O Inimigo Íntimo

Era uma noite chuvosa na cidade de Atlanta, e Susan Parker estava a assistir televisão sozinha. Seus pais estavam em Boston, a fim de resolver pendências da recém falecida mãe da Sra. Parker, avó de Susan. Eddie, o irmão mais velho, estava no emprego de férias que arranjara, como barman.

Haviam mudado de Columbia no verão anterior, e a adaptação fora rápida. Logo fizeram amizades na vizinhança e ajeitaram-se a suas novas vidas. A casa de dois andares família em East Lake era grande, mas aconchegante.

Não tão aconchegante assim neste momento, Susan pensou. Ela tinha dezenove anos, e um medo infantil de noites como aquela. Quando pequena, durante as tempestades dormia com os pais, ao lado da cama deles, no chão forrado carinhosamente pela mãe. Quando já era um pouco mais velha, ia ficar com Eddie, para não mostrar a fraqueza infantil aos pais.

Mas agora você já está bem grandinha, ela ponderava consigo mesma, e pode ficar em casa sozinha em noites assim. Além do mais, Eddie volta em poucas horas, e...

A televisão desligou, assim como as luzes.

Queda de energia. Mas saber disso não ajudava em nada, e Susan soltou um grito.

Ficou alguns minutos ainda sentada no sofá, então foi até a despensa procurar por velas. Não se lembrava onde a mãe as guardava, o que fez com que tivesse algum trabalho para encontrá-las no escuro. Quando abriu a gaveta certa, tirou um par da caixa. Acendeu as duas. Uma deixou no andar de baixo, outra levou consigo para seu quarto na parte de cima da casa.

Subiu a escada de degraus estreitos lentamente. Com uma mão segurava o pires da vela e com a outra apoiava-se no corrimão. Um tombo, sozinha e no escuro, era a última coisa de que precisava no momento. Ao alcançar o andar superior, caminhou rapidamente até seu quarto, no corredor à esquerda. Colocou a vela na mesa de cabeceira e aninhou-se em sua cama.

Espero que Eddie não demore, ela pensou. Aqueles antigos pavores pareciam prestes a virem à tona. A sensação de que as trevas de uma noite de tempestade ocultava os mais terríveis monstros. Um trovão ribombou no céu, e, em sua cama, Susan se encolheu. Consultou seu relógio de pulso, que marcava onze horas. Eddie nunca voltava antes de uma da manhã. Mas nesse dia foi diferente.

Após algum tempo imersa em seus devaneios, Suze ouviu a porta da frente ser aberta e fechada com um estrondo. Uma sensação de pânico subiu por seu corpo e gelou sua alma. Apenas ela, o irmão e os pais tinham a chave. Só pode ser Eddie, ela pensou. Talvez tenha faltado luz no bar, não é tão longe daqui. Ele deve ter vindo embora mais cedo. Essa ideia a acalmou enquanto ouvia o som de passos subindo a escada.

O alívio veio quando viu a silhueta de seu irmão parada em frente a porta do quarto dela. Ele estava encharcado, dos pés à cabeça e parecia pálido e cansado, pelo pouco que ela conseguia enxergar. Mas quando ele falou, foi com uma voz mansa e tranquila.

"Assustada, irmãzinha?", ele disse quando chegou perto de Suze.

Ela pulou da cama e o abraçou.

"Você está ensopado, por que saiu nesta chuva? O expediente terminou mais cedo? Faltou luz no bar?"

Apesar da fraca iluminação, que vinha apenas da vela na mesa de cabeceira e do fraco brilho da noite vindo da janela, Suze percebeu o brilho nos olhos azuis de seu irmão. Era como se fossem duas pequenas pérolas na escuridão. Podia também perceber como seu rosto estava de algum modo, diferente. Ela não sabia por que, mas definitivamente estava diferente.

"É, a energia caiu lá também, e o gerador não funcionou" ele respondeu, ainda mansamente. "E eu não podia deixar minha irmãzinha caçula sozinha nessa tempestade, não é?", continuou, sorrindo. Um estranho, mas belo sorriso, no breu quase total do quarto.

"Obrigada, mas é melhor se secar logo, ou vai pegar um resfriado. Você está gelado", disse Susan.

O mesmo esboço de sorriso tocou novamente os lábios de Eddie. Ele estava agora a olhar pela janela fechada, diretamente sob a baça luz da lua quase escondida pelas nuvens e a chuva. Susan percebeu como seu rosto estava de fato pálido e sem vida. Ao olhar mais atenciosamente para o rosto do irmão, pode também ver os caninos destacando-se de sua boca e as duas marcas vermelhas em sua jugular.

Ela ficou sem ar. O medo que agora sentia, de fato fazia o temor dos raios e trovões parecer apenas coisa de criança. Ainda com seu sorriso sinistro, mas agora distante do fraco luar, Eddie respondeu:

"É verdade. Farei isso. Obrigado pela preocupação, irmãzinha. Vou ao meu quarto por um instante, está bem?", ele disse pausadamente. "Fique aqui, não se aventure pela casa escura, Suze. Vai acabar levando um tombo e não quero ter de levar você ao hospital. Volto logo para ficarmos juntos, como quando éramos crinças, lembra?"

Ele saiu sem esperar uma resposta, e dobrou à direita no corredor, em direção a seu quarto. Susan trancou imediatamente a porta do dela, e lá ficou, soluçando de medo e apreensão, pensando sobre o que havia visto, e tentando pensar no que faria caso aquilo realmente fosse real.

Passaram-se não mais de quinze minutos, mas que para Suze pareceram uma eternidade. Os trovões ecoavam mais alto do que nunca na noite escura lá fora. Ela ouviu passos macios se aproximando no silêncio do corredor, do outro lado da porta. Passos de duas pessoas, ela percebeu, embora não tenha ouvido a porta da frente se abrir outra vez.

A maçaneta girou uma vez. Outra vez. Então veio a voz de Eddie, ainda calmo.

"Irmãzinha, você está aí? Deixe-me entrar, quero lhe apresentar um amigo."

Suze gritou, ainda sentada em sua cama.

"Vá embora! Não quero conhecer seu amigo."

Um riso soou do lado de fora do quarto. A voz agora deixava transparecer alguma irritação.

"Ora, ora. A caçulinha resolveu se rebelar contra o irmão mais velho? Abra a porta Suze, ou entraremos à força."

Susan não respondeu. Sua respiração era pesada, e cada vez era mais difícil puxar o ar. Murmúrios vieram do lado de fora do quarto. Poucos segundos depois, a porta sofreu uma investida, foi arrancada da moldura, e caiu no lado de dentro do quarto com um baque. As duas criaturas adentraram o recinto.

"Mas que falta de educação, Suze", disse Eddie, voltando agora ao tom suave de antes. " Para que trancar-se sozinha em uma noite tão bela como esta? Seja boazinha e diga olá a meu novo amigo Dorian."

"Diga olá, docinho." Agora era o tal Dorian quem falava. Ele era mais alto que Eddie, e tinha olhos mais intensos. A tempestade havia abrandado, e a noite se tornara mais clara, fazendo com que o luar banhasse com mais intensidade o quarto, através da janela ao lado da cama. "Ela é realmente encantadora, Ed."

"A pobrezinha apenas se esqueceu das boas maneiras, meu amigo", Eddie falava mais uma vez. "Perdoe-a por isso. Mas, diga-me, vocês não formariam um belo casal?"

A essa última frase, Susan reagiu, como havia tramado durante o rápido intervalo entre as batidas na porta e o presente momento.

Lembrou-se do crucifixo de ouro que sua avó, a mesma cujo falecimento levara seus pais a Boston, havia lhe dado em seu aniversário de dezessete anos. Pensou nas histórias que havia lido sobre vampiros sendo derrotados pela força de símbolos como aquele, que se corretamente utilizados inibiriam o avanço das criaturas da noite.

Ainda não digerira completamente o fato de ter que travar uma batalha com alguém que era sangue do seu sangue, a quem tanto amava e se dava tão maravilhosamente bem. Pelo menos até poucas horas atrás.

Mas será que realmente aquele ser ainda preservava algo de seu querido e amado irmão?

Não havia tempo para esses questionamentos. Susan deslocou-se rapidamente, no agora melhor iluminado quarto, até sua mesinha de cabeceira e puxou o crucifixo, que estava na primeira gaveta.

De início, os vampiros nada fizeram. Ela os havia pego de surpresa. Isso era bom.

"O que está fazendo aí, irmãzinha?", perguntou Eddie. "Vamos lá, vire-se para nós! Tive a sorte de conhecer Dorian no bar hoje. Ele me presenteou, mesmo sem eu pedir, com a imortalidade. Não doeu nada, Suze... na verdade nem percebi. Que tal ser uma de nós? Mergulhe nesta nova vida! Disse a Dorian que você era uma boa moça."

O breve discurso de Eddie fez com que Susan tivesse tempo de concentrar sua energia para o ataque. Ela estava de costas para eles e as criaturas fatalmente não haviam notado o objeto que ela segurava. Suze ainda teve tempo de lamentar mais uma vez pelo monstro de olhos brilhantes e fala macia em que seu irmão havia se transformado.

Ela então sentiu que um dos dois começara a andar em sua direção. Dorian, sem dúvidas. O novo e monstruoso Eddie, que sabe-se lá o que já poderia ter feito naquela noite antes de voltar para casa, provavelmente teria prometido sua irmã mais nova ao outro vampiro. Talvez em algum pacto ou dívida entre os dois, uma vez que seu novo amigo era o responsável pela transformação do velho Ed naquilo que ele agora era. Sentindo o sangue quente e a raiva dentro de si, Susan Parker esqueceu todos os seus medos e virou-se para o ser que vinha em sua direção, segurando o crucifixo na frente do corpo.

"Em nome de Deus, eu ordeno que volte para o inferno!", ela bradou.

O objeto sagrado em suas mãos então emitiu uma luz nunca antes vista por ela. Era dourada e iluminava todo o quarto escuro, e além. Era um brilho tão intenso, que teve de cerrar seus olhos.

Dorian soltou um esgar pavoroso, diferente de qualquer som que possa sair de gargantas humanas. A luz queimava sua pele pálida, e o fazia recuar.

Eddie também fora atingido pelo clarão. Embora estivesse mais distante, não conseguiu evitar, e caiu de joelhos no chão, urrando como seu companheiro.

Os músculos de Suze estavam retesados, e suor escorria de sua testa até seus olhos. Isto é magnífico, ela pensou. Sentia todo o poder que emanava do crucifixo se espalhar por seu corpo, mente e alma. Ao mesmo tempo, tamanho esforço consumia suas energias rapidamente.

Mas faltava pouco. Percebia que Dorian estava cada vez mais disforme e sem forças, e agora, encontrava-se encurralado contra a parede pela força da luz.

Eddie, porém, não mais se encontrava no quarto. Ao notar a falta do irmão, Susan teve um sobressalto. Mas precisava focar-se em exterminar o outro intruso. Então gritou a ele mais uma vez.

"Volte para o lugar de onde você veio, criatura infernal!", e aproximou-se do vampiro, desferindo o golpe final.

O monstro, após o derradeiro esforço da jovem, soltou sua última exclamação de dor, e simplesmente se desintegrou diante dos olhos de Susan. Não havia mais qualquer sinal daquele ser. Nem mesmo suas vestimentas permaneceram.

Suze então recuou alguns passos e caiu sobre sua cama, exausta. Fechou os olhos por alguns instantes.

Lembrou-se de Eddie. Onde ele estaria? Teria sido exterminado antes de seu comparsa? Teria reunido forças, e fugido do quarto a tempo?

Ela não sabia. E isso era o pior de tudo. Seria obrigada a ficar alerta a um ataque surpresa, vindo de seu próprio irmão. A ideia de combater um ente querido, mais uma vez a dilacerou por dentro.

Aquilo não é mais Eddie, ela forçou si mesma a acreditar. Por maior que fosse sua dor em virtude disso, tinha de ser forte. E agora, afinal, descobrira que tinha em sua fé e no crucifixo de sua avó um aliado capaz de ajudá-la, se tivesse energias.

Teria de ter.

Susan Parker, a garota com medo de tempestades, era agora uma exorcista de vampiros. Apesar de tudo, quando a ideia a ocorreu, ela sorriu.

Levantou-se e se dirigiu para o corredor, com o crucifixo em mãos. Passou por cima da porta arrombada. É melhor acabar logo com isso, pensou.

"Apareça, e enfrente o poder da Luz! Está com medo de sua irmãzinha?", ela gritou para a casa escura. Não houve resposta, ou sequer um ruído.

Esperou um pouco, pronta para ação. Ainda sentia-se cansada, mas a adrenalina estava pulsando, dando a ela energia para o que poderia acontecer. Começou então a achar que Eddie havia sucumbido a sua investida contra eles na primeira vez. Estivera tão concentrada em Dorian, que se aproximava, que não percebera.

Quando passou a aceitar essa hipótese como provável, soltou o ar e baixou a guarda.

Foi seu erro.

Ainda de frente para o corredor do lado de fora do quarto, ela apoiou-se na mouldura da porta e respirou pausadamente, a fim de aliviar a tensão.

Quando virou-se para voltar para dentro, foi tomada de supetão pela presença de Eddie, postado de pé a frente da janela, com a lua cheia brilhando intensamente atrás dele.

A chuva havia cessado, e agora o céu exibia uma noite mais clara e repleta de estrelas. E contra esse cenário, a forma vampiresca de Eddie Parker arreganhava sua boca, deixando a mostra os terríveis caninos. Ele tinha ódio em seu belo olhar, e avançou contra Suze sem esperar mais um momento sequer.

Suas mãos geladas agarraram os braços dela. Aquele toque minava as forças já escassas da jovem, que não mais conseguia fazer aflorar o poder do símbolo cristão. Eddie sussurrou para ela em seu ouvido, enquanto a sentia esmorecer:

"Isso, deixe-se levar... não é bom, irmãzinha? Agora faça um favor para seu irmão, e solte o que tem em suas mãos."

O vampiro continuava, através do contato, a sugar as energias de Susan. Ela sabia que logo não teria mais qualquer chance de resistir ao ataque. Ele aproximava seu rosto pálido do dela cada vez mais, e ela podia sentir o cheiro desagradável que saía de sua boca.

Era a última chance. Ou reagia agora, ou jamais teria outra oportunidade.

Suze então, já enfraquecida, reuniu todo seu resquício de força com sua fé, e concentrou-se em transmitir esse sentimento para o crucifixo que ainda segurava.

Nada aconteceu.

Continuou tentando, cada vez com menos esperança e menos força para empregar na árdua tarefa. Sentiu que estava prestes a desmaiar.

Foi quando finalmente a sorte pareceu mudar.

No momento em que a respiração de Eddie já se confundia com a dela, e a boca do monstro estava perigosamente perto de sua jugular, Susan sentiu que havia sido bem sucedida em seu último esforço.

Conseguiu ver que mais uma vez, o crucifixo começava a emanar aquela mesma luz dourada. Primeiro, apenas faíscas, mas não demorou e estava de novo iluminando toda a escuridão da noite com seu poder, e fazendo o domínio de Eddie sobre ela se abrandar, até ele soltá-la e cair com as mãos sobre os olhos.

"Sua pirralha imunda! Afaste isso de mim, é uma ORDEM!", ele bradou desesperado.

"Não obedeço suas ordens, criatura das trevas. O irmão que amo não habita mais em você, então volte para o inferno junto de seu amigo!"

Susan sentia-se firme e confiante, como se toda a fraqueza tivesse se esvaído de seu corpo. Olhou para a face pálida em decomposição do vampiro no chão banhado pelo luar, aquele rosto tão conhecido que ainda tinha resquícios de alguém que ela havia amado durante toda a vida.

Viu que apesar dos protestos e ameaças, a batalha estava ganha por ela. Mais uma vez, faltava apenas o golpe fatal.

"Exorcizo-te em nome de Deus!", ela gritou brandindo o crucifixo para frente e aumentando ainda mais a incrível luminosidade do objeto. O vampiro foi então erguido do chão e atirado através da janela que havia deixado aberta quando entrara, e sumiu na noite, em pleno ar.

Suzan ficou parada, arfando. Fechou os olhos e caiu em sua cama, estafada. Embarcou em uma mistura de sono e desmaio.

Ela abriu os olhos. O quarto estava claro. O dia já raiara há um bom tempo. Consultou seu relógio, que marcava nove horas da manhã. Ficou deitada, com uma forte dor de cabeça, tentando se lembrar o que havia acontecido na noite anterior.

Aos poucos, as recordações vieram. Teve certeza de que não se tratara de um sonho, pois viu o crucifixo a seu lado na cama e a porta arrombada no chão. Chorou inconsolável por seu amado irmão.

Quando finalmente se acalmou, ao menos um pouco, tentou racionalizar os acontecimentos. O que faria agora? Não suportaria mais um dia sozinha, teria de avisar aos pais. Mas como fazê-lo? Percebeu que não havia muitas opções a considerar. Fora ensinada a não mentir, mas era suficientemente esclarecida para saber que a verdade neste caso não era uma alternativa.

Ligou para eles. Mentiu que Eddie não havia voltado do trabalho na noite anterior. Havia também a porta arrombada, pelo que Susan culpou a tempestade. Não era uma boa desculpa, mas diante da situação, não tinha importância. Seu pai ordenou que ligasse para a polícia imediatamente, e disse que voltariam no dia seguinte se até o final do dia o rapaz não fosse encontrado.

Obviamente, não foi.

Carl e Anne Parker voltaram na manhã do dia seguinte no primeiro voo para Atlanta. O pai acompanhou o que foi possível das buscas juntamente com a polícia, enquanto Suze e a mãe choravam dia e noite, em casa. Dias passavam, e como apenas Susan já sabia que aconteceria, nenhum rastro foi encontrado.

Foram vasculhados becos, motéis e até mesmo casas de amigos de Eddie. Nada.

O caso do sumiço intrigou policias e detetives. Mas após todas as possibilidades terem sido esgotadas, as operações foram oficialmente encerradas. Familiares e amigos se solidarizavam com a perda de um jovem querido.

Além da dor, Susan convivia com a verdade. A terrível noite em que dera fim a alguém que amava. Jamais se passou um dia desde então que ela tenha conseguido se livrar do fardo. Por outro lado, pensava como poderia ter sido pior; se ambos que a atacaram naquela noite fossem vampiros mais antigos e fortes, talvez ela agora fosse um deles.

À noite, especialmente noites com raios e trovões, ela se recolhe e chora. Chora pelo que tinha sido obrigada a fazer. E lembra-se da luz da lua contra a face pálida de seu eterno inimigo íntimo.

Dylan Jokerman
Enviado por Dylan Jokerman em 05/02/2011
Reeditado em 14/03/2011
Código do texto: T2774353
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