Mais uma morte...

Mais uma morte...

Por Luiz L.

Ela desceu aquelas escadas em disparada com seu par de sapatos segurados na mão direita, as gotas de suor penetravam sobre seu vestido longo de cor rubro da mesma cor de seus lábios, sua maquiagem já borrada também vítima de sua transpiração faziam com que a sombra em seus olhos a transformasse em uma figura psicótica. Passando pela mesinha ao pé da escadaria não abriu mão de derrubar o vaso mais caro de sua residência, com uma cor gritante e formas geométricas, seu dinheiro não fora bem gasto, ao menos pelo luxo que ali ocupava sua mesinha de madeira nobre.

Suas mãos logo correram até a maçaneta dourada da porta fechada a sua frente. Aquela mulher lá com suas 30 primaveras jogou seu olhar frisante para trás encarando novamente as escadas com o coração pela boca. Apreensiva.

Fora a última vez que olhara para uma escada ao rabo dos olhos. Aquele pano de cor preta flutuava e descia as escadas como um vulto, por dentro, um cabo de madeira saía de um corte no tecido com um instrumento cortante e curvado em sua ponta – seria uma Foice pronta para mais uma vítima.

A mulher com suas mãos trêmulas não conseguiram segurar com a força de antes a maçaneta, suava, e escorregava no instrumento de ferro para o seu desespero. Com os pés, tentou alguns chutes, e com os ombros rapidamente tentou derrubar a porta, mas fora em vão, nada adiantou.

Aquela risada sarcástica ecoou em sua mente a atormentando. Estaria enlouquecida com os entorpecentes? Ora alucinações por efeito da taça de vinho que tomara ao jantar a luz de velas minutos antes de ver seu marido com a cabeça decepada na sala de jantar?

A lâmina passou rasgando o vento atingindo a porta de madeira, enquanto a mulher num gesto inesperado jogou seu corpo de lado e caíra ao chão por cima de seu braço – o fraturou com a queda. Mal se entendera afinal o que tivera feito, mas não fora sua melhor escolha, pois a Foice voltou novamente em sua direção, que agora a apunhalou perfeitamente partindo metade de seu crânio fazendo um corte transversal. Mal teve tempo de respirar, ou dar uma resposta.

Por trás daquele pano preto, mais uma risada horripilante fora ouvida em todos os 12 cômodos da casa. E uma voz rouca e grave soou por trás daquela figura que se tratava de um “Julgador” para os Humanos.

– Humanos são tão ingênuos... Parece que não conhecem a frase: “A que se faz, a que se paga...”. Sua filha Christine ficará muito satisfeita em te ver, minha cara. Aliás, ela quer resolver assuntos pendentes quanto ao motivo de você a ter afogado na sua piscina. – O pano de cor negra lançou mais uma de sua risada curta e misteriosamente caíra ao chão sumindo de repente.

Luiz L Bernstein
Enviado por Luiz L Bernstein em 23/11/2010
Código do texto: T2632988
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