MicroConto de Fantasma
Socorro acordou com os lençóis embebidos em suor e cachaça, pois antes de dormir, ela havia aberto uma garrafa, tomado algumas doses e derramado outras, devido o seu abuso na mesma. Deitou na cama e enxugou o suor da testa. Ouviu lá fora o uivar do vento na caatinga seca do sertão.
A mulher volta a tentar a dormir. De repente, a maior barulheira em sua cozinha. Parecia que um terremoto tinha derrubado todas as suas panelas e pratos no chão. Ela levanta e vai olhar o que era aquilo. Ao chegar à cozinha, ela esperava encontrar tudo na mais completa desordem, mas em vez disso tudo está em seus devidos lugares, às panelas estão todas em seus devidos lugares e os pratos no escorredor, tudo como mandava o figurino. Ela não entendeu, bebeu um caneco cheio de água e voltou para se deitar.
Passado poucos minutos que ela tinha deitado, novamente, um barulho na cozinha, agora parecia que colocavam água no pote. O barulho da água caindo de um balde para dentro do pote era inconfundível, mas de repente parecia que alguma coisa tina tropeçado no pote e ela pode ouvir claramente o pote quebrando-se. Ela levantou e foi olhar o que acontecia. Nada. Tudo estava tranqüilo, o pote estava pelo meio de água.
Ela estava muito assustada, resolveu ficar deitada, escutando.
Uma luz esverdeada fraca parecia fosforescente, iluminou o quarto. Socorro ainda não havia pegado no sono, ela abre os olhos e vê uma figura em pé olhando para ela. Aqueles olhos eram conhecidos, era seu finado marido Pedro ou pelo menos seu espectro. O homem estende a mão para ela e é correspondido. Ao tocar na mão do fantasma, ela sente uma espécie de choque dentro de si.
No outro dia por volta das duas da tarde o corpo de Socorro foi encontrado deitado em sua cama. Para todos ela teve a melhor morte que existe, morreu dormindo.