O ARQUIVO DO OUTRO MUNDO
Jeff descobriu aquelas inscrições em meio a “Meus Documentos” em seu computador, na verdade um ícone com caracteres egípcios e como a curiosidade humana fala bem mais com os dedos, Jeff colocou o fone de ouvido selecionou e abriu o arquivo, do som mais baixo para o mais alto, uma musica misteriosa que mais parecia um fundo musical de exercício de relaxamento tocou por uns 30 segundos, depois um breve silencio...Depois uma interferência e o áudio em voz grave e aterradora... ”13 de Agosto... E novamente a interferência, depois o silencio e o término do áudio.
Jeff vasculhou todo seu computador, perguntou para todos de casa e ninguém sabia nada sobre o áudio, poderia simplesmente apagar, poderia, mas algo impedia que ele fizesse isso e a cada vez que tentava a tela voltava para a Área de Trabalho, sem explicação.
Jeff tornou-se um garoto assustado, pediu e seu pai mandou formatar o seu desktop.
Depois de 3 dias em manutenção com o técnico, trouxeram de volta o computador.
Com muita expectativa ele ligou o computador, lentamente foi abrindo todos os ícones da Área de trabalho e deixou por último o “Meus Documentos”, mas a primeira visão que ele teve da tela lhe causou um calafrio e uma desordem terrível em seu raciocínio que somente 10 minutos depois é que conseguiu ordenar um mínimo de seqüência em seus atos.
Jeff estava pálido, olhos com expressão grave, como se estivesse diante de si uma bomba relógio, arrastou o cursor furtivamente até o canto direito do monitor e o colocou em cima da data/hora, para se certificar de quantos dias faltavam para o dia 13 de agosto daquele ano... 17 dias...
Largou o mouse como se largasse algo proibitivo. Em seus pensamentos Jeff agia como se ao mandar o PC para formatar ele estivesse livre daquela data e o que ela significava, mas sabia que não era só aquilo, no íntimo esperava algo mais aterrorizante.
Dividir com alguém o infortúnio? Não,... Poderia ser bobagem... Mas e aquela voz?
Tornou-se um contumaz navegador diurno da net, mudando totalmente seu horário que antes consumia a madrugada.
Muitas coisas passavam pela imaginação do menino, inclusive se a data não fosse daquele ano?...
No espaço de uma semana a agitação o tornou mais arredio ainda, tinha medo de sair de casa, raramente usava o fone de ouvido e quando usava colocava um som alto para ter certeza de que não abriria o sinistro arquivo.
Por algumas vezes foi ao campanário da igreja, que ficava a uns 30 metros de altura, como sempre fazia com outros garotos, não se tratava de travessura, mas era um lugar que as pessoas usavam para observar a cidade à entrada era permitida. Por varias horas olhou lá de cima e sinceramente tinha vontade de voar para longe par esquecer tudo aquilo e ser esquecido por aquilo, o que quer que fosse.
Algo assustadoramente terrível nascia na mente de Jeff...
Faltavam 10 dias para o fatídico dia, Jeff estava sentado em frente a seu PC, acabava de abrir a tela e por duas vezes viu nitidamente os números da data/hora correrem como se fosse um velocímetro digital, e depois voltarem à hora atual, como se manipulado por algo incontrolável...
Assustado, levantou, foi ao banheiro, olhou-se no espelho, passou água no rosto por 3 vezes, bebeu um pouco, esticou a cabeça para fora do banheiro e divisou o computador que ao lado da penumbra da janela, como um demônio a lhe esperar.
Deu dois passos para fora do banheiro, e apesar da luz do dia, ligou o interruptor para ter mais claridade, e lentamente foi posicionando-se novamente na frente do PC.
A tela parecia normal, e por algum tipo de problema o MSN dele não entrou e o seu Orkut inexplicavelmente não aceitava os dados digitados por ele, um calor estonteante lhe tocou o rosto, os olhos esbugalhados faziam as mãos nervosas dançarem o cursor de um lado para outro, clicando em todos os ícones descontroladamente num flagrante desespero.
Um zunido forte em sua cabeça trouxe a sua visão sintomas de enxaqueca, na verdade perturbações visuais em forma de estrelinhas, a boca secou e amorteceu nas extremidades, assim como a ponta dos dedos, já havia tido enxaqueca anteriormente, mas era desesperador imaginar que algo existia ali tão próximo e o pior de tudo querendo a sua extinção.
Largou o mouse, baixou a cabeça e assim ficou por 15 minutos, a visão foi tornando-se limpa, mas a perturbação mental tornava difícil de controlar.
Pegou o telefone, agarrou um cartão com o numero do técnico que fez a formatação do seu PC, e ligou.
Especulou sobre a tal limpeza e falou sobre o arquivo misterioso...
Esmiuçou cada detalhe do arquivo, certificando-se de que nada havia sido esquecido, aguardando impaciente a resposta do técnico...
___Não Jeff, não havia nenhum arquivo deste tipo...
___Mas como? Ele está aqui...
___Você tem certeza?
Um ar gelado correu a espinha de Jeff, que olhou fixamente a tela do seu PC, era como se ele tivesse vida e já tivesse naquele arquivo, desenhado o seu destino.Desligou o telefone
A mente de Jeff não mais vivia em função daquele arquivo, muito pelo contrário o evitava em todos os momentos, achava terrível ligar-se àquilo, não comentava com ninguém, soturno desligou-se do mundo, aguardando o seu futuro.
Na madrugada de 13 de agosto daquele ano, um terrível grito no quarto de Jeff, fez adentrar ao quarto, o pai, a mãe e a irmã de Jeff...
Com uma corda envolta no pescoço a 1 metro de altura o corpo de Jeff jazia sem vida.
Na tela do seu PC, com o arquivo “Meus Documentos”, aberto, o misterioso ícone com inscrições incompreensíveis e áudio ameaçador, não mais despontava...
A sua irmã sentou em frente ao PC, clicou em iniciar, e antes de desligar não observou dentro da lixeira o arquivo do outro mundo, pronto pra ser excluído.
Aliás, já fez uma varredura no seu PC hoje??????