O CADAVER

Dr. Fernando chegou para mais um dia de trabalho, se lhe perguntarem como ele foi parar naquele lugar, com sinceridade ele não vai saber explicar, trabalhar numa funerária limpando cadáveres realmente não é uma profissão que você deseja quando é criança, se por acaso esse era o seu sonho, me desculpe, mas eu não consideraria isso algo comum.

Assim que chegou, ele vestiu seu jaleco e colocou as luvas, sabia que tinha mais um trabalho a fazer, um garoto foi encontrado morto, um infeliz acidente na casa dos avós, era para Fernando ficar com pena, mas ele já viu tantas mortes que nem liga mais, é está ali apenas trabalhando.

Depois de se vestir foi até a sala onde faria o tratamento de beleza com o corpo, ia limpar, maquiar, e às vezes até perfumar o defunto, ele achava estranho com as pessoas são insensíveis com os mortos, para se ter um velório bonito fazia-se o que fosse necessário para ter um “anfitrião” apresentável, pois mesmo sendo um ambiente de tristeza, os velórios são um espaço social, assim algumas regras de estéticas ficam valendo, você não vai para um velórios para ver um corpo desfigurado.

É por esse pudor para com o feio que Fernando tem um emprego, esse medo para a morte, pois geralmente, se pede que tirem a cor pálida, e os olhos fundos, em resumo, ele tem a missão de transformar a aparência do morto, ele tem que deixar o cadáver parecendo um vivo para que os vivos não se incomodem com o cadáver.

Fernando entrou na sua sala, ela era revertida de azulejos brancos, uma mangueira para lava-lo, e no centro o cliente estava deitado numa maca metálica, ele estava completamente nu, apenas com um lençol fino por cima.

Puxou-o e olhou para o rosto do garoto.

– Tão novo, e já está indo para uma melhor. – comentou consigo.

Depois se pôs a trabalhar, contudo quando pegou no braço do garoto, ele percebeu algo estranho, ele não estava rígido, muito pelo contrario, estava mole, como se o garoto ainda estivesse vivo, mas logo em seguida ele percebeu que também não como ele estivesse vivo, ele estava mais mole que o normal, como se fosse feito todo de liquido.

Pela primeira vez desde que começou a trabalhar nesse ramo a vários anos, Fernando sentiu um arrepio, largou o braço do garoto recuou. Alguns segundos depois ele riu consigo, o que ele estava fazendo? Deve ter se impressionado por nada.

Então voltou para o garoto, examinou o que precisaria fazer paradeixa-lo como se estivesse dormindo, viu que teria que começar pelos olhos, eles estavam muito fundos, aqueles eram os sulcos mais profundos que tinham visto. Aproximou-se e puxou a pálpebra do olho.

– Caramba! – exclamou surpreso.

O olho do garoto tinha se transformado em liquido, após se assustar Fernando fez um movimento brusco, o rosto do garoto se virou, o liquido do olho aberto escorreu pelo rosto, o do fechado também começou a sair, como uma lagrima pôs morte.

Fernando puxou o rosto para cima novamente, o olho aberto havia se transformado numa orbita vaia, ele tinha escorrido até a ultima gota, o outro estava indo pelo mesmo caminho.

Fernando passou a mão pela testa suada, tinha algo errado com aquele corpo, para descobri ele fez algo que não costuma fazer, foi atrás da identidade do garoto, queria saber quem ele era.

Alguns minutos depois ele voltou com uma prancheta nas mãos, ela dava toda a ficha do garoto, não parecia nada de anormal...

– Mas que droga é essa?

Havia muitos caroços na pele do morto, isso não era o pior eles estavam se movimentando, como se tivesse alguma coisa viva dentro dele, Fernando largou a prancheta que caiu no chão, nela estava o nome do garoto,Beto e causa da sua morte, um acidente com a escada no porão.

Foi até o garoto, ficou olhando aqueles caroços se movimentando, indo em direção à garganta, curioso ele puxou o maxilar do garoto abrindo sua boca.

De repente minúsculas aranhas começaram a sair pela boca aberta, elas se espalharam por todo canto, elas tinha o tamanho de uma unha, mas sua mordida era doida, e também havia milhares, milhões...

Subiram na roupa do Fernando e começaram a comê-lo vivo, ele tentava expulsa-las batendo com as mãos, mas não conseguia, em pouco tempo elas já havia, perfurado sua pele e o atacavam por dentro.

Fernando caiu se contorcendo com dores inomináveis, não sabia como aquilo podia parar, só queria que aquilo parasse. então ele viu a mangueira que usaria para limpar o corpo do Beto.

Se arrastando ele foi até ela, suas unhas tinham sido arrancadas pelo esforço que fez ao crava-las no chão para poder se movimentar,aquilo doía, mas não chagavam nem perto para o que estava sentindo sobre a pele.

Os gritos de Fernando eram altos, mas não tinha ninguém ali para ouvi-lo, sabia que estava só, ele era o único que podia se ajudar.

Pegou a mangueira e enfiou goela abaixo, depois abriu no máximo, e esperou até que a agua começasse a entrar, talvez daquele jeito a dor parrasse...

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Depois que terminei de escrever esse conto, percebi que poderia expandir muito mais essa história, então nos próximos dias vou começar uma serie de textos relacionados a ela, eles terão um titulo geral de “INVASAO DAS ARANHAS”.

PS: EU QUERIA AGRADECER AOS COMENTARIOS QUE VOCÊS TÊM ESCRITO. VALEU.

Adecio Chaves
Enviado por Adecio Chaves em 03/03/2011
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T2826404
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