Pesadelo

Era noite quando as dores começaram a tomar conta de sua cabeça, sua vista estava turva, não sabia onde estava, e nem conseguia enxergar ao seu redor, pois a pouca luz não o ajudava muito. Estava muito frio, tinha a impressão que estivesse sendo seguido, vigiado por algo que estava a sua espera, querendo que fosse cometido qualquer erro.

- Olá, tem alguém aí? - sussurrava com medo de gritar.

Não ouve resposta, apenas o silêncio seguido da escuridão dentro do cômodo. O jovem continuou andando, procurando pelas paredes que poderiam ao menos lhe servir de guia, eram feitas de madeira, estava úmido e coberta por algo viscoso, não era possível definir o que era com a pouca luminosidade, tentou sentir o cheiro aproximando a mão de seu rosto, mas logo a afastou ao sentir o cheiro azedo.

- Olá, por favor, se tiver alguém aí responda. – falou mais alto dessa vez.

Assim que terminou de falar ouve um baque surdo do outro lado da parede onde sua mão estava pousada, num movimento rápido se afastou e acabou batendo com as costas em outra parede por causa do susto, não ouve mais barulho, tudo estava em silêncio.

- Olá. – sussurrou próximo a parede. – Tem alguém aí? – deu dois tapas na parede.

Não ouve barulho algum, apenas o som da batida de seu coração. Continuou andando, sempre para a frente e com uma das mãos na parede a sua esquerda, não era possível ver muita coisa no escuro, mas sabia que estava em um corredor estreito, pois ao esticar o seu braço direito para o lado, conseguia tocar a parede, andava sempre devagar, evitando fazer qualquer barulho, mas alguns minutos a frente começou a enxergar uma pequena luz vindo de um cômodo a sua direita, era uma luz bem fraca, como se fosse uma vela. Aproximou-se em silêncio, a porta estava fechada, a luz fugia pelas frestas que a porta deixava.

- Tomara que não tenha ninguém, tomara. – sussurrava para si enquanto abria a porta.

A porta rangia baixinho ao dar espaço para o cômodo, estava vazio, existia apenas uma pequena vela no centro, e ao chegar perto percebeu que existia pouco tempo de luz. O local era grande e vazio, poderia ser qualquer coisa, existia apenas uma janela que estava lacrada com tabuas velhas, ele tentou olhar o que havia por trás das tabuas, mas a escuridão era grande do lado de fora.

Ele sentou próximo a vela, ficou pensando no que deveria fazer, ficar ali e esperar amanhecer, ou aproveitar a luz da vela para encontrar uma saída dali, ficou parado alguns minutos, e decidiu pegar a vela e sair do cômodo.

Como imaginou, estava em um corredor, as paredes eram de madeira e cheias algo viscoso que não soube dizer o que era, continuou andando, não havia mais entradas nas paredes laterais, no final do corredor havia apenas uma porta, sua maçaneta era dourada e polida, o que era muito estranho para um lugar que esta caindo aos pedaços, a porta era negra e cheias de rachaduras e frestas. Sem ter para onde ir, decidiu abrir essa porta, ao movê-la um pequeno sopro de vento passou por ele, era gélido e quase apagou a vela, estava tudo escuro, a luz da vela revelava pouca coisa, ele foi entrando aos poucos no cômodo, lá no fundo havia uma pequena luz azul, um tom tão claro, morto. Ele foi se aproximando, e a cada passo o frio era mais intenso, sentia muito medo, mas queria saber o que era aquilo, estava muito curioso a esse ponto.

- Olá, será que você pode me ajudar a sair daqui? – perguntou enquanto tentava tocar a luz.

Como num despertar a luz se movimentou, ficou circulando o jovem que estava sento tomado pelo medo, sem saber como a luz começou a se dividir em dois, depois em quatro, depois em oito e assim ficou ate preencher o quarto, quando finalmente o fogo da vela se apagou, as luzes desapareceram, mas foi por pouco tempo, pois agora estava cercado, e já não eram mais da cor azul, e sim um vermelho sangue, do frio passou para o calor intenso, as luzes foram se juntando e a forma que assumiam era assustadora.

- Meu Deus, o que é isso? – sussurrava já que não tinha mais voz por causa do medo.

- Ninguém irá te proteger garoto, você ficará aqui para sempre. – falou uma voz próxima de seu ouvido.

Quando o jovem se virou para ver de quem era a voz, foi visto uma criatura, em forma de lobo, seus olhos eram vermelhos, sua pelugem negra e de sua boca saiam fumaça e pequenas luzes avermelhadas como se fossem chamas, de repente sua boca estava escancarada e pronta para abocanhar, o jovem sentiu uma dor terrível ao ser mordido, fechou os olhos e começou a gritar, mas nada saia de sua boca, sem voz, sem força para agir, de repente as dores foram diminuindo, e quando abriu os olhos viu a parede de seu quarto, era um pesadelo pensou ele, mas olhar o seu ombro ficou muito assustado, havia uma marca enorme, era o formato de uma boca, não doía muito, mas a intensidade da marca mostrava que era recente, não era um pesadelo comum, havia realmente acontecido, mas como, ninguém sabia.