O Jogo da forca - Episódio IV - Fase II - O que você fez?
Nadia esperava por uma resposta, mas ele permanecia ali calado, quieto, tentando organizar suas idéias.
- Ivo? Tira 1,fica 4, tira 2 fica 5... ela mal ouviu a charada e conseguiu decifrar tão rápido! E o que o Ivo me fez para se tornar um traidor? Há anos eu o conheço. Mas eu conhecia também o Jonas, depois ele havia me tirado toda a parte da fábrica. Mas o Ivo? Não vejo como ele poderia me trair.
- Max? A voz dela penetrou em seus pensamentos.
- Como descobriu o nome tão rápido? Ele a perguntou.
- Essa é muito fácil! Pense Max! Tira 1 fica 4... São só três letras, a charada já diz. Então o que se tem que fazer é sempre pensar nas dicas como letras que se associam a números. Tirar 1 de três letras e ficar 4, o que importa então é o que fica. O que seria 4 pra você se agora só tem duas letras?
- 4? Apenas letras... ele pensava alto como sempre.
- Isso mesmo!
- Algarismos romanos?
- Perfeito Max! O que seria o 4?
- IV! Realmente fácil. E se tiro duas, no caso do I e O, resta o V, que corresponde a cinco.
- Perfeito Max. Sempre imagine letras, ligue as dicas a letras. Não importa o que te digam. É um nome, então tem que ser letras! Entendeu!
- Sim, agora entendi.
- Mas quem é Ivo? Ela insistiu...
- É meu jardineiro.
- Um jardineiro? O que esse cara fez com você pra morrer?
- Não sei, mas ele me conhece desde que eu ainda era um rapaz. É um amigo de confiança. Ele tem quatro filhos, sua esposa já faleceu. Ele até cuidava de minha casa quando íamos viajar. Não faço realmente a mínima idéia do que ele tenha feito, mas precisamos descobrir. Venha!
Eles então saíram da lanchonete e entraram no carro. Max girou a chave e acelerou.
- Você está pronta pra isso?
- Pra quê?
- Matar alguém?
- Eu não! Quem vai mata-los é você! Pisa fundo!
Eles seguiram pela avenida principal rumo a casa de Ivo.
- Quanto tempo temos? Ela perguntou.
- Quinze minutos. Max respondeu. Mas é bem perto.
- Quem é ele? O assassino?
- Não sei. O que sei é que é uma cara muito esperto. Culto, e de uma mente doentia.
- Ele não deixou escapar nada Nadia? Digo na lanchonete. Algo que pudesse identifica-lo.
-Não! Realmente ele é muito esperto! Lá na lanchonete ele falava apenas o necessário. Acho que era para que nós não reconhecêssemos sua voz. E também usava luvas. Um boné de entregador provavelmente para omitir a cor dos cabelos. Além da máscara é claro. Mas ele era alto, cerca de 1,83, e seus olhos eram sinistros.
- Como assim?
- O seu olhar era inquisitivo sabe. Ele parecia ter o dom para fazer interrogatórios, o que mais assusta é sua frieza, ele é calmo demais. Mas uma calma louca, insana mesmo.
- Isso é o que mais me assusta também! Pessoas assim não tem controle do que fazem quando explodem. É o que mais me preocupa. Preciso tirar logo meu filho de perto dele.
Foi quando o telefone tocou.
Eles se entreolharam.
- É ele?
- Sim. Mas o número sempre é outro. Ele nunca liga do mesmo telefone. Deve estar com vários chips diferentes. E provavelmente deve descarta-los após a ligação.
O telefone continuava a tocar.
- Alô?
- Que bom que estão se entendendo Max. Vejo que decifraram a charada.
- Sim! Mas o que ele fez. É só um senhor. Um amigo.
- Tem certeza? Quantas vezes precisarei te dizer Max! Há um câncer a sua volta. Estou te ajudando à arranca-lo.
- Onde está meu filho?
- Ele está bem! Ele resisti por mais três horas. Por aí...
- Quero falar com ele!
- Eu sei que quer Max, ele também deve estar querendo muito falar com você, mas acho que ele está muito ocupado tentando viver... ele dizia com sua voz mecânica e fria, Max sentia que ele estava rindo do outro lado da linha... Mas acalme-se. Daqui três horas o verá. Se vencer o jogo é claro!
- Não toque nele cretino!
- Não, não Max. Eu nem precisarei disso. Vá até o Ivo Max. E lembre-se. Eu sou a chave! Quem é a porta?
A ligação caiu.
- O que ele disse?
- Não me deixará falar com meu filho. Tenho medo do que pode estar acontecendo lá. Precisamos acabar com este jogo logo. Max dirigiu mais alguns minutos e de repente girou o volante e entraram numa rua de terra.
- É nesta rua?
- Sim. É um sitio no fim da rua. Ele morava lá com sua família, mas seus filhos se casaram e agora ele vive aqui sozinho. Adora cultivar suas plantas e também as revende para floriculturas. Além de também cuidar dos jardins do bairro.
Era uma construção antiga, mas bem cuidada, um belo jardim na frente da casa, cheio de rosas, e árvores, mangueiras, jabuticabeiras, laranjeiras, uma parte gramada, mas em sua maioria era chão de terra batida. Eles deixaram o carro e entraram pelo portão. Faltavam onze minutos. Max ia á frente, Nadia o seguia. Estavam agora a porta da casa. Max bateu.
- Seu Ivo? Você está aí. Mas não ouviu nada. Chamou novamente. Mas o silêncio era total. Max girou a maçaneta e abriu a porta de madeira que rangeu ao se abrir. Os dois entraram, a sala da casa era enorme, dois jogos de sofás velhos, uma TV de 29”, e um toca disco na estante eram as únicas coisas que eles puderam vislumbrar, adentraram pelo corredor, as portas dos quatro quartos estavam a frente, Max abriu a primeira, mas não havia ninguém ali, foi para a segunda, e também não havia nada. Nadia ia espiando por cima do ombro dele. O terceiro quarto também estava vazio. Restavam apenas o banheiro, um ultimo quarto e a cozinha. Eles continuaram. Max abriu a porta mas Ivo não estava novamente, seguiram para porta do banheiro e ali também não encontraram nada.
Chegaram na cozinha e também não havia ninguém ali. Foi quando Nadia deu um grito!
- O que foi? Max se virou e lá estava.
Era a porta que dava para o fundo da casa. Havia uma forca desenhada a sangue e um "?" desenhado. Eles abriram a porta e quando Max pisou do lado de fora, ouviu o som de algo e encontrou um monte de metais brilhando no chão, mas não eram simples metais, eram chaves, ele havia pisado num amontoado de chaves. Nelas havia um chaveiro, eram tetra chaves. Ele estava cheio de sangue. Ele o pegou. Nadia acompanhava cada passo. Havia uma pequena placa onde estava gravado Siga-me. A principio Max não entendeu. Mas foi quando Nadia disse.
- Que chaves são essas? Havia uma chave a cada um metro de distância, o sol batia nelas fazendo com que elas brilhassem, era uma trilha. Eles seguiram apressando-se, foi quando Max percebeu onde estavam indo e começou a correr. Nadia o seguiu da mesma forma. Era a estufa. Eles puderam ver o corpo dele mesmo de fora dela, pela lona transparente que cobria aquela estrutura metálica.
- Meu Deus do céu! Nadia não se conteve e fechou os olhos.
A estufa não era grande, ali Ivo cultivava apenas suas rosas mais preciosas. Haviam rosas lindas ali. Mas Max e Nadia não podiam nem perceber aquela beleza, pois o que se destacava naquele momento era um corpo ensangüentado. Ele estava dependurado entre duas colunas da estrutura metálica, as cordas estavam amarradas e enroladas em seus braços, uma corda em cada um, uma saindo de seu braço e amarrada no alto da coluna á esquerda a outra á direita. Outra corda estava amarrada na viga superior e descia até seu pescoço, mas isso não era o pior, nas cordas haviam rosas , rosas vermelhas lindas e cheias de espinhos, seus ramos entrelaçavam as cordas, o pescoço dele ensangüentado. Ele precisava mater as cordas esticadas ou morreria enforcado. Dava pra ver os músculos de Ivo, as veias de seu braço altas, ele estava nu como Jonas, seus pés suspensos no ar á cerca de um metro e meio do chão, mas havia uma corda de 60 cms amarrada em seus pés e em um saco de esterco que estava encima de uma estante de metal de 1,20 mt de altura usada para colocar as sementes, alguns fertilizantes e outras coisas necessárias para o cultivo das rosas. O sangue escorrendo por seu corpo. Eles então entraram na estufa. Ivo viu Max. Sua boca estava livre, mas de que adiantava gritar ali. O sitio era muito afastado das outras casas e ele estava muito longe do portão de entrada.
- Max!!! Ainda bem. Dizia ele ofegante, bufava pela força que fazia para manter seu pescoço o mais longe da corda cheia de ramos espinhentos, seu pescoço e nuca sangravam, ele fez mais força com suas mãos se erguendo para que sua dicção melhorasse sendo que a corda era outro fator que o impedia de falar, pois pressionava sua garganta.
- Me ajude amigo! Por favor!
- O que é isso em seu peito Ivo? Perguntou Max que via o desenho a sangue.
- Ele é louco Max! Louco! Não o ouça! Ivo agora estava com um olhar de pânico... Me ajude! Por favor amigo!
- Eu perguntei o que é isto! Me responda!!! Max agora gritava com ele, sua ira só aumentando.
Nadia levantou seus olhos vencendo o medo e viu o peito do homem nu a sua frente. Uma chave desenhada e abaixo estava escrito...
EU SOU A CHAVE.
- Mas o que isso significa?
- Me perdoe Max! Eu não sabia. O medo estava consumindo a face de Ivo.
- O que você fez? Você matou ela! É culpa sua, seu cretino! O Bernardo te respeitava como um avô. Você nos sentenciou a isso. O que ele te deu?
Nadia não entendia o que se passava. O que significava aquele desenho? O que ele havia feito?
- Ele me pagou Max. Mas não foi o mesmo homem... A corda que escorregava em seus braços já roxos e marcados, ele perdia força, os espinhos rasgando sua pele, a saliva saindo de sua boca enquanto falava... Disse que só iria entrar na sua casa e roubar. Foi há muito tempo. Aquele roubo há um ano, lembra-se! Eu precisava de dinheiro na época. Minha filha estava muito doente. Eu pensei que não iria acontecer mais nada depois que encontraram o rapaz que eu havia dado a chave morto enforcado. A policia disse que havia sido suicídio. ele também me enganou Max.
Max levantou a sua mão e abriu-a. Uma tetra chave estava na palma de sua mão.
- Eu sei Max! Eu errei! Sinto muito. Eu não devia ter dado a chave pra ele.
- Você senti muito, Ivo?
- É a chave da minha casa. As palavras do assassino repetiam-se em sua mente. Eu sou a chave, o que adianta a chave sem uma porta, Você primeiro tem que encontrar a porta depois terá a chave. lembrou-se do interrogação na porta. Ele não estava falando dele era de você! Max naquele momento teve um surto e começou a gritar e quebrar os vasos a sua volta, ele parecia estar louco.
-Você a matou! Ela te adorava! Eu confiava em você! Max por fim se controlou e agora estava de olhos fechados, tentando se acalmar. Virou-se para Ivo com um olhar frio.
- Max!!! Não faça isso comigo!
- Feche os olhos de novo Nadia! Mais um traidor vai morrer! Ela fechou os olhos, Max pegou um vaso maior olhou nos olhos de Ivo. E disse...
- Eu te perdôo Ivo, mas o Bernardo vive!
Jogou o vaso contra a estante, que tombou e caiu. O que se seguiu foi muito rápido. O saco de esterco desceu puxando os pés de Ivo para baixo, ele não podia dizer mais nada. Tentou por um segundo suportar todo aquele peso, mas foi em vão. Os espinhos penetraram em sua pele, rasgaram seu pescoço, arranharam seus pulsos e o sangue jorrou pelo seu corpo e seus olhos de repente ficaram vazios. Seu pescoço deslocou-se de uma forma estranha para traz, esticado, o queixo pra cima, e Ivo estava inerte, dependurado em um coleira de espinhos. Os braços levantados pro céu. Max não fechou os olhos, ficou firme ali, olhou para relógio, engoliu seco e virou-se para Nadia.
- Vamos sair daqui?
- Por que você não disse logo... e eles sairam.
Eles estavam no portão do sitio quando o telefone tocou.
- Alô?
- Belo trabalho Max! Excelente! Coloque o telefone no viva voz. A Nadia precisa escutar.
- Qual a próxima dica? Disse Max após colocar no viva voz.
- Acalme-se Max. Parabéns pois passou de nível novamente. Parabéns a você também Nadia. Bela parceira! Eu não poderia achar uma melhor para o Max. Suportou muito bem. Você teve sorte em acha-la.
- Pela primeira vez concordo com você. Disse Max olhando para ela.
- Nosso primeiro diálogo amistoso. Fico feliz por isso. O assassino ria friamente. Pegue o gravador max e ligue!
- Diga a charada! Max havia ficado zangado. Estou gravando!
- Qual é o nome dele...Um dos quatro da terra o inicia enquanto um mudo separa 19 de 20 , os convidando para dançar ao lado desta cadeira minúscula até que o erro perca suas vogais e se torne uma só consoante findando a sua busca... Vocês tem uma hora Max!
- Quantas letras?
- Fase três... as regras mudaram! Prepare-se! Fim de ligação!
- Você sabe essa? Max perguntou pra Nádia.
- Ainda não faço a mínima idéia, e você?
Continua...
Galera...
Tá valendo o desafio pra quem gosta de charadas... O primeiro que matar a charada do nome da próxima vitima, se este quiser seu nome no meu conto é só me mandar o nome e explicação via e-mail (MunizSidney@yahoo.com.br). Não vale chute e nem postar no comentário galera!
Aí pessoal 5º episódio já está postado! Leiam logo!
"Obrigado pela dica Cris... Rosas vermelhas... muito bom!
E aí será que o André mata essa?
Leiam também as outras partes deste conto.
Abraços e muito obrigado pela visita e comentários!