Quem mexeu no "Jokebox"?

Foi na minha viagem para Las Vegas, depois dos passeios aos Cassinos, de todas as diversões possíveis, passando diante de uma loja de suvenir , encantei-me com uma caixinha que tocava música, uma réplica do Jokebox dos bares da década de 60. Não era de corda e sim á pilha. Sempre fui apaixonada por caixinha de música,paralelamente junto com a minha coleção de bonecas,também estava colecionando, era a minha oitava caixinha de música, presente do filhão .

Na verdade, era um cofre, colocava-se uma moeda, pressionava-se, daí tocava uma música(Mister Postmam da dupla The Carpinter).. Saí tão contente da loja, no Hotel já comecei á fazê-la tocar, repentinamente, era divertido ver as luzes coloridas piscarem conforme o ritmo, senti-me uma criança numa noite de natal...Mas, consciente de que tudo de mais enjôa e gasta pilha, resolvi guardá-la, até voltar ao Brasil.

Depois de 10 meses lá nos EUA, retornei ao meu país no mês de março de 98

Coloquei o Jukebox na estante da minha sala,num lugar de destaque, todos os amigos e familiares que vinham visitar-me, queriam conhecer a novidade. Daí lá ia eu fazer a demonstração como funcionava, eles ficavam encantados como eu havia ficado a primeira vez que eu vi.

Passou-se algum tempo. Ela sempre ali, sem se tocada, só conservada limpa e de enfeite...

Numa certa madrugada, divido a insônia, estava eu assistindo a sessão coruja, era quase 2 horas da manhã . Naquele tempo eu tinha o hábito de fumar. No intervalo hora do “plinplin”, acendi um cigarro, quando dei uns tragos....Ouvi, juro que ouvi primeiro como se fosse uma chuva batendo na minha janela ,como se fosse areia, lembrei, não poderia chover ali, a garagem era coberta. Ouvi passos bem lentos, depois silêncio, depois a caixinha tocar música sozinha.

Tomei um susto. Não foi medo, foi susto mesmo. Gritei para a minha mana que morava nos fundos, ela num sono profundo nem me ouviu. Levantei-me e fui á sala. O Jokebox disparado piscando e cantando.Desliguei...

Na noite seguinte, pela madrugada a mesma coisa, tudo se repetiu. Chamei a minha irmã, que nada dela acordar. Dessa vez, fiquei com medo, mesmo assim criei coragem e fui lá desligar, estava travado, quase não consegui, resolvi então, por medida de segurança tirar as pilhas. Graças a Deus, nunca mais disparou. Mesmo muitas vezes num descuido esquecia a pilha lá, quando queria ouvir novamente.Não disparou mais.

Contei o acontecido á mana, ela me disse que não ouviu nada, insinuou que fosse pesadelo meu. Imagina, pesadelo eu vendo tv, fumando, fui desligar...por 2 dias seguidos.

Um dia, a levei para o meu professor de física da minha escola para ele me explicar o acontecido, se era capaz de uma mola soltar-se, sem pressão, ele mexeu e afirmou que não.

Então, ficou o mistério no ar, até hoje a tenho sempre num cantinho da sala, não misturo com as outras caixinhas de músicas.

A propósito, as vezes quando estou melancólica, coloco todas ao mesmo tempo para tocar, menos a Jokebox..Loucura minha? Não! Sou tão lúcida quanto a certeza de saber quem eu sou.

Dora Duarte

Dora Duarte
Enviado por Dora Duarte em 17/11/2010
Código do texto: T2621687
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