O Gato
Na história, a intriga é maldita, ela nasce e muitas vezes, acaba com amores e amizades fortes. Conta-se que o satanás amaldiçoou alguns gatos, demônios perversos e preguiçosos se apoderaram do corpo de alguns desses animais, um em especial, Bolinha que era como seu inocente dono o chamava, mas na verdade o bichano era o chefe desses demônios na terra. A criatura maldita desde pequeno sempre parecia querer fazer o mal, arranhava a mulher do seu “Zé Dona”, e ela nunca gostou do animal, ao contrario do seu Zé que amava o gato. O demônio maldito se aproveitava para ficar roçando nas pernas do seu dono, mal sabia o pobre homem que aquilo era a magia demoníaca fazendo com que ele caísse mais e mais no feitiço e se apaixonasse ainda mais pelo gato, a ponto de gostar mais do animal do que da mulher.
Seu Zé Dona era caixeiro viajante, vivia no oco do mundo, andava por todos os cantos do estado, visitando lugares que nem se quer estavam no mapa, lugares quase desconhecidos do povo. Aproveitando-se das viagens do dono, Bolinha o gato demônio, aproveitava para fazer mais e mais intriga. A mulher de seu Zé, dona Teresa, colocava comida para o gato, mas o animal não comia, nem no almoço e nem no jantar, não comia nunca, ficava magro, esquelético, quando seu Zé saía o animal estava gordo, bonito só que depois o gato por não comer, emagrecia muito. Seu Zé voltava e o gato magro, ele esculachava com a mulher. Brigavam muito por causa do gato e para piorar, quando o seu Zé Dona colocava comida para o gato, o animal comia como se estivesse faminto.
Isso aconteceu umas cinco vezes, o demônio do gato bolava de rir com a intriga do casal, enfeitiçava o seu Zé Dona mais e mais, não conseguia enfeitiçar dona Teresa, pois a mulher era muito religiosa, vivia com o rosário na mão, o debulhava pelo menos três vezes ao dia, por isso ela era imune as tentações do gato.
Certa vez, o seu Zé Dona marcou uma viagem para os Baixios, lugar muito longe da sua casa, passaria pelo menos uma semana fora de casa. Nesse dia, ao sair de casa com o gato roçando em suas pernas ele prometeu a mulher:
- Olhe Teresa, quando eu voltar, se o gato estiver magro, num tiver gordo do jeito que ele está, juro pra você que não vou mais ter raiva, juro pra você que se eu chegar com esse gato feio, magro, eu mato um.
Era tudo que o demônio queria ouvir. A intriga maior era o que ele queria, a possibilidade de assassinato era um desejo e tanto para o seu currículo. Não comeria nada pelo máximo de tempo que agüentasse e assim fez. Dona Teresa já estava preocupada, o marido não estava brincando, ela rezou, rezou como nunca e foi atendida.
Seu Zé Dona chegou da região dos Baixios tarde da noite, já não tinha nenhuma pousada ou hotel com vagas. Seu Zé antes de ir para casa ele resolveu dormir em cima de uma algaroba, lá pelas tantas da noite, seu Zé escuta um barulho no pé da planta, quando ele olha vê em baixo da arvore o fogo fátuo brilhando, todo rodeado por gatos, parecia uma festa, de repente chega ao local o seu próprio gato, bolinha chega como se fosse o chefe. De cima da arvore ele ouviu os gatos conversando:
- Ei rapaz, como é que ta o se plano?- perguntou um gato pardo.
- Agora o homem mata aquela desgraçada, prometeu que se quando ele voltasse, eu estivesse magro, ele a mataria, já estou há uma semana sem comer.
Seu Zé ficou escutando sem acreditar, “A Gato filho da puta.” Pensou.
No outro dia seu Zé chegou a casa, com a cara amarrada, dona Teresa já o esperava assustada.
- Cadê o gato mulher, comeu? – perguntou
- Zé esse gato não come.
- Pois, como eu prometi, vou matar um.
O demônio ficou feliz, era chegada a hora do seu feitiço valer a pena, ele viu quando seu Zé pegou um machado e apontando pra mulher dizer:
- Corre.
A mulher saiu em disparada, o gato não perderia aquilo por nada, mas quando o gato menos esperava, seu Zé deu-lhe uma senhora bordoada na cabeça, matando o animal instantaneamente. Nesse momento, um estrondo encheu a sala e um cheiro de enxofre assolou a casa.