O cão

Quando eu era bem jovem, morava em um bairro bem longe do centro, quase na zona rural.

Para chegar em casa eu tinha de percorrer uma trilha pelo meio de um mato, por uns quinze minutos após descer do onibus e deixar a estrada de terra.

Sempre fiz esse percurso, fosse durante o dia ou à noite, nunca tive medo.

Mas certa noite, após uma festa com alguns amigos, aliás uma noite bem chuvosa e escura, algo muito estranho ocorreu e que me deixou com certo medo.

Como de costume desci do ônibus no mesmo ponto de sempre.

A noite estava bem escura em função da chuvas.

Me despedi do motorista e de alguns amigos que seguiram dentro do ônibus pois desceriam em outro ponto.

A chuva havia parado mas as plantas estavam bem molhadas e também a trilha de terra batida.

Pois bem, me adentrei pela trilha afora, tentando não me molhar muito.

Após ter caminhado por alguns minutos, apareceu na minha frente um grande cão policial.

Levei um susto com a aparição, mas me senti aliviado quando percebi, apesar da escuridão, que seus olhos brilhavam de forma amigável e seu rabo se abanava.

Ele me olhou e seguiu na minha frente, olhando para trás às vezes.

Mas, dado alguns passos, ele se virou e veio ao meu encontro, como se eu fosse seu dono, e começou a fazer festa, pulando e correndo ao meu redor. Quase me derrubou devido ao seu tamanho.

Depois disso continuou a andar na minha frente.

Quando eu já estava saindo da trilha, ele me olhou novamente e se embrenhou pelo mato adentro.

Caminhei mais alguns passos sentindo a terra fofa, molhada pela chuva e imaginei como minha roupa estaria suja de terra pelas patas do cão.

Como eu estava muito exausto, entrei, retirei minha roupa e deixei em um canto do quarto. Me deitei e apaguei.

Ao acordar, notei que minhas roupas não estavam mais onde eu havia deixado, com certeza minha mãe as havia pego para lavar ao notar o estado em que estavam.

Ao sair do meu quarto me deparo com ela e já fui me desculpando pelo estado de sujeira em que estavam minhas roupas e para minha surpresa ela me disse que não havia colocado para lavar, mas que as tinha guardado, pois ainda estavam perfeitamente limpas.

Fiquei de boca aberta sem saber o que falar.

Minha mãe me questionou sobre minha atitude e eu não soube o que falar.

Até hoje não sei se realmente vivi aquela situação ou se foi fruto de minha imaginação.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 20/10/2010
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