A Experiência, Mutação Genética - Capítulo VI - Inimigo Amigo

–O que vamos fazer agora? – perguntou Jéssica, prendendo os cabelos numa piranha.

–Vamos descer pela corda – disse Antenor, enrolando a corda em torno da chaminé – segure-se firme filha.

Jéssica abraçou-o forte; laçando seus delicados braços no pescoço do avô, e desceu segura até o solo. No terraço, um princípio de discussão entre dois homens: Ricardo e Hudson:

–Desça você primeiro – disse Ricardo – não confio em você – em seguida, apontando uma pistola prateada.

–Está bem – respondeu Hudson ironicamente.

Ricardo presenciou um homicídio cometido por Hudson, dias antes do terrível acidente no Centro de Pesquisas Dr. Agostinho Porto, viu toda cena, enquanto abastecia um tanque de caminhão no posto.

–Deixe disso homem! Ele agora irá nos ajudar – disse Cesar, que amarrava outra corda na chaminé – fiquem aqui, me ajudem a tirar primeiro as mulheres e crianças.

–Antenor e Jéssica estão cercados – disse Sonia, esposa de Cesar.

Num ato heroico, Hudson pulou na lona da mansão, deslizando roliçamente até cair na piscina. Antenor e Jéssica estavam armados, porém, o número de criaturas naquele momento era maior. Puxou rapidamente a espada das costas, arremessando-a ao chão, para dar mais leveza ao corpo. Puxou duas metralhadoras e fuzilou três criaturas, restavam cinco. O restante aglomerou-se cercando Jéssica, que tentou apertar o gatilho da submetralhadora, mas fora surpreendida: o gatilho travou:

–Jéssica – bradou Antenor, com lágrimas nos olhos temendo o pior.

De cima do terraço, Cesar e Ricardo olhavam sem poder fazer nada, em meio à nebulosidade da fumaça provocada pelas chamas, que ondulavam insistentemente. Surpreendentemente, Hudson surge entre as criaturas, agachando-se rapidamente para pegar a espada. Vinha rastejando-a de maneira cinematográfica, tirando faísca da ponta afiada. Em poucos segundos, partiu três criaturas ao meio, abrindo caminho para Jéssica:

–Corra moça! Deixe isso comigo!

Jéssica correu para os braços de Antenor, enquanto Cesar e Ricardo vinham para dar suporte. No meio do inferno, Hudson olhava os corpos pavorosos dos “ex-humanos” contaminados, e reconheceu alguns amigos entre os três cadáveres. Não tinha receio algum de tirar vidas humanas; tampouco se importava com alguém na Terra; porém, naquele momento crítico, seu coração sanguinário acalmou-se.

Nesse mesmo instante, Cesar dá dois tiros certeiros no crânio dos monstros, tirando Hudson do perigo:

–Viu? – disse Cesar para Ricardo – Ele está do nosso lado.

Ricardo reconheceu o heroismo de Hudson, mas não houve aperto de mão entre eles, porém, Antenor veio cumprimentá-lo:

–Muito obrigado amigo.

–Não me agradeça, fiz isso por instinto. Aliás, não sou seu amigo – disse em tom de arrogância, dando as costas para Antenor.

A estupefação de Antenor pela ignorância de Hudson surpreendeu-o, deixando sem palavras:

–Vamos sair daqui Antenor! Em instantes tudo isso irá pelos ares. Temos uma vã a nossa espera – disse Cesar.

Entraram no carro, e seguiram em direção a Coelho da Rocha. A igreja de Agostinho Porto estava coberta de sangue. Em todo local, havia veículos abandonados. Algumas casas já eram consumidas pelas chamas, e algumas crianças choravam mortas: lágrimas de sangue.

-Meu Deus! São apenas duas crianças – disse Sonia.

Cesar consolou Sonia, enquanto Ricardo dirigia o carro. Antenor acalantava Jéssica, e Hudson, no último banco, sem ninguém perceber, pegava uma arma deixada no banco do carona.

Sanderson Vaz Dutra
Enviado por Sanderson Vaz Dutra em 29/11/2010
Código do texto: T2642766
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