia num juramento de partirem juntos, desta vida...
Se fossem separados, o que ficasse deveria se deixar ir também.
Depois de muitos delírios, sua mente calou e seu coração parou de bater.
Tinha na época, noventa anos de idade.
Casara-se com Damião, amor da sua vida e companheiro inseparável, com vinte e três anos.
Dedicou toda a sua vida a servir-se em amor para esse homem.
Ele também a amava e não podia conceber a vida sem ela...
Certo dia, depois de sua morte que já datava de uns quatro meses, Damião estava a atravessar a rua quando um carro o colheu em cheio...
Jogado ao longe, quando socorrido, suspirava em agonia e dizia:
- Eugênia querida, espere por mim...
Conta-se que, lindamente, do outro lado da rua, ela acenava para ele para que fosse ao seu encontro.
Afoito para alcançá-la se atirou na frente de um carro que vinha à toda velocidade...