A MORTE DA ESPERANÇA
Já era tarde da noite quando Marcos dirigiu-se até a janela da sala para trancá-la. Havia se distraído na cozinha com toda aquela louça suja e nem percebeu que sua casa estava vulnerável. Mas era tarde demais. Um homem com uma aparência sombria já havia adentrado o local. Estava com uma pistola em punho apontada para sua cabeça.
— E aí vacilão, preparado para o pior?
A princípio, Marcos ficou um pouco atônito, mas logo relaxou.
—Me mostra agora onde fica o cofre – ordenou o ladrão.
—Não tenho cofre. Aliás, nem dinheiro em espécie eu tenho comigo.
—Você está de brincadeira comigo, está querendo morrer?
Nesse instante, Marcos sorriu discretamente e disse:
—É você quem sabe. Já lhe falei que não tenho dinheiro.
O bandido encolerizado colocou Marcos de joelhos, engatilhou a arma e encostou o cano gelado em sua nuca.
Marcos sentiu naquele instante, o início de sua libertação. Enfim se livraria de todo o pesar que havia se tornado sua vida. Devido o fato de penetrar no universo espírita, o suicídio a muito já era uma idéia remota, pois aprendeu que atentar quanto à própria vida, só lhe acarretava mais sofrimento. E esse homem que invadiu sua casa, daria cabo de sua vida, isentando-o que qualquer culpa.
A frieza de Marcos despertou a atenção do homem e esse surpreso com aquela atitude perguntou:
— Não tem medo de morrer?
Marcos olhou profundamente nos olhos do seu agora redentor e disse secamente.
—Não, acaba logo com isso.
O homem então, notou a dor naquele olhar. Um olhar que jamais havia presenciado em suas inúmeras vítimas. Como era extremamente cruel, desengatilhou a arma, a guardou em sua cintura e se retirou pela mesma janela que havia entrado.