Anjo da Luz

Em meu leito de morte, eu estava triste e não porque ia morrer, não tinha medo da morte, chorava por vingança, eu morreria e meu algoz teria uma vida feliz até que a morte o levasse também, aquilo em minha cabeça e em minha alma, não era justo. Ninguém jamais iria se vingar por mim, não tenho filhos, não tenho irmãos nem parentes próximos capazes de fazer isso por mim. Meu coração urgia por vingança, esse sentimento maldito que habita o coração dos homens impuros, como eu.

Aquela ferida em meu coração, dilacerado pela facada dada sem dó, pelo homem, que queria minha amada. Eu não poderia deixá-la passar o resto da vida, ao lado de um homem que assassinou o homem que a amava. Todo esse sentimento e a vingança que não iria ser cumprida dilaceravam ainda mais meu peito, a vendeta simbólica, onde meu espírito poderia descansar em paz, nem que fosse aos confins do inferno, mas eu só seria feliz no outro mundo se matasse o maldito nesse.

Naquele minuto, antes de morrer, ele me apareceu. Diferente do que eu pensava a morte não era negra, não era uma linda mulher em um vestido vermelho, nem uma caveira com o seu manto negro e uma foice na mão, pelo contrario, minha morte foi cercada de luz, luz que emanava de um único ponto, que antes de meus olhos poderem identificar, me cegava completamente, mas com o passar do tempo, minhas pupilas de defunto, não sei se podia me chamar assim, puderam vê-lo na minha frente, era lindo, emanava luz de todo o seu corpo, suas enormes asas alvas me faziam ficar admirado diante de tanta beleza. O anjo da luz me falou:

- Eu vim para levá-lo.

- Então, estou aqui. – falei.

-Existe um enorme sentimento em você, um enorme sentimento que eu não consigo identificar, algo que você ainda quer fazer na terra, algo que falta, para seu espírito.

- Vingança. – falei cerrando os dentes de ódio.

- Você sabe que o homem que te matou vai viver com sua amada o resto da vida feliz ao lado de sua amada, tranqüilo, sem ressentimentos de ter matado você, pois para ele você é um verme insignificante, para ele, a sua morte era apenas um pequeno trabalho a ser feito, para a felicidade dele e dela.

- Não, eu a amava! Meu coração agora urge por vingança. – berrei.

- Interessante. – falou com um tom misterioso.

- O que é interessante?

- E se eu lhe desse uma oportunidade de vingança? – me perguntou o anjo da luz.

- Eu pagaria qualquer preço por isso.

- Então que seja feita a vossa vontade. – falou e começou a brilhar até me deixar cego.

De repente, toda a luz se transformou em trevas, não conseguia enxergar nada, nem eu mesmo, nunca tinha visto tremenda escuridão, uma sensação de queda livre me toma, sinto meu estomago mexendo dentro da minha barriga, como se estivesse em uma montanha russa. Escuto muito ao longe um baque surdo. Ouço vozes ao longe, muito longe, fiquei me perguntando quem seriam, será que eu as conhecia? Uma pergunta me veio à tona então: onde eu estava? E que cheiro horrível era aquele? Tentei mexer as mãos bati em algo solido a poucos centímetros acima de mim, ao meu lado também, estava em um minúsculo cubículo escuro, que era aquilo? Não entendia, passei alguns minutos até entender onde estava, lembrei-me do anjo de luz, meu protetor que me permitira voltar à vida para executar meu plano de vingança, Carlos iria ver. Comecei a socar a tampa do caixão, ela agüentou algumas pancadas, mas finalmente quebrou-se, a terra caiu por sobre meu corpo, sai escavando até chegar à superfície, era noite, mas como? Eu fui assassinado pela manha, não havia se passado nem uma hora que eu havia levado a facada. Entendi que o tempo corre diferente nos dois mundos.

Era hora de executar meu plano, meu corpo estava meio podre, deveria ter um dia de morto, não haviam me aplicado nenhum tipo de formol no intuito de conservar o cadáver para o velório, o que acabou sendo bom, pois não tenho muitos parentes mesmo. Sabia exatamente onde deveria ir, iria à casa de minha amada, sabia que Carlos estaria lá, dando uma de bom amigo que consola a viúva, maldito. O sentimento de vingança crescia em meu peito cada vez maior, ardia como se fosse algum ácido a corroer minhas entranhas podres.

Saí do cemitério municipal, que merda havia sido enterrado em um lugar longe do sepulcro da minha família, somente um tio jazia ali, ele havia comprado o terreno e ele mesmo estreara o lugar, eu gostaria pelo menos de ter sido enterrado onde todos os meus antepassados também foram enterrados. Tinha que andar escondido, ninguém poderia me ver, fiquei imaginando se uma daquelas senhoras que sempre acompanham a missa das seis horas me vissem passando, vestindo minha mortalha marrom e com o corpo todo sujo de terra e lama, ainda mais se elas soubessem da noticia da minha morte. Rumei para a casa de minha amada, ia o mais escondido que podia, mesmo sendo noite, algum boêmio poderia me ver ao longe e alarmar toda a rua.

Cheguei a casa dela, pude olhar pelas frestas da janela que ela, a mãe dela e Carlos conversavam na sala, todos com aspecto triste, até ele parecia estar triste, devia estar fingindo para ganhar confiança delas. Vi quando a minha sogra foi se deitar, Carlos e ela ficaram sozinhos na sala, eles conversavam sobre alguma coisa, o assunto deveria ser a minha morte ou o meu assassino desconhecido. Quando ela levantou e rumou para a cozinha, acho que devia ter ido beber água ou alguma coisa parecida, eu, rapidamente, pulei a janela e entrei escondido na sala, fui até onde Carlos estava. Ele não me via, pois estava de costas para mim. Cheguei bem próximo dele, pude notar que ele se sentia incomodado com o fedor, só então notei que realmente estava fedendo, afinal estava morto e todo sujo de lama e terra.

Bati de leve em seu ombro, ele se virou, sua cara de horror me foi muito bem vinda, ele levantou assustado. Pulei por cima do sofá e dei-lhe uma mordida no pescoço, acertei em cheio a jugular e ainda lhe arranquei um pedaço do pescoço. Ele caiu no chão se esvaindo em sangue, saboreei cada segundo da visão dele agonizando, minha vingança estava quase completa, só faltava vê-lo morto, mas nesse momento, minha amada entrou na sala.

- Bruno, mas você, mas você está – parou um segundo para respirar- está morto. – e desmaiou.

Pude ver quando meu algoz estava morto, fui dar uma ultima olhada na minha amada, abaixei-me sobre sua cabeça, olhei seus lábios carnudos que eu tanto adorava beijar, toquei-lhe de leve com os meus já começando a ficar podres, era o beijo da morte. Nesse momento, notei que ela não respirava que estava passando mal. Senti a sala se encher de luz, uma voz já conhecida me falou:

- Morta, pobrezinha, seu coração não agüentou tanta pressão e ainda mais a surpresa de ver você seu morto-vivo fedido.

- Você, anjo da luz, foi você que me enganou. – falei com ira.

- Ah, anjo da luz, faz muito tempo que não escuto esse nome, que por acaso é só mais um dos meus vários nomes. – disse com um sorriso.

- Vários nomes? Qual é o seu nome?

E para minha surpresa, toda a luz do quarto se transformou em trevas e na minha frente eu vi um enorme demônio. Ele apontou para mim e na mesma hora senti como se mil estacas flamejantes perfurassem minha pele, enquanto morria pela segunda vez, ainda pude ouvi-lo dizer:

- Eu sou o mestre da luz, o mestre da noite, eu sou Lúcifer. Aliás, sua alma, agora é minha.

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Segundo a Wikipédia:

Lúcifer é uma palavra do Latim (lucem ferre) que quer dizer "portador de luz", representa a estrela da manhã (a estrela matutina), a estrela D'Alva, o planeta Vênus, mas também foi o nome dado ao anjo caído, da ordem dos Querubins, como descrito no texto Bíblico do Livro de Ezequiel, no capítulo 28. Nos dias de hoje, numa nova interpretação da palavra, o chamam de Diabo (caluniador, acusador), ou Satã (cuja origem é o hebraico Shai'tan, que significa simplesmente adversário).

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NÃO ESQUEÇAM:

Cavaleiros do Apocalipse

Em breve, eles estão CHEGANDO.

Sr Terror, J.C King, Julio Dosan e João Murillo

Cabeças irão rolar

AGUARDEM.

João Murillo
Enviado por João Murillo em 18/11/2010
Reeditado em 19/11/2010
Código do texto: T2622850
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