A Experiência, Mutação Genética - Capítulo VII - "Rio de Sangue"

Enfim o Presidente da República autoriza a entrada das Tropas Federais, após as 12hs passadas pós-acidente, para evitar a proliferação. Essa era a preocupação absurda do chefe de Estado: deixar os contribuintes morrerem.

Os noticiários internacionais, ainda criticavam a postura do Governo brasileiro, de não estarem preparados para tal situação. Na igreja da Candelária, os fiéis rezavam pelas vítimas, em frente ao Palácio Guanabara, o Governador era chamado de covarde!

Numa entrevista coletiva, Dr. Dutra ainda dava explicações inúteis,

tentando justificar o injustificável fato devastador:

-Não entramos em ação antes, devido ao grande volume de contaminação. O Projeto “A Experiência, Mutação Genética” tinha os seus riscos. A princípio, estávamos desenvolvendo uma droga mais avançada, muito além da capacidade humana. Misturamos o DNA humano, com o DNA animal. Estava em fase de testes, mas, um dos nossos cientistas, mexera na substancia proibida, acrescentando uma substância de cor azul, causando toda a explosão. Não sabemos que substância foi adicionada ao do projeto, e infelizmente, não podemos identificá-la.

-Mas Doutor – objetou um repórter – por que o senhor não autorizou a entrada das Tropas Federais? Por que deixaram tantas pessoas morrerem naquele local?! Essa não deveria ser a primeira preocupação?

-Sim, mas o local estava contaminado, devido à grande explosão. Não tínhamos condições de identificarmos às pessoas contaminadas e as não-contaminadas; era noite, pouco se via naquele momento. O Presidente já autorizou...

-Até agora não vimos ninguém das Tropas Federias no local – preparava a pergunta outro repórter -, e o senhor disse que o efeito da substância duraria no máximo doze horas. Ora, o acidente ocorrera, mas ou menos pelas 23h e 33min, agora são 12h e 39min. Por que o Presidente não mandou as Tropas Federais antes? Por que não há homens preparados para enfrentar esses tipos de situações? Eles poderiam entrar com roupas especiais e máscaras? Ou será que não somos preparados o suficiente? E por que esconder um projeto tão perigoso, numa cidade como à de São João de Meriti? Por que não escolheram um lugar distante?

-Não imaginávamos que a experiência chegaria a este ponto. A escolha do local não foi nossa. Não houve tempo o suficiente para anteciparmos as Tropas Federais, e temos homens preparados para esse tipo de situação.

-Doutor, se esse incidente ocorresse na zona sul, as coisas seriam diferentes? Haveria mais interesse do Governo? Já que é a área nobre do Rio de Janeiro, ao contrário de São João de Meriti?

-Gente! Não vamos fazer nenhum tipo de comparação...

-Meu Deus! O quê é aquilo!

Um grupo de pessoas corria em direção à barreira formada pelos militares, fugindo das criaturas. Foi uma ótima oportunidade para a imprensa, que estava impedida de entrar no local. Automaticamente, todas emissoras apontaram as câmeras em direção as pessoas desesperadas. Algumas se rastejavam, outras agonizavam, e poucas escapavam. Uma criança jazia sem um dos braços, em frente à igreja de São João, enquanto as outras pessoas eram rasgadas como papeis; tendo suas vísceras expostas. Os órgãos humanos eram espalhados naturalmente, como se fosse lixo espalhado pelos cães de rua, no meio da praça, bem próximo a Rua da Matriz, que se transformara em um “rio de sangue”.

Pela primeira vez, o mundo inteiro via aquela cena horripilante, exibida ao vivo pelas emissoras de TV brasileiras e estrangeiras em HD (Alta Definição); que destacavam a agonia do povo meritiense. Enfim, o mundo chorava a dor dos habitantes da Baixada Fluminense.

Sanderson Vaz Dutra
Enviado por Sanderson Vaz Dutra em 01/12/2010
Código do texto: T2646604
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