Noite chuvosa
Há quase uma semana chovia sem parar naquele mês de Janeiro.
Na verdade essa época do ano é perfeitamente normal esse tipo de coisa.
Mas naquela noite estava sendo pior, a chuva estava bem pesada e constante.
Trovões e relâmpagos causavam medo. As paredes pareciam tremer.
Fui para a janela da sala e fiquei a olhar para fora.
Era assustador. A chuva forte, o vento e os relâmpagos.
As árvores pareciam vultos sinistros a correrem atras de alguma coisa.
Até aquele dia eu não sentia medo de chuva, pelo contrário, achava até graça.
Mas aquele dia tudo mudou.
De repente minha avó desceu as escadas apresada com uma lamparina na mão.
E me pediu para sair de perto da janela e parar de olhar para fora, pois eu poderia ver o que não queria.
Eu sempre passava alguns dias de minhas férias escolares com minha avó.
Levei um susto com o modo que ela me falou.
E ela ainda me disse que a energia podia acabar a qualquer momento, por isso estava com a lamparina.
Mal ela terminou a frase e um trovão seguido de um raio cortou o céu trazendo consigo uma total escuridão.
A energia se fora. Ainda bem que tínhámos a lamparina.
Mas não sei o porque, mas minha avó não acendeu.
E quando percebi estava olhando para fora. Não se via nada, só se ouvia o barulho do vento quase arrancando as árvores.
Cheguei bem perto do vidro da janela e o que eu vi, me deixou com as pernas moles.
Eu me vi lá fora todo encharcado e com uma expressão de pavor estampado no rosto.
E no mesmo instante em que me via lá fora, era como se eu estivesse mesmo lá fora e me olhando.
E do lado de fora eu via a casa de minha avó, mas completamente diferente da que eu conhecia.
Era sombria, quase negra e bem maior do que o normal.
Acima da casa vi umas sombras que formavam um vulto sinistro.
Para meu desespero esse vulto na verdade era minha avó, mas com semelhanças de uma bruxa, uma cara de mau, seus braços enormes pareciam querer abraçar a casa.
Seus olhos vermelhos parecendo brasas incandescentes fitavam o interior da casa.
Mais precisamente para onde eu me econtrava.
E eu conseguia me ver dentro da casa olhando para fora e com os olhos arregalados e com muito medo estampado no rosto.
Estava pálido. Como se sestivesse vendo um fantasma.
Me vi pegando o celular e ligando para meu pai. Pai venha me buscar.
De repente outro trovão faz as paredes tremerem.
E como se estivesse voltando de um transe, fui tomado de um susto.
Estava em pé olahndo para fora mas só havia escuridão e o barulho do vento forte.
Me virei e vi minha avó acendendo a lamparina.
Ela fixou os olhos em mim e me arrepiei inteiro. Senti um gelo no estõmago.
Algumas horas depois a energia voltou e meu pai apareceu para me buscar.
Não me lembro de tê-lo chamado, e nem ele recebeu telefonema, mas sentiu que devia me buscar.
Fui para casa naquela noite.
Minha avó faleceu alguns dias depois, exatamente em uma noite chuvosa.
Nunca mais voltei àquela casa.
Mas as lembranças ainda me assustam nas noites de chuva forte.