Trilogia do Lobisomem Parte II

Essa parte da casa do seu Toim, na verdade aconteceu na casa do meu avô, meus tios(as) e minha mãe, viam essas coisas, acredito que por volta da decada de 70.

Tentei escrever esses textos, como se fosse alguem contando, como se fosse um causo. Assim como me contaram, estou contando para vocês.

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A primeira vez que aquela coisa apareceu, foi em uma calma noite de domingo. Seu Everaldo escutou seus cachorros latindo durante toda a noite, começou por volta de dez horas da noite, hora que o pessoal da casa ia dormir. Os cachorros latiam muito, mas tinham medo de avançar em alguma coisa, até ai tudo bem. A noite se passou tranqüila, sem nenhum incidente.

Na segunda-feira, na boquinha da noite na casa de seu Toim, os seus filhos dele, cedo da noite, viram passando em frente o alpendre da casa, pequenos jumentinhos, nos seus olhos eram filhotes de jumentos, pois eram peludos e baixinhos, mas não era bem isso. Naquela época luz elétrica só existia em cidades e no interior brabo da fazenda Boa Esperança, aquilo não era nem sequer conhecido.

Pouco depois da aparição na casa do seu Toim. Os cachorros de Everaldo estavam latindo, novamente, o homem não sabia o que era, resolveu sair para ver o que assustava seus animais. Ele foi para o terreiro, a lua clara iluminava boa parte do campo de visão dele. E há mais ou menos uns quinze metros de sua casa, ele pode avistar uma enorme massa preta deitada no chão, os cachorros sem dúvidas latiam, acuando aquilo. O homem sentiu receio de ir ver de perto o que era aquilo. Voltou para casa e trancou bem a porta, e por toda a noite os cachorros acuaram a coisa.

Era chegado o mês de julho, férias escolares. Os filhos de Everaldo estavam todos em casa, o dia inteiro era uma bagunça, felizmente, à noite estavam muito cansados e não viam o medo que o pai sentia daquela coisa que ficava nos terreiros assustando os animais. Naquela noite, o bicho começou a atacar os cachorros, destroçando um e ferido de morte outro. Na próxima noite, ele atacou uma ovelha, matou e bebeu o sangue.

Era chegado à hora de Everaldo fazer alguma coisa, foi até a casa grande e conversou com o capataz, queria se armar e matar o bicho. O homem lhe deu uma espingarda. Ao chegar a casa Everaldo ajeitou as munições, tinha munição com raspa de chifre dentro e os chumbos eram de prata, carregou a arma.

Naquela noite, ele ficou de tocaia, esperando o predador que iria virar presa aparecer. Quando lá pelas tantas da noite, Everaldo já quase cochilando na sua tocaia, os cachorros endoidaram para pegar alguma coisa. O homem se espantou, mas rapidamente entendeu a situação. Pegou a espingarda e fez a pontaria.

O tiro saiu certeiro, mas o lobisomem era mais rápido, esquivou-se para a direita e levantou-se. O homem preparou outro tiro. Apontou a arma, mais uma vez para o animal e disparou mais uma vez. Outra vez, o animal esquivou-se, mas dessa vez saiu correndo como um louco.

Nunca mais Everaldo voltaria a ver aquela coisa.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 10/01/2011
Reeditado em 10/01/2011
Código do texto: T2720556
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