†Havia algo na varanda...
 
O velho casarão no terreno em triangulo no final da rua tinha estórias horrendas, ali como contam as lendas era o lar do duque Ferdinand de Luchese, membro de uma aristocracia falida, metade da família inglesa, metade italiana, uma mescla que deu fim a uma estirpe, devido à incompatibilidade de gênios, brigas, assassinatos e descobertas macabras, e depois aos olhos de todos, a figura do casarão tornou-se maldito...
Gritos no silencio da noite eram ouvidos, vindos das das grandes salas, e bem antes de desaparecer misteriosamente, o duque fora visto rastejando, e urrando como um animal, nas noites escuras...
Insanos, loucos, eram o que diziam de quem jurava ter visto o duque mordendo e deglutindo carne em grandes ossos, era uma negação que trazia alguma proteção, mas no íntimo todos sabiam que a maldição morava ali, logo no final da rua.
Espectro maldito e sombra fúnebre eram o que disseram todos que viram alguém em uma cadeira de balanço na varanda, na penumbra da noite, logo depois do crepúsculo, quando as almas acordam para vagar entre os vivos.
Logo ao primeiro olhar, podia ser visto embalando-se, e depois quando se aproximava mais o olhar a sombra desaparecia, causando calafrios porque logo depois barulhos de correntes dentro do casarão afugentava quem se atrevesse a tentar uma investida para além das divisas humanamente conhecidas daquele portal do inferno, segundo a crença e a convicção de muitos.
Longo tempo decorreu desde os primeiros aparecimentos, e por corresponder ao período de férias escolares, nas tardes, camuflados a alguma distancia, alguns garotos aguardavam este momento, para aventurarem-se, mas ao primeiro aparecimento, saiam em desabalada corrida, aos gritos, e os poucos que olhavam para trás, viam a sombra desaparecer.
O que ninguém via é que ali em frente dividindo espaço no vitrô da janela, garotos, riam do desespero de todos que se aproximavam do casarão pra ver a “obra de arte” deles.
Na verdade um velho projetor de slides encontrado no velho cinema foi genialmente ampliado com lentes de aumento também encontradas no galpão de coisas velhas do antigo cinema abandonado e projetava uma pessoa sentada na varanda do casarão em frente, para assustar quem se aproximasse.
Mas a brincadeira que ia até pelas 9 da noite aquele dia, terminou antes.
Quando um dos meninos foi ao banheiro, nenhum deles sonhava que ele fosse ter a morte horrível que teve a cabeça moída e enfiada dentro do vaso...
Ou sonhassem com a falta de luz e a viagem de punhais misteriosos na escuridão, a perfurar abdomens, olhos e gargantas, num show digno do senhor das trevas, e depois...
Passados longos 10 minutos nem sonhariam que a luz voltasse, e ainda Diego e Rafael, vivos no meio do sangue, pudessem presenciar, ser semelhante à sombra que projetavam, empunhando dois laços e os enlaçassem pelas gargantas, erguendo a altura do teto, numa morte digna de condenados pelo diabo.
Não, nenhum deles poderia supor que uma simples brincadeira pudesse despertar as forças do mal onde quer que elas se encontrem... Sim elas podem, num casarão abandonado, num cemitério, numa curva da estrada com uma cruz, ou até embaixo da sua cama...
Não é aconselhável provocar o despertar do que não é deste mundo.
As pessoas viam a sombra na varanda do projetor, mas as correntes dentro do casarão era o grito de protesto do além, que se manifestou com a matança... Não, não é bom brincar com as coisas de outro mundo...
 
Malgaxe
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 19/01/2011
Reeditado em 19/01/2011
Código do texto: T2739572
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