Condenado
Virginia - 1759
O sangue jorrava por todo lado.
As ferraduras dos cavalos batiam no chão, quase ensurdecedor. As lâminas das armas chocando-se era de rasgar os ouvidos, minhas mãos já não obedeciam meu cérebro, eu matei e continuo a matar muitos, mas no fundo estou confuso.
Não houve silêncio em momento nenhum... O silêncio agora já ensurdecia todos os bravos guerreiros que ainda mantinham-se em pé nessa carnificina, na guerra do século. Lutar-mos-ia até que nosso sangue escorresse por nosso corpo, caído e podre no chão se acabasse, porém, todos nos lembraríamos... As mortes hoje nunca mais seriam esquecidas, as perdas acontecem. O medo bate, mas estamos de escudo, pois hoje a... Vitória é nossa.
Minha espada passou novamente por um homem, o estridente som de eu decepando-lhe a cabeça era atormentador, mas... Ao mesmo tempo, era, era tão sublime. Eu sorria, sorria com a doce vitória que corria junto ao meu sangue nas veias, meus olhos perfeitamente abertos, observando tudo. Eles estavam indo embora, desistindo, eu sentia vontade de rir por dentro, eu via tanta tristeza neles, a desgraça feita por nossas mãos, mas... Mas, ainda sim eu sentia-me majestoso, eu queria rir, sublime. Parei.
__NÃO! - Berrei em direção ao homem do outro exercito.
Pelas costas, ele matou o rei, minha alegria se fora, as lágrimas queriam sair, junto a tristeza e o ódio formando-se dentro de mim... Ele matara meu pai, meu querido pai por apenas um golpe de sorte... Gritei novamente, um grito estridente de ódio e tristeza... Fincou-lhe a lança pelas costas atravessando-lhe o coração.
Gravei-lhe a aparência: muito alto, loiro, pele clara, olhos azulados, músculos esguios. Um pobre homem de sorte, por um momento, por que agora, passara a ter azar. Corri em sua direção carregando a enorme espada de mau jeito, querendo cortar-lhe em partes. O barulho de algum animal se aproximava, ele correu, eu esqueci completamente do animal, até que ele subiu de carona a um cavalo, sendo capaz de correr mais do que eu com minha armadura. Gravei-lhe bem.
__Homem de sorte, passa a teres azar agora, pois a vingança volta a dragão - Gritei ao individuo que sorria triunfante, mostrou-me o dedo médio. Eu tinha dó, porém eu desejei sua carne.
†††
Dois dias depois da perda, estava arrumando-me para o velório de meu pai, vesti uma armadura especialmente para mim, negra. Pois, logo após o enterro e a triste visão do campo de guerra, eu assumirei seu lugar. Ajoelhei-me na frente de Cristo.
__Pai, hoje tomo teu lugar e vosso reino, eu liderarei o melhor que posso, mesmo sabendo que a seus pés não tocarei, mas prometo-lhe vingança... Cristo, meu senhor, proteja meu pai, onde quer que ele vá, pois não fui capas de fazer.
Levantei-me em silêncio, peguei a espada que demorei um dia e meio fabricando, feita a fogo de dragão, a melhor lâmina que encontraras na terra, e meu nome cravado em fogo em sua lâmina. É maior que as comuns. Coloquei na cintura e com o elmo nas mãos dirigi-me ao local do enterro, o resto de meus familiares foram comigo, porém, por respeito não dirigiram-se a mim.
Em frente a seu tumulo, rezei pela última vez. Ouvimos as palavras bonitas do padre, vi as flores serem jogadas, eu não tinha nada a lhe dar, o que eu tinha chegaria logo, só assim pediria teu sincero perdão. O ódio fervia em mim.
Ajoelhei-me diante do conde, trouxeram a coroa de meu pai feita de ouro e diamante, a espada pousou em meus dois ombros, e assim a coroa foi colocada em minha cabeça. Levantei-me e pela primeira vez em dois dias, vi minha mãe esquecer a tristeza e sorrir com meu coroamento, fiquei feliz com isso. Sorri a meu povo, fiz um breve discurso, agradeci a todos. E na noite de hoje eu fiz um festa para comemorar meu coroamento e esquecer o rancor de meu pai. Eu tinha planos pra hoje.
Festa excelente.
Ao final da festa eu estava sóbrio. Os outros caídos em bebidas, cansados, exaustos... Hora do plano entrar em ação, finge que ia me deitar, tranquei a porta. Terminei de me equipar, e para provar que era digno. Tirei a armadura do peitoral, só usei nos braços e da cintura pra baixo, não usaria escudo nem elmo. Fugi...
Peguei o cavalo mais rápido que havia no reino, um cabelo negro e maior. Estava cavalgando o mais rápido possível até o reino de Mathew, o reino inimigo mais próximo... Ignorei todos meus sentidos, a água ficou para o cavalo e é só isso que precisava. Cheguei. Amarrei no cavalo na saída do lugar, antes que o sol nascesse esgueirei-me pelo lugar, desviando-me dos guardas, porém eu precisava de um. Soquei e tapei sua boca, peguei sua faca e a coloquei conta o pescoço.
__Diga-me desgraça, quem é o homem muito alto, loiro, pele clara, olhos azulados, músculos esguios. Aquele que matou meu rei... Se não disser irei matar-lhe e comer sua carne jogando sua alma a podridão - Disse furioso, tão ansioso por minha promessa e tanto ódio pela demora.
__Damon, ele fica no último quarto do castelo... Foi honrado como o protetor do rei, é frio, sádico e misterioso.
__É bom ter cooperado, agora... Perdoe-me pobre alma, mas morra... - Tapei sua boca antes que pude-se falar o matei rasgando seu pescoço.
O mais rápido que pude, tomando cuidado com os arqueiros e silencioso, passei pela segurança, não entrei pelo castelo, dei a volta, escalei o castelo, entrei por baixo onde ninguém estaria, e lá estava seu quarto no fundo, perto ao do rei para podê-lo proteger, entrei no quarto cuidadoso. Não havia ninguém, bufei e a enorme raiva transbordava. Meu coração em escuridão se perdeu, o ódio apoderou-se. Eu o vi entrar, calmo no quarto como se fosse normal, fechou a porta atrás de mim, sentou-se a minha frente, saquei a espada.
__Morreres vai, pois a vingança volta-- Minha voz não era mais a mesma, o ódio a modificou.
Riu maleficamente - Sério? Então mate-me...
Finquei-lhe a espada no corpo e mesmo o sangue caindo ele ainda ria, ria que me deixava louco, eu desejei seu sangue, sua desgraça, sua morte... Perfurei-lhe de todos os jeitos e essa aberração ainda estava viva.
__Não saberás como me matar, pobre alma atormentada... - Riu e eu gritei de raiva - Meu ponto fraco, nunca descobriras - Pegou-me pelo pescoço - Morra, lixo...
__Demônio, filho da puta, sua mãe devia ser uma égua de mão cheia - Com minhas últimas forças, mesmo quase sem ar, pela última vez passei a lamina decepando-lhe a cabeça nojenta. Sua mão soltou-me e sangue negro escorreu por seu corpo. Eu comecei a rir, a rir como um maníaco. Cortei-lhe o resto do corpo antes que, sei lá... Se grudassem de volta? Joguei a lareira, a fumaça ficou negra, uma coisa obscura. Eu ri mais ainda, sentia o ódio em mim transbordando e a loucura aumentando, eu estava feliz... Psicoticamente, eu estava adorando, meu desejo saciado vi seu sangue escorrer, ou talvez sua gosma nojenta jamais humana.
__Papai -soltei uma gargalhada terrivelmente atormentadora, até mesmo para mim-, É por você que cometo vingança.
A vingança cegou-me, os risos começaram a abafar. De braços abertos, a espada no chão olhei meu peito, estava atravessado por uma lanças, porém olhando bem era uma foice que derramava meu sangue no chão. Ouvi um riso maléfico ecoar no lugar, olhar pra trás pelo que consegui.
__Parabéns! Meu jovem, tevês o reinado, viveu sua maior perda, deixou seu povo para morrer... Em vingança acabou com tudo, pagando-lhe pelo preço. Seu pai viu os erros do filho ele disse-me "Isso não é meu filho, meu filho morreu, pois não é um psicopata anormal, é o reflexo do demônio que me mataras" causou tudo isso então? - Debochou -- Para nada? Para lhe rejeitaram? - Uma voz gutural era sua.
__NÃO É VERDADE! - Gritei.
__Ah sim! Meu rapaz, acredite, é sim, e adorei vir buscar sua alma, chamam-me de a Morte, e hoje lhe condeno ao inferno, jovem... Inútil - Debochou novamente, jogou-me para baixo, rindo de mim, cai com uma dor enorme em meu peito. Tentei gritar, mas o grito ficou atolado na garganta. E no ar poderoso e rançoso a escuridão gélida possuiu-me e pela última vez ouvi meu grito escapar por meus lábios e ecoar, minha visão estava sumindo, quando vi uma visão de meu pai, ele balança a cabeça negativamente "esse não é a merda de meu filho", disse pela última vez e desapareceu, lágrimas escorreram por meu rosto, apesar de que quase não conseguia as sentir, condenei-me e morri em vão. Minha visão foi apagada completamente.