O tom bronzeado da morte.
A imensidão das areias brancas de Figueira da Foz, balneário português ao sol do atlântico, tinha um ponto em vermelho, um corpo dilacerado, e um terrível mistério sombreava aquela manhã...
Verão de 1977, o corpo bronzeado de Felipe era figura constante nas praias brancas com um mar de azul profundo de Figueira da Foz, e era um contumaz freqüentador daquele pedaço de paraíso, um excitante e paradisíaco cantinho onde ele fez seu, onde construiu um lindo sobrado ao pé de uma montanha.
Ali exercitava seus dotes artísticos ligados a pintura e também em seu porão praticava mais a sério sua experiência cientifica, pois a pouco se formara, era um cientista que precisava provar seu valor, apesar de economicamente saber que não dependeria disto para viver, já era suficientemente estruturado financeiramente, nascera rico.
Não raro era visto desfilando com beldades as mais variadas, e que inevitavelmente, devido ao charme do rapaz, terminavam a noite, sob a janela panorâmica da casa de Felipe, respirando a maresia do atlântico.
Embora muitas bebidas fossem consumidas nos passeios de Felipe, no apartamento ele gostava de provar e oferecer a suas convidadas algo diferente...
Absinto, tequila, e uma mistura de ópio e essência de tâmara, era o seu coquetel preferido, e que oferecia a suas “amigas” depois do banquete regado a frutos do mar.
A cozinheira, senão fossem pelas roupas brancas e uma touca também branca, poderia se dizer que saíra de uma cena dantesca de Franz Kafka, o tom sinistro da voz e pela geografia de seu rosto sempre chamava a atenção das visitantes, mas que Felipe tratava de reduzir tudo a boas risadas sob efeito de seu relaxante coquetel.
Nas madrugadas, depois das festas, o silencio imperava no andar superior e no térreo, apenas a luz do porão podia se observar, pelas clarabóias a beira da areia que vinha colar-se a parede do sobrado, e lá dentro via-se uma silhueta mover-se ao redor de uma mesa, enquanto Felipe ainda sob efeito de sua estranha composição etílica, dormia profundamente, depois a luz do porão se apagava e o mórbido silencio viajava nas entranhas da noite, até o amanhecer.
Além de cozinheira, a mestiça vinda do oriente, de Macau ainda limpava a casa e ajudava Felipe nos afazeres científicos e de lazer.
Lin, era uma mulher acostumada com a dificuldade pois vivera no Vietnã, depois de um casamento fracassado e fora auxiliar de necropsia em Saigon, vindo parar em Portugal quando terminou a guerra, por ter alguns parentes de Macau morando na Europa.
O sol já ia alto quando Felipe levantava e ia até o porão, com um pequeno vasilhame embaixo do braço, voltando depois com ele vazio...
Esta era a rotina dele, pelo menos 8 meses no ano ficaria ali, e com seu novo projeto em andamento talvez tivesse que ficar mais tempo.
E como se fosse um vício, ele pelo menos umas 3 vezes por semana, ia ao centro em alguma balada e trazia uma acompanhante, sem antes inteirar-se quem era a sua nova amiga, e geralmente durante o calor de uma dança fazia suas perguntas, mas não sem antes apresentar-se e dizer o que fazia. Perguntas como idade, tipo sanguíneo, e se tinha hereditariedade em algum tipo de doença grave, o que não chegava a perturbar as mulheres, pois tratava-se de um cientista, então...Mas havia um detalhe interessante, se nestas perguntas as respostas fossem positivas, ele nunca saía com as mulheres do local onde estava,chegando no entanto com elas em seu sobrado, estacionando na garagem de porta automática. Se a resposta fosse negativa, não deixava de levá-las a sua casa, mas fazia questão de sair com elas da balada...
Numa manhã Lin reportou a seu patrão que policiais haviam estado nas redondezas a procura de 7 mulheres desaparecidas misteriosamente...
Naquela mesma tarde Felipe esteve no porão, e ao voltar de lá chamou Lin e lhe deu um longo abraço, comemorando alguma descoberta.
Quando a noite chegou, convidou Lin para dar uma volta nas montanhas, e exatamente as 3 da manhã voltou sem ela.
Por 1 hora ingeriu absinto sem gelo e ouviu Zamfir, depois subiu em seu quarto vestiu apenas uma bermuda, uma sandália e colocou uma camiseta de colarinho, dali a 45 minutos o dia iria amanhecer...
Esfuziante iria enfim, revelar ao mundo sua descoberta...
O ser mais perfeito na face da terra, viria das experiências de Felipe, uma mescla de células de seres humanos especialmente escolhidas, implantados em animais, uma mutação genética mecânica , iria revolucionar os exércitos, a produção humana de bens e serviços iria quadruplicar em eficiência, era enfim a redenção do planeta, pensava a mente diabólica de Felipe.
A intenção era apenas cortar a língua de Lin, sua assistente nas experiências, mas achou melhor joga-la dos penhascos para garantir que ela não iria denunciá-lo, retirou material dos corpos de algumas garotas depois de matá-las com injeção letal, enterrando no porão os corpos em buracos feitos na areia atrás de uma porta secreta, exatamente aquelas que lhe foram úteis, as outras era só festa mesmo, por isso poderia aparecer em publico com elas...
Depois de trocada a sua roupa, Felipe desceu até o porão, retirou da parede uma corrente com coleira e dirigiu-se para o fundo escuro do porão, dentro de uma jaula, o que já fora um cão boxer alemão, dormia e de acordo com os dados, ele seria uma criatura dócil, inteligente, que faria tudo que Felipe mandasse. Depois Felipe passou a coleira no pescoço da criatura que o olhou profundamente como que reconhecendo seu criador, e depois passeava com ela na praia...
Pelo menos 2000 elementos químicos além dos itens humanos foram usados para que aquele primeiro protótipo de um ser universal tivesse os resultados obtidos, mais tarde já feitos os testes, seria feito o contrario e um ser humano teria as mesmas características, melhorando em 50% sua inteligência...Felipe derramou uma lágrima ao pensar no que descobrira...
8 homens conduziam aquele caixão de zinco, até o veiculo de resgate na rodovia ao lado da praia, o corpo de Felipe fora destroçado, olhos arrancados, as vísceras estavam a mostra, um espetáculo horrendo e singular em sua monstruosidade, pois nunca havia visto algo parecido...Um pouco mais adiante sob uma leve camada de areia, o cão, ainda com a coleira e a corrente, morto com a boca espumando...Numa violenta reação diante da luz do sol, que de alguma maneira reagiu com os elementos do seu corpo, ele atacou e matou Felipe, e mais adiante caiu morto devido a mistura de tantos elementos em seu corpo ...
Malgaxe
A imensidão das areias brancas de Figueira da Foz, balneário português ao sol do atlântico, tinha um ponto em vermelho, um corpo dilacerado, e um terrível mistério sombreava aquela manhã...
Verão de 1977, o corpo bronzeado de Felipe era figura constante nas praias brancas com um mar de azul profundo de Figueira da Foz, e era um contumaz freqüentador daquele pedaço de paraíso, um excitante e paradisíaco cantinho onde ele fez seu, onde construiu um lindo sobrado ao pé de uma montanha.
Ali exercitava seus dotes artísticos ligados a pintura e também em seu porão praticava mais a sério sua experiência cientifica, pois a pouco se formara, era um cientista que precisava provar seu valor, apesar de economicamente saber que não dependeria disto para viver, já era suficientemente estruturado financeiramente, nascera rico.
Não raro era visto desfilando com beldades as mais variadas, e que inevitavelmente, devido ao charme do rapaz, terminavam a noite, sob a janela panorâmica da casa de Felipe, respirando a maresia do atlântico.
Embora muitas bebidas fossem consumidas nos passeios de Felipe, no apartamento ele gostava de provar e oferecer a suas convidadas algo diferente...
Absinto, tequila, e uma mistura de ópio e essência de tâmara, era o seu coquetel preferido, e que oferecia a suas “amigas” depois do banquete regado a frutos do mar.
A cozinheira, senão fossem pelas roupas brancas e uma touca também branca, poderia se dizer que saíra de uma cena dantesca de Franz Kafka, o tom sinistro da voz e pela geografia de seu rosto sempre chamava a atenção das visitantes, mas que Felipe tratava de reduzir tudo a boas risadas sob efeito de seu relaxante coquetel.
Nas madrugadas, depois das festas, o silencio imperava no andar superior e no térreo, apenas a luz do porão podia se observar, pelas clarabóias a beira da areia que vinha colar-se a parede do sobrado, e lá dentro via-se uma silhueta mover-se ao redor de uma mesa, enquanto Felipe ainda sob efeito de sua estranha composição etílica, dormia profundamente, depois a luz do porão se apagava e o mórbido silencio viajava nas entranhas da noite, até o amanhecer.
Além de cozinheira, a mestiça vinda do oriente, de Macau ainda limpava a casa e ajudava Felipe nos afazeres científicos e de lazer.
Lin, era uma mulher acostumada com a dificuldade pois vivera no Vietnã, depois de um casamento fracassado e fora auxiliar de necropsia em Saigon, vindo parar em Portugal quando terminou a guerra, por ter alguns parentes de Macau morando na Europa.
O sol já ia alto quando Felipe levantava e ia até o porão, com um pequeno vasilhame embaixo do braço, voltando depois com ele vazio...
Esta era a rotina dele, pelo menos 8 meses no ano ficaria ali, e com seu novo projeto em andamento talvez tivesse que ficar mais tempo.
E como se fosse um vício, ele pelo menos umas 3 vezes por semana, ia ao centro em alguma balada e trazia uma acompanhante, sem antes inteirar-se quem era a sua nova amiga, e geralmente durante o calor de uma dança fazia suas perguntas, mas não sem antes apresentar-se e dizer o que fazia. Perguntas como idade, tipo sanguíneo, e se tinha hereditariedade em algum tipo de doença grave, o que não chegava a perturbar as mulheres, pois tratava-se de um cientista, então...Mas havia um detalhe interessante, se nestas perguntas as respostas fossem positivas, ele nunca saía com as mulheres do local onde estava,chegando no entanto com elas em seu sobrado, estacionando na garagem de porta automática. Se a resposta fosse negativa, não deixava de levá-las a sua casa, mas fazia questão de sair com elas da balada...
Numa manhã Lin reportou a seu patrão que policiais haviam estado nas redondezas a procura de 7 mulheres desaparecidas misteriosamente...
Naquela mesma tarde Felipe esteve no porão, e ao voltar de lá chamou Lin e lhe deu um longo abraço, comemorando alguma descoberta.
Quando a noite chegou, convidou Lin para dar uma volta nas montanhas, e exatamente as 3 da manhã voltou sem ela.
Por 1 hora ingeriu absinto sem gelo e ouviu Zamfir, depois subiu em seu quarto vestiu apenas uma bermuda, uma sandália e colocou uma camiseta de colarinho, dali a 45 minutos o dia iria amanhecer...
Esfuziante iria enfim, revelar ao mundo sua descoberta...
O ser mais perfeito na face da terra, viria das experiências de Felipe, uma mescla de células de seres humanos especialmente escolhidas, implantados em animais, uma mutação genética mecânica , iria revolucionar os exércitos, a produção humana de bens e serviços iria quadruplicar em eficiência, era enfim a redenção do planeta, pensava a mente diabólica de Felipe.
A intenção era apenas cortar a língua de Lin, sua assistente nas experiências, mas achou melhor joga-la dos penhascos para garantir que ela não iria denunciá-lo, retirou material dos corpos de algumas garotas depois de matá-las com injeção letal, enterrando no porão os corpos em buracos feitos na areia atrás de uma porta secreta, exatamente aquelas que lhe foram úteis, as outras era só festa mesmo, por isso poderia aparecer em publico com elas...
Depois de trocada a sua roupa, Felipe desceu até o porão, retirou da parede uma corrente com coleira e dirigiu-se para o fundo escuro do porão, dentro de uma jaula, o que já fora um cão boxer alemão, dormia e de acordo com os dados, ele seria uma criatura dócil, inteligente, que faria tudo que Felipe mandasse. Depois Felipe passou a coleira no pescoço da criatura que o olhou profundamente como que reconhecendo seu criador, e depois passeava com ela na praia...
Pelo menos 2000 elementos químicos além dos itens humanos foram usados para que aquele primeiro protótipo de um ser universal tivesse os resultados obtidos, mais tarde já feitos os testes, seria feito o contrario e um ser humano teria as mesmas características, melhorando em 50% sua inteligência...Felipe derramou uma lágrima ao pensar no que descobrira...
8 homens conduziam aquele caixão de zinco, até o veiculo de resgate na rodovia ao lado da praia, o corpo de Felipe fora destroçado, olhos arrancados, as vísceras estavam a mostra, um espetáculo horrendo e singular em sua monstruosidade, pois nunca havia visto algo parecido...Um pouco mais adiante sob uma leve camada de areia, o cão, ainda com a coleira e a corrente, morto com a boca espumando...Numa violenta reação diante da luz do sol, que de alguma maneira reagiu com os elementos do seu corpo, ele atacou e matou Felipe, e mais adiante caiu morto devido a mistura de tantos elementos em seu corpo ...
Malgaxe