Criaturas Bestiais no Mundo dos Sonhos

Sonho com uns monstrinhos que se parecem com coelhos misturados com guaxinins ou suricates. Eles têm olhos vermelhos vermelhos vermelhos ou amarelos amarelos amarelos e um cheiro horrível! Tem o olhar hipnótico e são perversos; tão perversos que deixariam Hitler com fama de Mickey Mouse se de fato existissem. Mas estão apenas nos meus sonhos, todos os dias. Mas hoje foi diferente. Normalmente eu acordo suado, assustado, com a garganta seca e tudo volta ao normal. Mas hoje acordei suando SANGUE. Acordei me sentindo grudento, pegajoso, quente em excesso, suando em profusão. Suando SANGUE em profusão. Levantei normal, pra ir no banheiro. Era um suor diferente. Até então não sabia que era SANGUE que saía pelos meus poros. Fui até o banheiro e me deparei com o espelho: eu não tinha nariz e nem cabelos; nem pálpebras e nem mamilos. Estava em CARNE VIVA, os dentes à mostra por conta dos meus lábios ausentes. E o sangue que escorria de forma abundante foi fazendo uma poça que foi se erguendo como um pequeno gêiser. De sangue. O gêiser foi tomando forma. Foram aparecendo órgãos dentro da silhueta de roedor que o gêiser formava. O sangue foi deixando de ser vermelho, uma fumaça malcheirosa subia e impregnava o ar me dando um asco sem tamanho. A metamorfose acaba e o resultado final é aquele coelho-guaxinim-suricate, com um olho vermelho e o outro amarelo. Logo ele se põe a roer meus dedos dos pés. Dói. Uma dor que faz com que o batimento cardíaco congele na diástole por alguns segundos antes que a sístole me e se recomponha para uma nova onda de dor inacreditável e lancinante e uma nova parada na diástole. Abro o armário e procuro algo para me defender. Prestobarbas? Pentes? Acho um vidro de acetona e derrubo nos olhos do maldito roedor e ele grita. Gritos tão terrificantes quanto o barulho que os gatos fazem à noite nos telhados. Se eu ainda tivesse pêlos ou controle no esfíncter, eles teriam se arrepiado e o esfíncter teria se contraído de uma forma que não passaria nem a mais fina das agulhas. O roedor vai derretendo e escoando ralo adentro. O cheiro maldito desaparece. Minha pele vai se regenerando rapidamente. Me olho no espelho. Sou eu novamente. Meus olhos castanhos, meu cabelo cacheado, minhas espinhas, meu nariz de batata, meu lábio furado, minha pinta entre as clavículas, minha tatuagem, meu pinto, minhas pernas. Bebo um pouco de água e volto pra cama. Não passou de um pesadelo. Acendo a luz do quarto. O sangue escorrendo do colchão para o chão. O MEU sangue. Desmaio e meu último pensamento é uma centena de faróis vermelhos e amarelos e lanças pontiagudas brilhando pra mim. Depois, só dor.

Calabrese - Blood in My Eyes

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 10/10/2010
Reeditado em 10/10/2010
Código do texto: T2547904
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