A escadaria

Bem, vou descrever o cenário antes de contar a história.

Em minha cidade existem muitas partes altas e baixas, e em determinado ponto existe um parque na parte bem alta e para se chegar lá faz se necessário o uso de uma escadaria que deve dar pelo menos uns 30 metros.

Contam que onde hoje é o parque há muito tempo atrás era um cemitério.

A escada é toda iluminada durante a noite não oferecendo perigo.

Pois bem, certa noite precisei buscar minha filha que estava fazendo um determinado curso e para encurtar um pouco a caminhada resolvi subir pela tal escada.

Chovia. Uma chuva fina, mas chovia.

Comecei a subir os degraus e quando estava mais ou menos no meio do percurso comecei ver vultos subindo e descendo ao meu lado. Eram muitas pessoas, uns vestidos de branco subiam e outros vestidos de negro estavam descendo.

Usavam um capuz o que não me deixava ver seus rostos.

O mais estranho é que perdi a noção de tempo e espaço. Hora eu parecia subir, outras a descer.

A escadaria se tornou muito iluminada como se fosse meio dia.

Parecendo mais brilhante quando se olhava para o topo dela e uma penumbra sem fim quando se olhava para baixo.

E eu caminhava e caminhava e parecia não ter mais fim.

Comecei a entrar em desespero mas continuei a subir. Ou descer.

Aos poucos os vultos foram diminuindo até que apenas eu continuei na escadaria.

Parecia uma eternidade o tempo que fiquei subindo e descendo.

Minha preocupação era com o horário que eu tinha de pegar minha filha no curso.

Já devia ter passado muito tempo do final do curso e eu estava muito atrasado.

Enfim o último degrau. Alivio. Paz.

Me apressei o mais que pude até chegar onde era ministrado o curso.

Cheguei lá e não havia mais ninguém pra fora. Me senti frustrado.

Mas para minha surpresa vi as pessoas começarem a sair,

Cheguei até um pouco adiantado.

Minha filha me olhou e me perguntou se eu estava bem.

Respondi que sim.

Saímos e fomos caminhando.

Mas preferi o caminho mais longo.

O caminho que não passava pelo meio do parque e muito menos pela escadaria.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 18/02/2011
Código do texto: T2798793
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