Demônios da Vingança - Parte I

Então, galerinha do mal.

Essa historia ai é o início de uma saga, não sei em quantos episódios, não tenho a menor idéia de como terminá-la também, mas idéias pipocam na mente a cada segundo.

Fernando Chagas é um cara muito parecido comigo, não tanto quanto vocês pensam, mas não tanto eu queria. Ele vai fazer determinadas coisas que eu gostaria de fazer, ou já pensei em fazer às vezes.

A idéia central dessa historia é fazer as pessoas refletirem, sobre o q? Também não sei, espero que entendam a mensagem. Alias nessa primeira parte, é bem capaz que ninguém entenda nada, só eu rsrsrsrs.

Fortes Abraços a todos... Julio Dosan, seu louco, vc ta pagando promessa de escrever tanto em tão pouco tempo, isso é bom cara muito show. Faby quem casa quer casa, Bruno Terror, heavy metal, Scarlet Pisces, mais do que nunca penso em você, meu amor, King, vê se aparece seu...

Deixando essas minhas besteiras de lado, vamos a historia (era só pra gente rir um pouquinho)

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Fernando das Chagas era um cara normal, aparentemente normal, trabalhava, estudava e nos finais de semana gostava de futebol, não gostava de jogar, pois não era muito bom de bola, mas gostava muito de assistir pela televisão. Todos achavam que Fernando era um cara legal, tranqüilo, mas eles não conheciam o lado negro dele.

Ele era involuntariamente um psicopata reprimido, uma mente perigosa como diria certa autora. Desde menino, Fernando sofria bullying na escola, desde essa época ele começou a acumular mágoas, rancor e ódio das pessoas. Ele sabia que muita gente fazia coisas para sacanear ele só por causa de outras pessoas, mas ele sabia também que muita gente fazia maldade com ele por puro prazer, se sentiam bem com a sua vergonha, seu medo.

Fernando trabalhava em uma empresa de montagem de antenas, subia em torres altas, as menores tinham quinze metros de altura. Ele subia para ajeitar as antenas, diversas vezes pensou em acabar com sua vida, podia simplesmente soltar o cinto de segurança e despencar até o seu corpo encontrar o chão. Seria lembrado algum tempo na empresa, mas logo o patrão contrataria outro empregado, logo todo seu esforço seria esqueçido. Pelo menos sua familia receberia algum dinheiro do seguro, mas sabia que sua mãe não se conformaria, era a única pessoa no mundo que ele se importava, pois sabia que ela sofreria muito, por isso e só por isso nunca tentou suicidio.

Chegado so trinta anos, Fernando era um perdedor, pelo menos era assim que ele pensava. Morava com a mãe e o padrasto que o humilhava constantemente, trabalhava na mesma empresa sem ganhar aumento de salario, nem ser promovido a mais de dez anos. Era calmo, expressão serena, mas por dentro seu peito gritava, urgia, mas ele reprimia todas essas sensações, afinal, ele pensava que não valia a pena sair enlouqueçendo por ai, para ser preso pela polícia e sujar sua fixa de graça. Fernando sempre pensou assim, até aquele dia.

Quando ele vinha chegando do trabalho, com a mochila nas costas, com seu material de trabalho dentro. Ele pode reparar que alguma coisa havia acontecido, entrou no estreito beco da ruela onde morava que aquela hora já era iluminado pela luz dos postes, sua casinha era a penultima do beco sem saida. Rumou em direção a ele, não tinha muita amizade com os vizinhos, todos o achavam um esquisitão. Viu de longe que havia um burburinho de pessoas, bem em frente a sua casa. O que estaria acontecendo?

- Dona Eliete, que está havendo? – perguntou, calmamente, a uma das amigas de sua mãe que estava sentada na calçada, ela parecia triste.

- Fernandinho meu filho, que horror, que horror. - e começou a chorar.

Fernando não entendeu muito bem o que estava acontecendo, resolveu ir olhar o que era aquilo. Chegou próximo as primeiras pessoas e começou a tentar ultrapassá-las, ao verem que era ele que vinha chegando, elas abriam espaço, afinal, Fernando morava na casa em frente, mas na verdade eles não estavam abrindo caminho por casa disso, eles abriam caminho para que Fernando pudesse ver o que era o motivo daquele aglomerado de pessoas.

Ele não pode acreditar no que vira, caído no chão havia um corpo, coberto por um lençol, todo manchado de sangue. Fernando perguntou para um conhecido:

- Quem foi que morreu?

O homem ficou com vergonha de responder, demorou um ou dois segundos para puder dizer:

- Foi... Foi a sua mãe, meu rapaz. – disse o homem com uma voz seria, mas triste.

Parecia que o homem tinha lhe dado um soco forte no estomago, ficou um minuto imóvel, olhou para o lençol manchado de sangue. Uma vizinha havia acendido duas velas na cabeceira do corpo. Ele não acreditava que fosse sua mãe que estivesse ali. Correu para perto do corpo, ajoelhou-se ao lado das velas e levantou o lençol onde sabia que era a cabeça. O rosto sereno de sua mãe repousava sobre a calçada. Uma lagrima escorreu dos olhos do rapaz, logo o pranto viria, perguntou a um vizinho:

- O que foi que aconteceu?

O vizinho olhou para o lado, cutucando a esposa, que falou, enquanto se ajoelhava junto com o rapaz:

- Fernando, querido, ninguém sabe ao certo o que aconteceu. As pessoas ouviram tiros, ninguém teve coragem de sair para olhar, quando a encontramos ela estava agonizando para morrer.

Uma chama de todo aquele ódio que ardia silenciosamente, guardada no peito de Fernando escapou, ele levantou empurrando a mulher. O marido sentido pelo empurrão na esposa tentou avançar para cima dele, tentando tirar satisfações:

- Ei seu filho da puta, que é isso? – disse bravo.

Fernando encaixou a mão na garganta do homem, deu um chute com o calcanhar no joelho do infeliz, que se curvou na hora, derrubando o no chão.

- Que foi seu corno, você não gostou eu ter empurrado sua prostituta? – disse com ódio no olhar.

Começou a apertar a garganta do infeliz. Enquanto o pobre corno tentava desesperadamente respirar. Em um lampejo de lucidez, Fernando percebeu que não estava sozinho. Olhou de rabo de olho para os lados, viu que estava cercado por muitas pessoas, não teria motivo para dizer que fora ameaçado. Soltou o homem e correu para dentro de casa.

***

Com a mãe morta na frente de casa, Fernando não sabia o que fazer, jogou a mochila sobre o sofá, foi até a cozinha em prantos, sentou-se à mesa e começou a chorar, chorou como um bebe. Resolveu tomar um banho, retirou seus grossos sapatos de bico de aço, a calça comprida jeans surrada, e a camisa que levava, para não vir vestido com a farda da empresa. Entrou no banheiro, ligou o chuveiro e sentou-se no chão. Por um momento tentou imaginar sua vida sem a mãe.

Não tinha pai, nem tinha namorada ou filhos. Não tinha motivos para continuar sequer vivendo, nunca gostou do seu trabalho. Tentou pensar em Deus naquela hora, freqüentava a igreja todos os domingos, ele era considerado um sujeito religioso, mas lá no fundo sabia que não era. Imaginou o que faria da vida agora, continuaria trabalhando em seu empreguinho de merda, convivendo com o padrasto maldito que não o deixava em paz e ele no auto da sua antipatia ainda o chamava de pai. Levantou-se do chão. Resolveu que iria dar uma guinada na vida. Vestiu suas roupas e saiu de casa.

O pessoal do I.M.L já havia chegado, o rabecão cheio de presuntos estava no inicio do beco, os homens haviam trazido uma gaveta para colocar o cadáver dentro. Por um minuto mais, a vontade louca de chorar e sair gritando por ai o assombrou, mas conseguiu se controlar, não daria esse gosto a todas aquelas pessoas sanguessugas, aqueles carrapatos da sociedade, que adoravam aquele momento, só como auto-afirmação. Resolveu falar com um dos rapazes do rabecão, tentou parecer o mais sereno possível.

- Como faço para retirar o corpo? – perguntou.

O rapaz retirou um pequeno bloco começou a escrever enquanto falava:

- Olha, vou lhe dar esse recibo, fica mais fácil para você retirar o corpo. Você é parente da vitima? – perguntou o homem sem olhar para ele.

Fernando sabia que o homem estava só fazendo seu trabalho e que o homem era profissional, mas também sabia que no fundo, o homem agradecia a Deus por não ser a mãe dele, nem nenhum parente. Isso deixou Fernando irado, mas não podia fazer nada. O homem lhe entregou o papel.

- Amanhã, depois de dez horas da manhã você pode pegar o pré..., digo o corpo.

Uma ruga de raiva apareceu na testa de nosso amigo Fernando. Ele deixou passar. Olhou para o lado e viu que o vizinho com quem tinha se desentendido estava olhando para ele, pode ver as marcas de seus dedos na garganta do infeliz, era da natureza do rapaz ir se desculpar, ele diria que tinha sido um momento de descontrole, que era muita coisa para sua cabeça, pois havia acabado de descobrir que a mãe havia morrido. Quando se lembrou da morte da mãe, novamente, a sensação de choro veio em seu rosto, à dor de perder o ente querido era a pior coisa que ele havia já havia sentido. Seu demônio interior não deixou que ele fosse pedir desculpas. Passou direto com a cara fechada rumo a sua casa.

Entrou em casa e começou a chorar, chorou como nunca havia chorado antes. Resolveu beber alguma coisa, sabia que o padrasto alcoólatra tinha uma garrafa de cachaça escondida em algum lugar. Achou uma garrafa pelos ombros de cachaça debaixo das cuecas do velho. Sacou de um copo na pia e bebeu três doses seguidas. Bastou aquilo para ele já se sentir alterado. Sentou em uma poltrona com um copo cheio, gostaria que fosse uísque, mas seu salário não permitiria, muito menos do maldito padrasto.

Fernando começou a beber dose, atrás de dose, chorando a perda da mãe e vendo a mediocridade de sua vida, que não tinha feito nem sequer metade das coisas que gostaria de ter feito. Viu que sua vida não tinha mais sentido, não tinha motivos para viver. Sobre o efeito do álcool ele teve a “genial” idéia de se suicidar.

Foi até sua mochila e procurou uma corda bem resistente, iria partir desse mundo sem muita honra, afinal, vivera quase sem nenhuma honra. Pensou que ia morrer jovem, nunca tinha pensado nisto, ele sempre imaginou morrer idoso, cercado pelos filhos, os netos e sua esposa, também idosa. Com a corda nas mãos ele fez uma forca, dependurou na linha central do telhado de sua casa e a dependurou. O padrasto teria uma surpresa e tanto quando chegasse a casa e achasse o corpo dele dependurado por uma corda no pescoço.

Relembrou de histórias da infância, diziam que o enforcado ao pular com a corda no pescoço via um enorme redemoinho em baixo dele. Pensou por um instante se iria acontecer aquilo com ele, afinal, nada acontecia com ele. Olhou mais uma vez para a porta, pensou em sair correndo, mas não faria aquilo. Seu destino estava selado.

Subiu em uma cadeira, pensando em comer um sanduiche, daqueles de propaganda. Não tinha tempo para aquilo. Saltou da cadeira e sentiu a corda apertando no pescoço. Enquanto ainda estava consciente, olhou para o chão e viu um pequeno redemoinho de energia se formar sob seus pés dependurados.

Continua...

João Murillo
Enviado por João Murillo em 13/12/2010
Reeditado em 13/12/2010
Código do texto: T2669367
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