O ANALISTA DO DIABO

George era um homem voluntarioso em sua profissão, chamava seus pacientes de “gente estranha” somente, deixava de lado termos técnicos e nunca pejorativamente nominou um deles, por mais absurdo que julgasse os caminhos que eles trilhassem.

Por compaixão já esteve em Andrômeda com um deles, jogou bola de gude, foi a mais terrível fera e o mais singular dos insetos, George sabia que a mente de um psicopata é um vertiginoso passeio no imponderável, no inconcebível, e muitas vezes no fatídico irremediável.

A segunda quinzena daquela primavera jorrava flores magistrais aos pés do Vesúvio, num estonteante banho de beleza e sorrisos que margeavam almas agradecidas ao grande Deus.

Dos 37 pacientes que George tinha a seus cuidados no manicômio judiciário italiano, 35 estavam de partida para uma viagem ao litoral mediterrâneo, acompanhados de equipe médica.

George desenvolvia um estudo sobre a mente doentia de um psicopata, suas visões do mundo, e a relação destes com outros também psicopatas, sabia George que existia uma interdependência, e estava aprofundando-se neste estudo.

A ala que estava reservada para os doentes mentais do manicômio, realmente era um lugar para especialistas, nesta ocasião em que ficaram apenas dois pacientes nem outros funcionários mais antigos não entravam lá sem a permissão e o acompanhamento de um médico.

Nesta viagem especialmente George preferiu o desenvolvimento de seu estudo, por isso a escolha de dois pacientes e isso era tudo.

Para melhor observá-los, George separou-os em dois quartos, de modo que teria um tempo com cada um.

Para o paciente numero1 a pasta com um questionário, para o paciente numero 2 a pasta também com seu questionário pertinente.

As 8 horas da manhã, o ônibus deixou o manicômio com 35 pacientes, e dali em diante apenas dois ficaram por exatamente 4 horas antes que George começasse seu trabalho.

Ao meio dia George estacionou sua Mercedes ao lado do manicômio embaixo de umas árvores, passaria por algumas alas até chegar ao reduto dos dois doentes, que fica afastado uns 100 metros dos outros prédios.

A frente deste em separado tinha um enorme portão, que se avistava na parte de dentro um longo corredor, uma pequena escada em caracol e os dois quartos na parte de cima, de longe poderia se ver o deslocamento de alguém naquele interior.

George tocou a chave no portão eram 12 horas e 18 minutos, na sua mente já esta definido qual deles seria o primeiro a ser colocado no divã, instantes depois já havia percorrido um corredor, passado diante do quarto do primeiro doente e girava a maçaneta daquele que seria o motivo de seu primeiro parágrafo nos estudos naquele dia.

1 metro e 60, escandinavo, pequenos olhos azuis esbugalhados e nervosamente ariscos, mãos cruzadas sobre o abdômen como um cadáver, vez ou outra olhava o médico de lado descia e subia o olhar medindo em toda a altura o profissional, um grunhido nervosamente encharcado de saliva saía da boca do homem sem que se pudesse em nenhuma oportunidade George definir que tipo de humor sugeria a confusa massa cinzenta do homem doente.

___Nome? Em tom amigável perguntou o médico.

Ele passou umas 3 vezes a mão no queixo, lançou um olhar que denotou esquecimento absoluto e disse:

___Pergunte pra eles... E apontou o céu.

___E eles estão aqui? Perguntou o médico.

___kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, sim, eles vieram almoçar comigo.

Andando de costas o homem, aproximava-se da porta, e volta e meia passava as costas da manga da camisa na boca como uma fera esfomeada.

___Tentando uma aproximação o médico buscou no racional o que sabia ser difícil conseguir, e perguntou.

___ E o que tinha no almoço de vocês?

___Carne doutor, carne...

Com os olhos vermelhos, numa mistura de ódio irracional e demência latente, o homem girou o corpo, tirou debaixo de umas roupas uma foice e como um cachorro louco avançou sobre George...

___É doutorrrrrrrrrr... Tava uma delicia a carne, sabe de onde veio?

___ A foice girou como uma pá de hélice na mão do psicopata, retalhando o tórax de George, que gritava em seu grito surdo e desesperado.

Por volta das 15 horas, um loirinho desceu as escadas do manicômio e lentamente chegou até o portão, e rindo muito se pôs a enfeitá-lo.

Uma cabeça, uma pasta, uma cabeça, uma pasta, esta era a ordem do enfeite pendurado no portão.

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk riu ele enlouquecido.

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 26/10/2010
Reeditado em 26/10/2010
Código do texto: T2580290
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