Espelho do medo - Parte 3 - Os Anéis
Ficaram conversando sobre a ilha durante um bom tempo. Pagaram a conta. No estacionamento Samuel se lembrou de algo importante.
-Pessoal eu e o Nick esquecemos de dizer que havia uma mensagem junto com os bilhetes.
-Ih, é mesmo - disse Nick coçando a cabeça. Retirou algo do bolso. Eram três anéis. Samuel fez a mesma coisa.
-Na mensagem dizia para entregar para os nossos convidados estes anéis – Nick se apressou em entregar um dos anéis para Dara o outro o deu para Laís que estava próximo a ela. Samuel entregou para Maia e para Henrique.
Os meninos se puseram a observar os anéis. Todos eram iguais. Prata com uma pedra vermelha triangular no centro. E por alguma coincidência (ou não) coube perfeitamente no dedo anelar de cada um apesar dos tamanhos serem diferentes.
-Nossa! – exclamou Dara – Como pode? Deu certinho no meu dedo.
-No meu também – disse Nick, e os outros afirmaram. Ficaram se olhando até que Maia comentou.
-Ninguém acha isso estranho não?
-Vamos ver – disse Dara pensativa – Gente vamos tirar os anéis e vamos comparar. Todos tiraram o anel e constataram que tinham o mesmo tamanho então resolveram trocá-los, mas ainda assim coube perfeitamente.
-Ah chega!- falou Laís sem paciência – Vamos por esses anéis e deixar isso prá lá amanhã é o ultimo dia de aula. Quero acordar cedo.
Se despediram e cada um seguiu o seu caminho.
Samuel era o que morava mais próximo da lanchonete, a duas quadras. Pegou sua bicicleta e assim que chegou em casa mal falou com sua mãe e foi direto para o quarto. Era o mais baixo dos garotos tinha 1,75m, cabelos castanhos cortados bem curtos, olhos verdes folha. Samuel, o mais brincalhão do grupo, sempre rindo, sempre zoando, mas tudo isso era uma mascara para esconder a dor de ter perdido seu pai precocemente quando tinha apenas 6 anos. Assistiu a tudo, viu quem matou seu pai e desejava vingança. Assim que entrou no quarto foi direto para o computador enviar um e-mail que dizia o seguinte “A encomenda está entregue”. Após enviar desligou o computado tomou um banho e foi dormir.
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Era noite. Faltavam 15 minutos para às 22h. O pequeno Henrique já estava na cama. Seu pai abriu a porta sem fazer barulho.
Não acendeu a luz, foi até a janela puxou um pouco a cortina e se pôs a observar o homem que estava do outro lado da rua. Fechou a janela e chamou pela esposa:
- Emilia – abriu a porta do quarto do casal e viu que a esposa estava deitada. Chegou mais perto e sentou na cama – Emilia acorde – sacudiu de leve a mulher.
-Alexandre! Aconteceu alguma coisa? – Emilia se sentou na cama e ficou encarando o marido.
-Lembra da conversa que tivemos há alguns meses. Você disse que tinha um homem que de tempo em tempo ficava observando nossa família? – a mulher consentiu.
-Ele está lá fora agora. Eu vou falar com ele?
-Não meu amor por favor? – disse a mulher tentando controlar o nervosismo. Foi na mesma tarde, ela estava a lavar roupas quando teve a visão. Estava borrada, mas pode distinguir seu marido. Na sua visão era noite. A luz do poste acessa. Viu quando Alexandre foi para rua e a imagem passou para o homem alto com um casaco preto, ele segurava um objeto com uma ponta e no instante seguinte viu Alexandre caído no chão sagrando com um buraco no peito.
-Alexandre eu sei que você não credita nessas coisas, mas me ouça – o homem que já fazia menção de falar alguma coisa parou ao perceber olhar aflito da mulher.
-Tive uma visão e nela você morria – o homem fechou os punhos e de olhos fechados falou:
-Você já errou antes e lembra o que aconteceu? – abriu os olhos e viu que Emilia olhava para o chão.
-Nossa! filhão sua mãe vai nus matar – disse Gustavo pegando a mão do garoto e se apressando. Dissera a mulher que iria ver o jogo de futebol e assim que terminasse voltaria para casa, pois Samuel teria que acordar cedo para ir ao dentista, porém se distraiu fazendo a vontade do menino o levando ao cinema e depois numa pizzaria. Ao virar a esquina viu a cena. Viu Alexandre, na época seu vizinho, dando um soco em um cara, recebendo outro e sendo jogado no chão. Disse para o filho ficar ali que ele já voltava. Correu ao Maximo que pode quando viu que o homem de preto estava indo em direção ao outro com alguma coisa nas mãos, porém quando foi para cima do homem este lhe cravou o punhal no peito. O homem olhou para Gustavo caído no chão e sangrando, olhou para o outro que estava desmaiado. Viu que uma mulher saia de dentro da casa e resolveu ir embora. No caminho esbarrou com um menino. O garoto olhou bem em seus olhos, percebeu que estava sem o chapéu. Desviou o olhar da criança e se pôs a correr. Samuel correu até o pai, porém não teve nenhuma reação só conseguia ver o rosto que feriu mortalmente seu pai.
Continua...