MicroConto para o Dia de Finados de 2010
Sinto muito por só ter conseguido publicar esse conto agora, já é quase dia 03( são 23:03, lembrem-se que no Ceará não tem horario de verão), mas mesmo assim está ai, forte abraço para todos.
Gostaria de dedicar esse conto ao Julio Dosan, um dos melhores(se não o melhor) contista de terror do recanto e a faby cristal, que sempre lê os meus contos, muito obrigado, a faby e a todos.
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Estava dormindo, lá pelas tantas no meu sono mais que pesado, parecia um defunto, minha cama estreita não deixava eu me mexer muito, mas mesmo assim o sono era muito gostoso. Sonhava com alguma coisa que não me lembro agora, mas sonhava com coisas agradáveis. Acordo, mas sei que ainda estou sonhando, não era real aquilo, estou em minha casa, no meu quarto, mas está tudo escuro. Na porta, uma menina de olhos arregalados a brilhar me encara, sua expressão é de medo. Ela me diz:
- Quem é você?
- Ei pequena, venha cá, o que você esta fazendo? – replico.
Ela vem na minha direção, era uma menina linda, branquinha, cabelos negros, ela devia ter uns quatro ou cinco anos, nunca tinha visto uma criança tão linda, seu vestidinho preto ainda a fazia ficar mais misteriosa.
- Seus pais devem gostar muito de você pequena, você é muito bonita. Qual o seu nome?
- É Fabiana, mas todo mundo me chama de Faby. – disse-me com um sorriso.
- Fabiana era o nome da minha filha, ela era o meu cristal, minha jóia rara, minha amada. Aliás,nunca mais eu a fui visitar.
- Por quê? Onde ela está?- perguntou ela com um sorriso inocente de criança.
- Sabe que eu não sei. Onde é que está a Faby? – falei, mas tentando lembrar.
- Eu estou aqui, ó. – disse apontando para si. - sabia que você parece muito com o meu papai. – disse ela saindo de perto de mim.
Em um segundo, ela foi à estante e voltou correndo com um porta-retratos nas mãos.
- Olha, é o meu papai, agora ele está junto com o papai do céu. – disse ela apontando para cima.
Peguei o porta-retratos, nesse momento comecei a sentir náuseas fortíssimas, parecia que algo se mexia dentro de mim, senti uma mão pousando nas minhas costas, virei rapidamente, deixando o porta-retratos cair, na minha frente apareceu um enorme ser alado, tinha feições humanas, mas um enorme par de asas de aço o faziam levitar.
- Acabou o seu tempo, temos que ir, mas antes você tem que esperar pela sua visita. – e olhando para a garotinha. – nós nos veremos ainda, algum dia, mas você ainda verá seu pai, hoje.
Nesse momento, acordei dentro do meu caixão, lá fora, por sobre a sepultura, pude ouvir a voz da pequena Fabiana e de sua mãe, minha amada Elisa.