O outro cérebro

Desde criança ele tinha uma deformidade na fronte direta.

Era um calombo de tamanho razoável, aparentando ser um amontado de veias pulsando.

Conforme ele foi crescendo a tal deformidade foi se tornando menor.

Mas depois de um tempo, ás vezes ele voltava a ficar saliente, a ponto das pessoas que o encontravam pergunatrem se havia sofrido alguma batida.

Ele disfarçava e fazia brincadeira com o assunto.

Mas ele sabia que algo estava estranho.

Ele sentia aquele calombo pulsando de forma estranha, forte e desgovernado.

Mas nunca teve coragem de procurar um médico.

Tinha medo do que poderia ser aquilo.

Ele sabia que algo bom não seria.

O tempo foi passando.

havia dias que tudo estava normal e ele podia sair sem problemas, mas em outros dia, era impossível.

Ele sentia como se o calombo tivesse vida própria, pulsava em descompasso com seu coração.

Era como se fosse sair de sua fronte e levar uma vida independente.

Ele começou a ter medo daquilo.

Começou a sair bem menos e se fechar em sua casa onde vivia sozinho.

Ele sempre brincava que tinha dois cérebros e um estava alojado no tal calombo.

Mas o que ele nem imaginava é isso era verdade.

Não só um outro cérebro, mas outro ser crescendo a seu lado, aos poucos, dia após dia.

De repente ele começa a sentir dores de cabeça.

Dores insuportáveis.

A pulsação agora é mais forte que seu coração.

Ele não consegue controlar seus movimentos.

Algo o controla e não é seu cérebro.

O calombo criando vida própria e assumindo o poder sobre o corpo.

Ele começa a se tornar maior. Cresce a cada dia.

Ele fica ali jogado no sofá da sala.

Como um parasita em uma árvore.

Suas energias vão se acabando.

O calombo aumentando de tamanho.

Até se desprender totalmente deixando uma cavidade em seu crânio, deixando ali um corpo inútil e sem vida. O calombo se arrasta pelo chão deixando um rastro de sangue sujo.

Consegue chegar até a porta semi aberta e vai se arrastando até a calçada.

Sumindo na cidade grande á procura de um hospedeiro.

O corpo em estado de putrefação só foi encontrado dias depois.

Ninguém soube explicar o que teria acontecido àquele homem.

Assassinato? Coisa do além?

Nada responderia às questões.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 21/02/2011
Código do texto: T2806614
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