O TUTOR DO DIABO
Quem é capaz de dizer quem veio antes do anjo do mal, sob que cartilha debruçou-se satanás para maquinar suas batalhas contra o bem?
Ninguém conhece Deus, apenas invoca sua proteção e acredita nela, e jamais encontrará alguém que lhe diga quem foi o mentor de Deus, sucede-se o mesmo com o anjo do mal, mas há uma história cuja certeza de que tudo que satanás fez e fará se faz clara e evidente, e que cada um de nós poderá ser seu mentor...
O barulho estridente das dobradiças naquele playground mostrava lá num canto solitário Jordan, um garoto estranho que na sua pouca idade já fizera algumas coisas que se poderia dizer não eram naturais.
____Venha Jordan, vamos ao hospital ver seu tio, disse seu padrasto.
Jordan vivia com seu padrasto depois que sua mãe morrera em condições misteriosas.
O tio dele havia sofrido um grave acidente, quando deu partida em seu automóvel num pequeno declive em frente a sua casa.
A anatomia do acidente poderia ser descrita como um acidente criminoso, mas devido aos precedentes de quem o causou, teria que ser esquecido para o bem de um futuro caráter, assim pensavam.
Sorrateiramente abrindo o capô do carro do tio, numa hora de sesta, passou pelo cano que levava fluido de freio ao reservatório uma faca de cozinha afiada, esvaziando.
Havia algo de ruim na índole pré caráter da criança, notava-se em seus olhinhos, um estranho prazer em tentar destruir a parte carnal das pessoas.
Dias depois devido ao quadro crítico e infecções generalizadas o tio de dele morreu na capital, bem longe dos olhos de todos e de Jordan.
Jordan contava então com 5 anos.
O ano da graça de 1967 trazia no dia 6 de Agosto um dia maravilhoso, era quarta-feira e o sol escaldante trouxe dos fundos do colégio o grito desesperado de uma menina magrinha, ela vira Jordan empurrar um coleguinha de uma plataforma a uns 9 metros de altura usada antigamente para caixas de água e que agora estava abandonada, mas ao alcance de afoitas e aventureiras crianças.
10 minutos depois, de transportarem a criança para o hospital em estado grave ela faleceu com fraturas múltiplas e traumatismo crânio encefálico.
O padrasto de Jordan foi procurado, e como sempre deixou o menino alheio a tudo aquilo, apenas prometendo as autoridades que o levaria a um psiquiatra.
Jordan tinha Nove anos então.
Um inseparável chiclete fazia parte do rosto frio de Jordan, adolescente de poucas palavras, o único amigo era seu padrasto que o vestia e o conduzia a lugares escolhidos por ele, como festas have... E ao cemitério.
Apesar de achar estranho o padrasto achava “radical” o garoto gostar de ir ao cemitério, como se fosse uma mania passageira.
Jordan tinha então 15 anos quando chegou numa madrugada totalmente encarvoado, e com aspecto tranqüilo e frio disse ao seu padrasto que a danceteria em que ele estava foi devorada pelas chamas, mais tarde o padrasto soube serem 250 os mortos queimados.
Uma madrugada de Dezembro de 1978 foi marcante para o padrasto de Jordan...
Ele ouviu o rapaz estacionar o carro na garagem que ficava no térreo da casa, e como sempre depois dormiu.
Meia hora mais tarde acordou e caminhou pelo corredor até a escada que levava para o térreo, as luzes estavam acesas, e arrastando-se até o alto da escada viu lá embaixo... rodeando todo o rodapé da parte baixa da casa galões de 4 litros de combustível em espaços de 1 metro cada um ligados um ao outro por estopim...
Ao fundo Jordan, sentado em uma cadeira com uma espingarda na mão, de frente para a escada, encostado na porta de entrada conseqüentemente para onde o padrasto deveria descer, talvez o esperasse.
Enquanto arrastava-se para trás pensava, quando será detonada esta parafernália? E porque eu?
Voltou ao quarto, conjecturou várias possibilidades...
Sentado na porta Jordan acendera um cigarro de maconha e com olhar fixo na escada, recebeu os primeiros impactos da espingarda calibre 12 que seu padrasto detonou de fora pra dentro, no segundo impacto a porta se abriu, carregou novamente e detonou mais duas vezes, espalhando pelo piso a carne encharcada de sangue do psicopata...
O padrasto largou a arma no chão, desceu os três degraus da escada, e já no jardim, olhou para o lado viu pela ultima vez a corda que o ajudou descer até ali... Abaixou pegou a ponta do estopim que Jordan havia esticado até o pé da escada, acendeu o seu isqueiro, um cigarro, deu duas ou três baforadas e depois sorrindo ainda com o isqueiro aceso...O estopim.