Eis o Cristo ....

E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.

1 Coríntios 11:24

Aquele infeliz que teve sua vida arruinada pelas drogas e agora vagava pelas ruas, sem ter onde dormir ou o que comer nunca podia imaginar o que estava para lhe acontecer.

A vida é assim, uma caixa de surpresas.

Muitas vezes havia pensado em dar fim à sua vida miserável.

Mas sabia não ser o caminho melhor.

Já nem sabia mais em que parte do país estava e muito menos o ano ou o mês.

Sua vida era uma desgraça sem tamanho.

O sentido havia se perdido há muito tempo.

Mas....

Em uma manhã de domingo perambulando logo cedinho, sentindo fome, e a cabeça rodando.

Quando de repente, nota vindo ao seu encontro quatro pessoas um tanto quanto exêntricas.

Dois homens já de meia idade e duas jovens. Todos trajando roupas negras, e os homens de chapéu de modelo bem antigo.

Eles se aproximam e param bem à sua frente.

Eis o Cristo. O nosso Cristo. Diz o homem aparentando ser o mais velho.

Sem pensar ele solta uma gargalhada. Cristo? Eu? Ele pensa consigo.

Como se lessem seu pensamento, a jovem lhe responde olhando bem em seus olhos:

- Sim, por que duvida? Aceita seu chamado e vem conosco.

Não era um convite, era uma imposição.

Novamene ele riu, mas agora um sorriso nervoso e com medo.

O outro homem entregou a ele um cartão com endereço e disse que o esperavam naquela noite.

Ás nove da noite lá estava ele, uma rua sombria, deserta, dava calafrios, ainda mais com uma lua encoberta por nuvens.

Era uma casa bem antiga. Enorme.

Ele entrou pela porta que estava aberta.

Lá dentro, em uma sala enorme, iluminada apenas por velas de diversas cores e tamanhos, pode ver muitas pessoas também trajando roupas negras.

Pode reconhecer o homem que lhe dera o cartão se levantando e vindo até onde ele estava parado.

- Agradeço por ter vindo e aceitado seu chamado.

O misterioso homem trazia nas mão um cálice dourado e ofereceu a ele dizendo:

-Tomai. É a prova de que aceitou.

Com medo e as mãos trêmulas, ele pegou o cálice e tomou.

Sua visão foi ficando turva, e a sala começava a girar.

As pessoas então se levantaram e vieram até ele.

Ele apenas vias a movimentação mas nada podia fazer, era como se estivesse fora de seu corpo.

Percebeu que deitaram sobre algo que parecia ser uma mesa e abriram seus braços.

Sentiu que o forçavam a beber mais daqueles cálices.

Ouvia as pessoas repetindo a frase:

Eis nosso Cristo. Aleluia. Aleluia.

Eis nosso Cristo. Eis aqui.

Estava totalmente anestesiado.

Anestesiado demais para sentir partes de sua carne sendo cortadas enquanto o homem que o recebera recitava os versículos da bíblia que dizem: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.

Repetidamente.

Ele via as pessoas comendo pedaços de carne crua, com sangue escorrendo pelos cantos da boca, mas nunca imaginaria ser sua carne.

Quando essa ideia medonha lhe veio à mente, apagou, não viu mais nada.

Acordou no outro dia sentindo a cabeça estourando de dor, um gosto amargo na boca.

Olhou ao redor e não reconheceu onde estava, nunca tinha passado por ali.

Sozinho. Uma sensação de vazio.

Vozes vieram à sua mente: Eis o nosso Cristo......Tomai, comei;....nosso Cristo

isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.

Imaginou ter sido um sonho ruim, um pesadelo.....

Sentou-se e percebeu que suas pernas estavam enfaixadas, colocou as mãos na panturrilha e sentiu uma dor imensa.

Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido

por vós; fazei isto em memória de mim.

Novamente a frase lhe veio à mente.......

Desespero e dor......

Do outro lado da rua quatro seres de negro o observavam, mas quando notaram que ela as vira, se viraram e sairam caminhando e se misturaram à multidão.

Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido

por vós; fazei isto em memória de mim.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 11/11/2010
Código do texto: T2610309
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